karuizawa... porque

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Coloco o celular no bolso enquanto observo Satou se afastando. Ainda posso sentir o peso da sua confissão pairando no ar. Então, Karuizawa, que estava escondida nos arbustos, dá uma risada e se revela.

"Por que negou a Satou?" ela pergunta, sua voz tingida com curiosidade.

"Porque ela não é você," respondo sem rodeios.

Karuizawa cora levemente, e percebo que ela está segurando um saco de presente na mão.

"É sério que nunca gostou de ninguém?" ela pergunta, sua expressão uma mistura de surpresa e incredulidade.

Assinto, mantendo minha expressão habitualmente calma. "Sim, é verdade. Nunca encontrei alguém que despertasse esse tipo de sentimento em mim", respondo, refletindo sobre minhas próprias experiências.

Karuizawa parece contemplativa por um momento, como se estivesse processando minhas palavras. Então, ela sorri levemente e estende o presente na minha direção.

"Bem, eu trouxe isso para você. Não é nada de mais, apenas um pequeno agradecimento por me salvar", ela diz, sua voz suave e calorosa.

Aceito o presente com gratidão, guardando-o cuidadosamente em minha bolsa. Sinto-me reconfortado pelo gesto amigável de Karuizawa e grato por sua presença ao meu lado.

"Obrigado, Karuizawa. Foi um dia interessante", eu respondo sinceramente, enquanto começamos a caminhar de volta para os dormitórios.

Enquanto conversamos sobre assuntos triviais para dissipar a tensão do momento anterior, percebo que apesar de minhas reservas, estou começando a apreciar a companhia de Karuizawa de uma maneira que nunca imaginei antes.

"Posso te fazer uma pergunta?", ela pergunta, sua expressão um misto de nervosismo e determinação.

"Sim", respondo, esperando pela pergunta que sei que está por vir.

"Sobre o que aconteceu com a gente naquela noite", ela começa, sua voz um pouco hesitante. "O que você sente agora?"

A pergunta dela me pega de surpresa, mas eu mantenho minha compostura enquanto penso em como responder. Por um momento, tudo ao meu redor parece desacelerar enquanto considero minhas palavras.

"Naquela noite...", começo, escolhendo minhas palavras com cuidado. "Foi um momento inesperado, mas significativo para mim. Desde então, tenho refletido sobre nossas interações e percebi que valorizo sua presença em minha vida mais do que inicialmente reconheci."

Karuizawa me olha com atenção, seus olhos buscando qualquer sinal de falsidade em minhas palavras. Mas tudo o que ela encontra é sinceridade e honestidade.

"Eu não sei exatamente o que isso significa para o nosso relacionamento", eu concluo, deixando espaço para a possibilidade de algo mais entre nós.

Karuizawa parece surpresa com minha resposta, mas também um pouco aliviada. Ela sorri suavemente, e eu me sinto grato por sua compreensão.

"Obrigada por ser honesto, Ayanokoji", ela diz, seu tom suave e reconfortante.

"Sempre", eu respondo, sabendo que a honestidade é fundamental em qualquer relacionamento.

Enquanto continuamos nosso caminho de volta para os dormitórios, sinto um senso renovado de proximidade e conexão entre nós. O vento frio da noite parece menos intimidante quando estou ao lado dela, e pela primeira vez em muito tempo, sinto uma pontada de esperança em relação ao futuro.

Chegando aos dormitórios femininos, percebo que Karuizawa parece incerta sobre algo. Ela avança alguns passos e então para subitamente, ficando completamente imóvel. Seu olhar se volta para mim e ela oferece um sorriso, mas consigo sentir o nervosismo emanando dela. Será que ela está preocupada com alguma coisa? Decido não pressionar e simplesmente me viro para ir embora. Talvez seja melhor deixá-la por agora, dar-lhe algum espaço para processar o que quer que esteja sentindo.

Enquanto me afasto, meu celular toca novamente, exibindo um número desconhecido. Decido atender, curioso sobre quem poderia estar ligando desta vez.

"Sim?", eu respondo, mantendo minha voz neutra.

"Ayanokoji, suba agora para o auditório", uma voz desconhecida ordena do outro lado da linha.

Meu coração dispara com a inesperada instrução. Quem poderia estar me chamando para o auditório desta forma? A voz não é familiar, o que aumenta ainda mais minha intriga. No entanto, a seriedade na voz indica que esta não é uma solicitação para ser ignorada.

Com um último olhar para o dormitório feminino, onde Karuizawa ainda está parada, decido que é melhor atender ao chamado. Preciso descobrir o que está acontecendo e por que fui convocado para o auditório desta forma misteriosa.

Respiro fundo e começo a me dirigir para o auditório, minha mente girando com todas as possibilidades do que poderia estar me esperando lá.

Ao entrar no auditório, avisto uma figura familiar de pé no palco. É Horikita Manabu, o ex-presidente do conselho estudantil. Seu semblante é sério e seu olhar penetrante, como sempre.

"Manabu", cumprimento-o, minha voz ecoando pelo espaço vazio do auditório.

KiyoKei: Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora