cap. 10

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Frustração.

Talvez essa seja a melhor palavra pra começar a contar essa história. Logo aviso que esse capítulo terá grandes doses de drama e coisas dando errado sem parar. Afinal, é o meu ponto de vista, não é?

Desde criança, nada nunca deu certo. Não seria diferente agora. Eu costumo falar que depois da morte da minha mãe suicida, eu fiquei estranha, mas na verdade; eu fiquei mais estranha. Eu já era o tipo de pessoa que toda criança queria longe bem antes das coisas começarem a ficar bem doidas de verdade.

Lembro uma vez um pouco antes da morte da minha mãe quando resolvi tentar me aproximar de uma garota nova na sala de aula, como não conseguia falar direito, tive uma ideia genial de derrubar o estojo dela de propósito pra poder pega-lo e pedir desculpas, afinal, na minha cabeça oca aquele era o melhor modo de fazer amizade, puxar assunto.

Dica: Quebre alguns stabilos de uma criança e depois peça desculpas, é impossível ela não querer ser sua amiga.

Por que estou voltando nesse ponto? Pra você entender, o porquê preciso, as vezes simplesmente desaparecer e quando uma garota ingrata, invade meu maldito espaço que ninguém nunca quis vir, isso me deixa transtornada. Eu nunca falaria daquele jeito com Yeji, entendam: nunca. Mas parecia surreal demais o fato dela estar sendo egocêntrica quando não era sobre ela.

Ao menos alguma vez pode ser sobre mim?

Eu não sei porque esperava que a Miss Hwang fosse dizer um "obrigada por ter feito o seu maldito trabalho" ou um simples "legal" ao ver minha arte que diga-se de passagem demorou e rompeu todo meu cérebro por dias, aquilo foi meu auge da maior criatividade em todos os meus anos de vida.

Yeji pra mim era como aquele gatinho, fofa e simpática, por dentro. Acho que o pessoal do Instituto precisava de algo não tão elitista, pelo menos uma vez. Não me perguntem como eu achava aquilo de alguém tão grossa, eu só simplesmente deixei meus traços me levarem até ali.

Por isso esperei que ao menos ela fosse educada uma vez na vida, sem me expulsar ou mostrar ter repulsa por mim, eu tentei ver um lado bom nela. Foi isso que ocasionou uma das minhas crises nesses dias que faltei as aulas, eu disse UMA DAS.

Eu sei leitor, você quer me mandar para terapia.

Acredite, eu também quero.

Quero, porque por incrível que pareça, a rejeição de Yeji comigo não era a pior coisa que poderia ter acontecido nos dias em que fiquei fora. Talvez seja a menos pior de todas, afinal, ela não é meu pai certo?

Pai...

Faz um tempo que eu não sei o que é isso, e depois de descobrir que ele passava noites fora de casa sem me dar notícias porque estava namorando com uma moça do escritório parece que tudo caiu na minha cabeça de vez.

Ele havia seguido em frente, esqueceu a esposa suicida e a filha desprovida de saúde mental em casa.

Como eu descobri?

Uma foto dos dois juntos havia caído da carteira dele quando estava se arrumando para sair de casa mais uma vez. Ele me ignorou, quer dizer, eu merecia saber de algo? Para ele acho que não, o fato do meu pai estar transando com uma loira gostosa que provavelmente deve estar apaixonado me atormentou ao longo desses dias.

Atormentou porque seria impossível disputar com outra pessoa. Eu não poderia disputar atenção dele, ela havia ganhado e minha família estava fadada ao fracasso, ele sabia que eu tinha visto a porra da foto e foi embora. Apenas me lançou um olhar surpreso e faz exatos 5 dias que não o vejo, ele apenas manda uma mensagem avisando que precisa passar mais um dia e perguntando se usei nosso cartão de alimentação para comida.

We are Slow Burn (RYEJI)Onde histórias criam vida. Descubra agora