O som da chegada me acorda, ainda meio sonolenta e desorientada. Levanto-me da cama e olho pela janela, avistando a escola. Pego minha mochila e saio do navio, com o cabelo bagunçado. Ao abrir a porta, encontro Kuchida com seu sorriso característico.
"Bom dia, Karuizawa", ela saúda.
"Bom dia", respondo, seguindo meu caminho. Mais à frente, cumprimento Sakura, uma colega mais quieta, que retribui o gesto. Ela sempre parece estar observando tudo ao redor, e suspeito que tenha uma queda por Ayanokoji.
Hirata passa por mim alguns metros à frente, e sinto a tensão em seus ombros. Nosso encontro é silencioso, mas cheio de significado. Ele sabe que não posso me atrasar para as aulas novamente.
Horikita se aproxima em seguida e faz um comentário sobre meu cabelo bagunçado. Seus modos diretos e sem rodeios não me surpreendem mais. Respondo com um aceno de cabeça, não querendo prolongar a conversa.
Ao sair do navio, deparo-me com Ayanokoji, como sempre impassível, e Horikita indo em sua direção. Uma sensação de curiosidade misturada com apreensão se agita dentro de mim. O que será que eles estão tramando agora?
Continuo meu caminho em direção à escola, tentando afastar os pensamentos intrusivos que ameaçam dominar minha mente. Hoje será mais um dia de desafios, mas estou determinada a enfrentá-los com a cabeça erguida.
Quando finalmente desperto, sinto-me tomada por uma sensação de opressão, como se as sombras do pesadelo ainda estivessem se contorcendo ao meu redor. Respiro fundo, tentando afastar os resquícios daquele encontro surreal com Ayanokoji.
Levanto-me da cama com uma sensação de urgência, como se precisasse escapar daqueles pensamentos sombrios. Caminho pelo quarto, tentando me concentrar em tarefas simples para dissipar a névoa de desassossego que ainda paira sobre mim.
Vou até a janela e deixo a luz suave da manhã banhar meu rosto. Olho para fora, para o campus silencioso da escola, tentando encontrar alguma paz na tranquilidade da paisagem.
No entanto, mesmo com o sol brilhando lá fora, uma sensação de inquietação persiste dentro de mim. A lembrança do encontro com Ayanokoji continua a assombrar meus pensamentos, como uma sombra que se recusa a desaparecer.
Sacudo a cabeça, tentando afastar as preocupações que me afligem. Preciso me concentrar no presente, nas tarefas do dia-a-dia que demandam minha atenção imediata.
Decido sair do dormitório e encarar o dia com determinação renovada. Não posso deixar que os fantasmas do passado me impeçam de seguir em frente. Com um suspiro resignado, dou um passo em direção à porta, pronta para enfrentar o que quer que o dia me reserve.
Ao sair do dormitório, encontro Sato no corredor, segurando alguns livros em seus braços. Ela me cumprimenta com um sorriso caloroso, que parece trazer um pouco de luz para o meu estado de espírito sombrio.
"Bom dia, Karuizawa! Como você está hoje? ", pergunta ela, sua voz cheia de genuíno interesse.
"Fora o pesadelo que tive, estou bem", respondo, tentando sorrir apesar da tensão que ainda sinto.
Sato parece notar minha hesitação e coloca gentilmente a mão no meu ombro. "Se precisar conversar sobre alguma coisa, estou aqui para você, okay?"
A gentileza dela me toca, e por um momento me sinto menos sozinha nesse labirinto de emoções conflitantes. Agradeço a ela com um aceno de cabeça e continuo meu caminho pelo corredor, determinada a deixar para trás os resquícios do meu pesadelo.
Sento-me em um dos bancos do campus, perdida em meus próprios pensamentos, enquanto o sol da manhã brilha suavemente ao meu redor. Minutos se passam em um silêncio desconfortável até que percebo a chegada de Ayanokoji. Ele se aproxima e se senta ao meu lado, sem dizer uma palavra.
Por um momento, ficamos ali em silêncio, como se estivéssemos ambos imersos em nossos próprios mundos internos, mas conscientes da presença um do outro. Sinto uma tensão palpável no ar, carregada com a memória da conversa que tivemos na noite anterior e do pesadelo que ainda assombra meus pensamentos.
Finalmente, decido romper o silêncio, sentindo a necessidade de esclarecer as coisas entre nós.
"Ayanokoji...", começo, minha voz um sussurro incerto. "Sobre aquela noite..."
Ele me interrompe com um aceno de cabeça, como se já soubesse o que estou prestes a dizer. Seus olhos escuros me estudam com uma expressão neutra, mas perceptivelmente atenta.
"Karuizawa, não há nada do que falar. Você não precisa se explicar. Sou sua única opção", diz ele, sua voz calma e tranquila.
Fico momentaneamente surpresa com sua resposta, esperando compreensão vinda dele.
"Eu só queria... Eu sei, por isso decidi ajudar você", começo de novo, mas desta vez sou eu quem é interrompida, desta vez por Ayanokoji.
"Karuizawa...", ele diz, sua voz suave, olhando para mim.
Sinto um peso sendo levantado de meus ombros, e um sorriso tímido se forma em meus lábios. Talvez, apenas talvez, haja mais nesta relação do que eu inicialmente imaginei.
"Sim, Ayanokoji..." digo.
"Quero que investigue alguém", disse ele enquanto se levanta e vai embora.
Merda, por um momento achei que ele fosse me entender, mas como um garoto, bom, enfim..." digo.
Me levanto em seguida a Ayanokoji. Ele olha para trás, e por um momento, fico paralisada, só me vejo gaguejando.
"Espera, o que você quer dizer?" minhas palavras saem desajeitadas, ecoando no vazio do campus.
Ele não responde, apenas continua caminhando com sua típica expressão imperturbável. Sinto-me como se estivesse deixando escapar uma oportunidade, mas não sei por onde começar.
Meus pensamentos estão uma bagunça enquanto assisto Ayanokoji se afastar. Ele sempre foi um enigma para mim, e agora mais do que nunca, sinto que estou prestes a mergulhar em um labirinto de mistérios.
Merda, o que estou fazendo? É melhor eu correr atrás dele e descobrir o que diabos ele está pensando.
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KiyoKei: Entre Nós
FanfictionKiyoKei: Entre Nós... Quando a mãe de Kei Karuizawa é transferida para Tóquio, a mudança não é bem recebida pela garota. A cidade é nova, as pessoas são diferentes, e ela se sente perdida, a mãe a inscreveu a uma nova escola "Academia Privada Tokyo...