Não quero lidar com ele agora

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Ayanokoji Narrando 

São 17h e nenhum sinal de Karuizawa. Depois de ontem, tínhamos uma probabilidade de 87% de nos tornarmos um casal. Talvez ela esteja se sentindo mal. É a primeira vez que não agi conforme o planejado. O telefone fixo toca. Me aproximo para atender.

"Boa tarde", falo.

"Senhor Ayanokoji?", pergunta uma voz.

"Sim, sou eu", respondo.

"Você tem uma visita. Por favor, dirija-se à sala de visitas para recebê-los", diz a recepcionista antes de desligar. Quem será? Melhor descobrir.

Desço pelo elevador em direção às salas de visitas, um local enorme e desconhecido para mim. Ao chegar lá, a recepcionista me acompanha até uma porta e eu entro.

"O que você quer?", pergunto, já sem paciência para meu pai, Soichiro Ayanokoji.

Ele olha para mim com um sorriso manipulador e poderoso.

"Kiyotaka, meu filho, vou direto ao ponto. Quero que volte para mim."

"Não", respondo firmemente. "Você é o mais habilidoso de todos os meus alunos, o número um da Sala Branca... Eu não posso me dar ao luxo de perder uma obra-prima", ele diz, seu tom manipulador ecoando pela sala. "Eu não vou voltar", afirmo, firme.

"Se você não voltar, vou machucar seus amigos. Ah, lembrei, você não tem amigos. Volta para mim, seremos os mais poderosos", ele insiste, sua voz carregada de ameaças.

Dou um suspiro, já sem paciência para sua manipulação. Minha resposta é um simples "não", enquanto me viro na direção da porta.

"Horikita Suzune ou Karuizawa Kei, quem devo machucar primeiro?" ele ameaça, colocando-me contra a parede. Coloco minha mão na maçaneta da porta e, com determinação, respondo: "Faça o que você quiser. Eu não me importo." Abro a porta e saio.

Após deixar a sala, sigo pelo corredor, minha mente mergulhada em pensamentos turbulentos. A pressão de meu pai é constante, sempre tentando me manipular para cumprir seus desejos e ambições. Mas não posso ceder a suas chantagens emocionais.

Enquanto caminho pelos corredores da escola, me sinto cercado por uma atmosfera de tensão e incerteza. 

Preciso encontrar uma maneira de neutralizar as ameaças de meu pai sem colocar a Karuizawa em perigo. Mas como? A resposta não vem fácil, mas sei que devo agir com cuidado e estratégia para proteger aqueles que são importantes para mim.

Na loja de conveniência, enquanto finalizo minhas compras no balcão, uma voz conhecida me chama. Viro-me e vejo Ichinose parada ali. "Oi, Ichinose, tudo bem?", cumprimento-a. Ela se aproxima e segura minhas mãos, deixando-me um pouco desconcertado. Por que ela está agindo assim agora, com tudo o que está acontecendo?

"Com tantas coisas para me preocupar...", começo a pensar, mas antes que eu possa terminar meu pensamento, Ichinose faz uma pergunta inesperada. "Você quer jantar comigo hoje?", ela pergunta, enquanto a porta se abre e Karuizawa entra. Nossos olhares se encontram por um momento, e sinto uma onda de emoções conflitantes me inundar.

"Ayanokoji", chama, tentando me concentrar, "sim, o que foi?", pergunto. Ela olha para trás e percebe a presença de Karuizawa. Sua expressão muda, como se estivesse confusa ou até mesmo triste. Devo me importar com isso? Melhor não. 

Calmamente, solto as mãos de Ichinose e me viro em direção à saída. Karuizawa está parada ali, parecendo surpresa. Ouço alguém chamando por ela ao longe, e então vejo Sato se aproximando. Abro a porta e saio, deixando Karuizawa para trás. Não quero que ela se preocupe mais do que já está. É melhor manter minha distância por enquanto.

Caminho pelas ruas da escolas, tentando afastar os pensamentos que me assombram. A troca de olhares com Karuizawa ainda está fresca em minha mente. Será que fiz a escolha certa ao me afastar? Talvez seja melhor assim, pelo menos por enquanto. Preciso me concentrar em resolver meus próprios problemas antes de me envolver mais profundamente com ela ou qualquer outra pessoa.

Vou até os dormitórios e entro no meu quarto. Coloco uma calça e uma camiseta para relaxar, e me deito. Ao acordar, são 5h da manhã. Levanto da cama, vou até o chuveiro e me arrumo para a escola. É segunda-feira, desço no elevador e vejo Hirata e Sudou saindo do dormitório. De longe, avisto Suzuki. Caminho até a sala de aula e vejo Karuizawa na entrada. Me aproximo e simplesmente passo por ela. "Bom dia, Ayanokoji", diz Karuizawa, mas a ignoro totalmente. Me sento e Horikita ainda não chegou.

Ignoro os sussurros ao meu redor e pego um livro para ler, mantendo-me focado nas atividades escolares. Horikita entra na sala de aula, e a aula começa como de costume. É hora de me concentrar nas tarefas acadêmicas e deixar de lado as distrações pessoais.

KiyoKei: Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora