cap. 36

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Ficar de castigo nunca havia sido tão chato. Primeiro porque essa era minha primeira vez em um, então eu não sabia exatamente o que fazer. Eu olhava para o teto, em seguida olhava para os meus livros, cantarolava uma música qualquer e voltava a fazer a mesma coisa.

Chaeryeong tentou me ligar, desliguei o celular. Pensei em mandar mensagem para Ryujin, mas não queria parecer grudenta depois da nossa quase briga mais cedo, então continuei com o celular desligado. Passei os olhos nas páginas que havia escrito para a introdução do debate, odiei, amassei e joguei no lixo. A noite simplesmente não passava, nunca havia me incomodado tanto em ficar no meu quarto, mas existe uma plena diferença entre estar porque você quer e estar porque você é obrigada.

Abri minha porta da varanda e sentei ali. Respirei um pouco o ar puro que ainda batia perto da minha casa e estreitei os olhos ao ver uma figura conhecida conversando com um dos homens de preto na porta. Ryujin estava com um moletom gigante e parecia tentar convencer os seguranças a deixá-la passar, comecei a rir de imediato. Louca.

Minha casa não era tão simples que ela poderia simplesmente jogar uma pedrinha na janela que eu a veria, aqueles caras dificultavam muito minha vida, acreditem. Liguei meu celular e tentei ligar para ela.

*Ligação On*

Ei! — Disse ela atendendo o celular de imediato. Podia ver um pouco do seu sorriso mesmo de longe. — Eu estou tentando te visitar, era para ser uma surpresa, mas... Tá meio difícil aqui, Ji.

Eu estou te vendo.

Observei quando o rosto de Ryujin, que antes estava inclinado para a rua virou, em direção a minha janela. O seu sorriso grande voltou ao rosto e ela deu um aceno empolgado.

Eu não gosto muito disso de namorar a distância, será que posso entrar? — Perguntou ela. Não conseguia ver sua cara de pidona de onde eu estava, mas eu tenho certeza que o bico fofo estava em seus lábios enquanto ela pedia aquilo.

— Eu gostaria, mas estou de castigo e de pijamas. Não faço ideia de como te colocar pra dentro.

Talvez um trabalho? Adoraria te ver de pijamas. — Disse ela dando uma ideia que, para mim, era ruim. — Reta final de Debates, posso te ajudar em alguma coisa, sim?

Aquilo não era exatamente uma ideia ruim, pensando por um lado, eu realmente precisava de uma ajudinha.

— Uhm, eu estou indo até aí.

Escutei o seu vibrar antes de desligar o celular e descer as escadas.

*Ligação Off*

Já era tarde. Meu pai deveria ainda estar no seu escritório e minha mãe provavelmente tinha ido deitar, a casa estava vazia. Escutei apenas alguns barulhos na cozinha, deveria ser Marie arrumando as coisas antes de ir.

— Mãe? — Chamei-a tentando obter alguma resposta. Nada. Barra limpa.

Me sentia meio fora da lei fazendo aquilo. Levar uma menina escondida para o meu quarto, estaria em uma das coisas mais rebeldes que já fiz em todo meu tempo de vida. Abri a porta da sala devagar e vi Ryujin coçando a cabeça enquanto se mantinha inquieta. Impaciente.

— Ei, abram para ela. Por favor.

Eles pareciam pensativos enquanto ouviam meu pedido. Os dois se entreolharam, mas minha cara não estava lá muito boa, então entenderam o recado e Ryujin entrou.

— Sim, Srta. Hwang. — Disse um dos seguranças obediente, abrindo para que Ryujin passasse.

Ela deu um sorriso envergonhado para eles, antes de se juntar a mim do outro lado da porta.

We are Slow Burn (RYEJI)Onde histórias criam vida. Descubra agora