A Resposta: Vício

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- GINA! - gritei na porta. Estava me sentindo ridículo, mas eu merecia.

Andei até o quintal, onde poderia ter visão da janela do quarto dela. Eu não poderia usar Alohomora, já que A Toca tinha virado uma das casas mais protegidas do século.

- GINA! - gritei novamente. - GINA, POR FAVOR! - Peguei umas pedrinhas no jardim e tentei acertar na janela, mas era difícil, seu quarto era no terceiro andar. - GINA! POR FAVOR!

Fiquei assustado com a possibilidade de estar realmente passando mal. Talvez apenas esteja me ignorando, mas talvez esteja passando mal. Antes de eu fazer alguma besteira como pegar uma vassoura e voar até sua janela, a porta do fundo se abriu e ela apareceu, me encarando. Parei estático, os seus olhos estavam vermelhos e tinham marcas de lágrimas em suas bochechas coradas.

- O que você quer? - perguntou sem emoção nenhuma na voz.

- Quero falar com você - respondi receoso.

- Já falou, pode ir agora - falou apontando para o caminho que levava a entrada.

- Gina, por favor - dei um passo em sua direção e vi sua mão indo direto para a maçaneta da porta. - Não, por favor - ergui as mãos tentando pará-la de fechar a porta na minha cara. - Me desculpa. Me desculpa, por favor - juntei as mãos suplicante.

- Me responde uma coisa.

- Qualquer coisa - disse exasperado.

- Por que você tá pedindo desculpas? - questionou com um olhar sério.

- Hm? - Franzi as sobrancelhas confuso.

- Por que você tá implorando por desculpas? O que você fez pra pedir desculpas?

Ainda estava muito confuso com essa pergunta, não fazia sentido, mas respondi:

- Porque você não deveria ter me visto daquele jeito - respondi hesitante.

Ela assentiu com a cabeça devagar, respirando fundo, como se absorvesse a resposta.

- O seu erro foi ser pego? - perguntou cruzando os braços.

- Hm... Você entendeu o que eu quis dizer - murmurei nervoso.

- Ah, entendi sim. Se você pudesse ter feito uma coisa diferente, seria não ser pego. Ter escondido melhor seu segredinho.

- Não é isso - neguei nervoso.

Ela me olhou sem acreditar na resposta.

- Eu não queria que você me visse como um fraco. Como um ridículo. Em uma posição tão humilhante.

- Você se colocou nessa situação quando não pediu ajuda - rebateu.

- Er... Eu... - gaguejei sem saber o que responder.

Suspirou frustrada e deu espaço na porta, apontando pra dentro e falando:

- Entra.

A olhei esperançoso e quase sorri quando passei por ela, entrando na Toca.

- Obrigado. Muito obrigado - agradeci e esperei ao seu lado, pra saber onde iríamos conversar.

Ela fechou a porta e se dirigiu para as escadas, subindo para o seu quarto, eu a segui de perto. Quando entrou, deixando a porta aberta, sentou na cama de pernas cruzadas e eu sentei na cadeira de frente para ela. Não conseguia encará-la, seus olhos estavam vermelhos e isso me fazia mal, porque eu sabia que era minha culpa. Fiquei olhando para minhas mãos nervoso. Eu tinha criado um roteiro mental inteiro para saber o que iria falar, mas eu não conseguia me lembrar mais. Fiquei muito tempo calado.

DELICATE ☆ HinnyOnde histórias criam vida. Descubra agora