cap. 35

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Depois do meu discurso corajoso, o pai de Chaeryeong praticamente arrastou-a para fora da minha casa. Para minha infelicidade nesse momento, estávamos eu e meu pai na sala de jantar gigante e escura, minha mãe parecia observar de longe.

Como sempre.

Sua mão estava no queixo e ele me analisava como se procurasse palavras para destruir com qualquer autoestima que eu criei ao me arriscar.

— O que foi isso? — Perguntou ele.

Trinquei meus dentes em claro sinal de nervosismo. Mantive minha cabeça. levantada até aquela pergunta aparecer, quando pensei em abaixar e apenas pedir desculpas por ser atrevida, lembrei de Ryujin.

Existia alguém do outro lado na cidade nesse momento que acreditava em mim.

— Pai, eu fui sincera! Eu sinto muito, mas é a verdade.

O jeito que ele estava coçando o queixo me deixava agoniada. Era nisso que eu estava focando em vez de olhar para seus olhos e sair correndo dali, eu não era tão corajosa assim.

O que era até engraçado, pois todo mundo no Instituto me via como a "Destemida".

— Me humilhando na frente do meu sócio? — Perguntou meu pai, enraivecido. — Se você pensa que vai conseguir entrar na Harvard ou em qualquer Universidade sem meu apoio, você está enganada. Eles não dariam bolsa para uma garota como você Yeji, você é uma Hwang.

Isso doeu muito, confesso. Não consegui manter meu olhar fixo e acabei baixando a cabeça, como sempre fazia. Eu conhecia meu pai o suficiente para saber que aquilo era uma ameaça pelo meu "mau comportamento".

— Eu sempre me esforcei para entrar em Harvard, pai. O senhor sabe mais
que ninguém que isso sempre foi meu sonho, eu jamais quis ir para outra Universidade. Eu realmente não posso deixar você ditar o meu...

Uma risada sarcástica soou no ar me interrompendo. Não era divertida, e sim aquela risada que faz todos os pelos do seu corpo arrepiarem, era a risada do meu pai, de como ele me achava inútil. As vezes eu escutava essa risada quando ele discutia com os seus sócios, mas nesse momento, era para mim.

— O seu futuro? — Completou minha frase, ele. A sua voz que estava rude, agora estava suave, antipaticamente. — Apenas vá para o seu quarto, está de castigo. De casa para o Colégio, não quero mais ouvir sua voz.

Entreabri minha boca. Eu nunca tinha ficado de castigo, aquilo era ridículo, principalmente pelo fato de eu não ter feito nada de errado e eu não posso ficar presa em um quarto justo em uma semana antes para rodada final até a votação dos alunos. Fora que prometi a Ryujin que a buscaria amanhã.

— Eu estou na reta final pai, eu tenho muita coisa para fazer no Instituto. Eu não posso ficar de castigo!

Aquela coragem veio de algum lugar escondida do meu corpo novamente. Eu estava desafiando um castigo, eu devo estar doida.

— Yeji! Suba agora! — Disse minha mãe, áspera. Ela estava esse tempo inteiro sem dizer uma palavra, apenas observando de longe e resolveu se meter, mas claro, nunca para me defender.

O meu pai direcionou todo seu olhar de ódio para minha mãe, levantou-se da cadeira, chegou mais perto dela e disse calmamente:

— Eu não sei o que está acontecendo para essa garota estar desse jeito. Mas certamente é culpa sua e de más companhias no Instituto. Faça o seu trabalho e verifique isso!

O rosto da minha mãe desmontou. Eu nunca entendia o porque dela se deixar ser tratada desse jeito, mas eu nunca entendi muitas coisas em relação a essa "família". Aquela maneira que ele a tratava era tão normal que ela parecia não se atingir com isso, eu juro, procurei alguma reação, mínima que fosse, mas não existia em seu rosto.

We are Slow Burn (RYEJI)Onde histórias criam vida. Descubra agora