DELICATE ☆ Hinny

Quando Vai Ser O Dia?

Pois é, o jantar não tinha sido nada legal. Gui tentou estabelecer uma conversa amigável com os irmãos mais novos, mas esses simplesmente preferiram ficar calados ou apenas utilizar respostas monossilábicas. Quando deu a hora de voltar pra casa, eu acompanhei eles para o Chalé, assim como Hermione, e quando fomos aparatar, depois de nos despedirmos de Gui e Fleur, eu e Gina fomos para A Toca e Rony e Hermione passariam primeiro na casa dela.

- Então... - comecei, andando lentamente pela estradinha. Gina parecia não se incomodar com minha lerdeza, já que a mesma parecia querer adiar o máximo a sua chegada. - Você já tá mais calma?

- Você não pode perguntar uma coisa dessa para uma garota, sabia? - questionou com um sorriso de lado.

- Você não é qualquer garota - respondi sem hesitar. - Eu não quero saber que você foi para Hogwarts brigada com seus pais.

- Não sei o que você tem a ver com isso - murmurou secamente, mudando completamente a postura e feições.

- Gina, para de falar assim. Eu tô tentando te ajudar se não tá notando. - Suspirei frustrado, ela ainda estava irritada e quando ficava assim seu modo defensivo e evasivo era ligado e dificilmente poderia ser desligado.

- Foi mal - sussurrou. - Mas é que me irrita o fato deles - apontou para casa com um jeito que já comprovava que estava de fato irritada - simplesmente não terem se importado o suficiente para ficar um tempo comigo no feriado. Eles simplesmente foram para a Irlanda. Mal insistiram que eu fosse com eles.

- Você iria se eles tivessem insistido mais?

- Claro que não - respondeu como se fosse óbvio. - Eles não parecem ser meus pais. Não aqueles que me criaram e simplesmente me levariam puxada pela orelha para viajar com eles, como já fizeram algumas vezes... E o pior é que quando voltam, nem falam direito comigo e já me deixam sozinha de novo.

Ela estava finalmente desabafando o que estava a incomodando durante toda a semana, então eu apenas fiquei calado, deixando com que liberasse tudo.

- Eu sei que é egoísta e eles tem um monte de coisas para resolver agora, mas é insuportável ser simplesmente ignorada. Eles chegaram hoje, ficaram comigo por dez minutos e amanhã de manhã já tenho que voltar para o colégio. Sabe o que é pior, do que o pior?

- Não - respondi e a olhei esperando que falasse.

- Que simplesmente eu não posso conversar nada com eles, mesmo que meu futuro dependa disso,  só porque eles tem muitas coisas pra se preocupar, passaram por muito em um ano e minha mãe não pode se estressar e aparentemente eu sou a maior fonte de estresse dela.

- Quem falou isso? - perguntei calmamente.

- Ninguém confia em mim quando se trata dessas coisas, sempre ficam me pedindo pra ficar calma, como se eu fosse uma bomba prestes a explodir - disse frustrada, ficou em silêncio e então riu de leve. - Sabe o que é engraçado?

Inclinei minha cabeça de leve e continuei a olhando.

- É que eu acho que nem eu confio em mim mesma nesse quesito. Eu tenho pesadelos constantes e muito vívidos sobre surtar de novo e de fato atacar todo mundo.

- Isso não é engraçado - murmurei sério.

- É melhor rir do que chorar, Harry - argumentou ainda sorrindo.

- Mas não faz sentido ignorar a vontade de chorar e mascarar isso com uma risada. Se a vontade é chorar, chore, se a vontade é rir, ria. Não troque os dois.

Em uma das minhas noites de insônia eu acabei percebendo algo muito estranho em mim. Eu jurava que eu não gostava da Cho pelo simples argumento dela chorar demais e eu ter vontade de fugir quando fazia isso, inclusive, foi por causa dela que acabei pegando trauma de garotas chorando. Porém, quando se tratava da Gina era diferente, quando ela chorava ou fazia menção de chorar eu pensava em tudo, menos em fugir. Eu queria abraçá-la e protegê-la, secar suas lágrimas e fazê-la rir depois do choro.