Efeito Azkaban

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Seis horas do lado de fora. Na verdade, dezoito horas. Onde ficávamos era coberto, porém o vento frio ainda batia forte em nós, mas eu não ligava muito para isso já que isso me ajudava a ficar desperto. Bem, conseguia ficar acordado, mas o frio também me lembrava dos dementadores. Na segunda noite tive outro pesadelo e tudo piorou no terceiro, quando tivemos que ficar de guarda nos corredores dos prisioneiros.

O setor B era mais tranquilo. Eram detentos de menor grau de periculosidade. As celas eram de grades e tínhamos total visão da parte de dentro. O grande problema foi quando tivemos que ficar no setor A, onde estavam todos os comensais e presos de guerra. Malfoy, Umbridge, os irmãos Carrows, Crabbe pai, Goyle pai e muitos outros. As grades dessas celas eram mais reforçadas, de camada dupla e mais grossas. Fiquei aliviado quando somente precisei ficar na ponta do corredor, onde não precisaria ver a cara dessas pessoas horríveis.

Ao longo da primeira semana um sentimento de claustrofobia começava a tomar conta de mim. Era simplesmente agoniante ter que ficar preso em uma ilha. Não dava pra ver terra em nenhuma direção que olhasse. Eu nem conseguia mais olhar para o mar, porque ele tinha começado a me lembrar horrivelmente o lago de Inferis na caverna que eu e Dumbledore fomos resgatar a Horcrux no final do meu sexto ano.

Meus pesadelos ficaram mais constantes, não conseguia dormir direito. Eu não era o único que estava com esses problemas, Rony também tinha começado a ter pesadelos, não toda noite, mas ele me assustou algumas vezes, quando acabou se levantando muito rápido ou falado no meio do sono. Até mesmo August estava parecendo doente, na verdade todos pareciam um pouco doentes, mas ele estava mais. O diretor Windsor chama isso de Efeito Azkaban, o que é comum entre os novatos, isso acontece até se acostumarem com tudo.

Na segunda semana estava me sentindo um morto-vivo, cansado fisicamente e mentalmente. Pesadelo todo dia. Quando ficava de guarda do lado de fora o silêncio era perigoso, meus pensamentos ficavam descontrolados e fazia os pensamentos intrusivos me invadirem, como: Se você pular daqui de cima, isso tudo vai parar. Eu respirava fundo e controlava esses impulsos todas as vezes, tentando me distrair com o pouco de cor que restava mim. Quando ficava nos corredores o barulho dos gritos e murmúrios, eram suficiente para gerar pesadelos e ansiedade, já que eles podiam gritar, eu não.

O primeiro mês passou, mas eu senti como se tivesse sido um ano inteiro. Nem tinha mais esperanças que o final dele chegasse até ver um dos guardas colocar uma caixa em cima da mesa, falando:

- Correspondências - para depois se retirar.

Rony foi o primeiro a praticamente se jogar da cama de cima e quase cair no chão, para correr e procurar pela sua. Fui atrás, meu corpo doía, não por estar doente ou algo do tipo, mas por meu único momento de extravasar minha frustação ser os treinos e eu estar aumentando exponencialmente os pesos e exercícios, para ver se me fazia melhorar, mesmo que minimamente.

Me direcionei para a caixa e foi a coisa mas fácil achar a de Gina, pelo fato dela só usar envelopes coloridos, dessa vez era um amarelo canário. Só recebi dela, o que não me surpreendeu. Me sentei na minha cama e abri o envelope com cuidado, abrindo a carta, tinha mais coisa dentro mais por enquanto eu queria a carta.

"Olá, meu anjinho, lindinho, gatinho, estrelinha, florzinha, pontinhas e outros 24 apelidos que valem por todos os trinta dias que a gente não se vê.

Só foi ler isso que um sorriso apareceu em meu rosto, o que tinha sido raro nesse último mês.

Eu tô com muita saudade de você, muita mesmo. Eu sonhei que a gente se casava, não fique me zoando, mas eu estava magnífica no meu vestido de noiva, você também estava tão lindo no seu terno. Acho que quando você voltar vou te pedir em casamento. Já me decidi.

DELICATE ☆ HinnyOnde histórias criam vida. Descubra agora