We are Slow Burn (RYEJI)

cap. 44

Ryujin demorou um pouco pra realmente entender o que estava acontecendo. Quando Yeji havia lhe falado que ela tinha renunciado, sua mente parecia ter dado um branco e só voltou quando se tocou que a pessoa mais importante da sua vida tinha desistido de tudo por ela.

Por medo de machucá-la.

Achou que deveria correr atrás de Yeji, dizer que nada poderia separá-las e que estava tudo bem, que tudo ia ficar bem, como sempre fazia. Mas estava com raiva, sentia tanto ódio que seu pulso se fechou quase pronto pra socar a parede.

Pensou em ser inconsequente, em ir atrás de Yeonjun e pedir que deixasse Yeji em paz e socá-lo com toda força que ele merecia. Pensou em agir como uma babaca que não era, mas não o fez.

Ryujin sentou-se no chão daquele corredor e colocou as mãos em seus cabelos, tentando pensar. Elas haviam deixado a porta aberta? Em algum momento durante a festa ela tinha demonstrado que Yeji era sua namorada?

A resposta que ela encontrou foi: várias vezes. Yeji estava tão ocupada cuidando do seu bem-estar aquele dia, que mal deve ter se tocado em um momento se Yeonjun ou Lia entrou na casa. Yeji tinha deixado seus planos para ver se seu medo idiota, sua ansiedade e fobia idiota, havia passado. Ela era a culpada daquilo.

— Nossa, até que enfim te achei! — Resmungou Yuna, aparecendo no corredor. — Yeji passou por mim voando, nem deu tempo de encher os saco dela e... Ryujin?

A loira se assustou quando percebeu o rosto molhado de sua amiga. Correu para frente da garota e a abraçou. Ryujin era alta, mas costumava ficar minúscula enquanto estava envolvida pelos seus braços longos.

— O que houve? Pode me falar, eu vou matar quem quer que seja. — Murmurou Yuna, baixinho. Ryujin não demonstrava nenhuma reação. As lágrimas que eram raivosas antes, agora eram tristes e desciam pelo seu rosto bonito.

Ryujin soltou-se do abraço de sua amiga, para olhar bem para o rosto da menina. Estava com vergonha de falar a verdade. Yeji tinha perdido tudo por sua culpa, de qualquer modo.

— Yeji renunciou.

Yuna arregalou os olhos espantada com aquilo. Sua mão foi direto para o seu coração, em sinal de susto.

— Jesus! Fim dos tempos! — Disse a loira, surpresa. — Depois de todo o sufoco que nós passamos? Eu mesma vou mata-lá, pode esperar bem aqui...

Ryujin respirou fundo. Claro que Yuna nunca pensaria que Yeji faria aquilo do nada, e obviamente a garota pensou em uma situação onde a Presidente enlouqueceria.

— Yu... Não. — Disse Ryujin. — Não foi decisão dela. Ela apenas veio e me disse que ou ela renunciava, ou ele contava tudo sobre a gente para os pais dela. Eu estou me sentindo tão culpada... — Ryujin encolheu os joelhos e os abraçou. Yuna ainda não tinha conseguido entender como aquilo poderia de alguma forma ser culpa dela.

— Ryujin, isso não é culpa sua. — Disse ela. — É culpa desse babaca! Só eu posso fazer Yeji sofrer, mais ninguém!

A loira jamais tinha pensado em sentir tanta raiva de alguém por causa de alguém que ela sentia raiva. Ela e Yeji não eram amigas e mal conseguiam manter uma conversa decente, sem se alfinetar, mas ela odiava injustiças. Ainda mais, se a injustiça envolvesse a sua melhor amiga.

Suas mãos tiraram os cabelos teimosos que se mantinham espalhados pelo rosto de Ryujin, delicadamente. A menina apenas abaixou a cabeça.

— Eu vou dar um jeito, ok? — Assegurou Yuna. — Na verdade, nós vamos dar um jeito. Eu prometo.

[...]

Do outro lado do Instituto, Yeji entrava na sala com os olhares dos alunos sobre si. Seus olhos estavam vermelhos e ela apenas tinha entrado para jogar suas coisas dentro da mochila e sair dali o mais rápido que pudesse.