Ayanokoji... Eu

130 9 4
                                    

Karuizawa Narrando

Subo para o meu quarto, sentindo meu coração doer por não ter lhe dito o que realmente sinto. Ayanokoji pode ter dado uma resposta que mostra algum interesse, mas sei que ele não está verdadeiramente interessado. Ele é um manipulador, isso eu sei, mas é ele que eu amo, profundamente, do fundo do meu coração.

Ayanokoji sempre foi assim, frio e calculista. Ele me enganou tantas vezes para conseguir o que queria, e agora percebo que talvez eu não sirva mais para ele. Estou triste pela Satou; fui eu quem deu a ela esperanças de que, no final, acabaríamos juntos. Ela está destroçada, e eu sinto isso profundamente.

Sento-me em minha cama, perdida em meus pensamentos e sentimentos conflitantes. Ayanokoji é o único que eu quero, mas será que ele alguma vez sentirá o mesmo por mim? Ou tudo não passa de um jogo para ele? Essas dúvidas me consomem, e eu não sei mais o que fazer.

Desperto, percebendo que acabei adormecendo. Confiro o horário no meu celular: são 21h. Não consigo mais esperar; talvez eu possa falar com ele agora. Pego o celular e disco seu número, surpreendida por como ele está gravado em minha mente. Mas ele não atende. Tento novamente, mas ainda nada. Será que aconteceu algo ou ele está apenas me ignorando? Merda, o que está acontecendo?

Me deito na cama novamente, sentindo-me agitada. Olho para a tela do celular e, subitamente, me levanto. Calço meus sapatos e desço as escadas. O elevador está ocupado, mas como estou hospedada no terceiro andar, decido ir pela escada mesmo. Não é longe chegar à recepção.

Ao sair do dormitório, percebo que o campus está praticamente vazio e tudo está vestido de branco; o inverno é uma época linda. Chego aos dormitórios masculinos e me pergunto como farei para entrar lá dentro. Sou abordada pelo senhor da recepção.

"O que faz aqui?", ele pergunta.

"Boa noite. Desculpe encomodar, mas acabei esquecendo meu celular no quarto de um dos meus colegas. Posso ir lá pegar?", questiono, esperançosa.

"Não, por favor, volte amanhã", ele responde, firme.

"Espere, é importante", insisto.

Ele se aproxima da porta, pronto para me dispensar, mas eu não desisto.

"Por favor, senhor, você poderia ir comigo?", imploro.

Ele hesita por um momento, mas acaba cedendo. Juntos, subimos de volta aos dormitórios.

O elevador se move suavemente enquanto subimos para o andar de Ayanokoji. Meu coração bate forte no peito, e a ansiedade me consome. O que vou contar para ele quando descobrir que menti? Ai, droga, Karuizawa, que estúpida. De repente chega uma chamada e ele diz que já volta.

Quando chego ao quarto dele, estou parada diante de sua porta, lutando contra os nervos. Estou pronta para bater quando a porta se abre subitamente. Ai, droga, que susto. Parece que ele sentiu que eu estava aqui.

Reparo nele de baixo para cima, sentindo-me um pouco aborrecida. "Karuizawa?", Ayanokoji fala, surpreso. "O que faz aqui?", ele acrescenta.

"Eu... quero conversar com você", respondo, meio nervosa, enquanto ajeito um fio do meu cabelo.

Ele hesita por um momento antes de me dar permissão para entrar. "Como chegou aqui?", ele pergunta.

"Não importa", respondo rapidamente, desviando o olhar.

Ayanokoji segue para a cozinha enquanto eu fico parada no meio do quarto dele, nervosa. Ele volta, limpando as mãos em uma toalha.

"Então, o que aconteceu?", ele pergunta, olhando para mim com curiosidade.

Antes que eu pudesse terminar de formular uma resposta, meus lábios encontram os dele em um beijo.

Sinto-me sendo elevada para cima, e percebo que Ayanokoji não parece surpreso; na verdade, parece que ele já esperava por isso. Ele me agarra pelas minhas coxas e me levanta, enquanto a boca dele deixa a minha e se move para o meu pescoço. Um arrepio percorre todo o meu corpo, enquanto me perco nas sensações intensas do momento.

Sinto-me bruscamente colocada contra a parede, a realidade invadindo o êxtase do momento. Ayanokoji tira sua boca do meu pescoço, e seus olhos encontram os meus. "Não poderia estar melhor", ele diz, seus olhos percorrendo meu vestido.

"O que...", começo a perguntar, ainda meio atordoada pela intensidade do momento, mas sou interrompida por suas palavras cortantes.

"Cale a boca, Karuizawa", ele diz com firmeza, enquanto sua mão pressiona meu quadril.

Sinto-me desorientada pelo contraste entre o desejo que acabamos de compartilhar e sua repentina mudança de atitude. Meu coração dispara, e eu me pergunto o que está acontecendo na mente de Ayanokoji.

Enquanto absorvo suas palavras duras, meu coração parece congelar em meu peito. No entanto, antes que eu possa processar completamente a rejeição, Ayanokoji me surpreende mais uma vez. Seus olhos encontram os meus, agora repletos de arrependimento.

"Desculpe, Karuizawa", ele murmura, sua voz suavizando um pouco. Antes que eu possa responder, ele me puxa para mais perto e nossos lábios se encontram novamente em um beijo ardente.

A sensação de seus lábios nos meus é intoxicante, e meus pensamentos começam a se dissipar conforme me entrego ao momento. Um dos fios do meu vestido cai sobre o meu ombro, revelando um pouco mais do decote do meu peito. Ayanokoji percebe e, sem hesitar, sua boca encontra a pele exposta, enviando ondas de calor por todo o meu corpo.

Cada toque, cada beijo, parece incendiar uma chama ainda maior entre nós. Estamos imersos em um mundo só nosso, onde nada mais importa além da paixão avassaladora que compartilhamos.

O som das batidas na porta me faz pular de susto, e Ayanokoji me coloca de volta no chão antes de abrir a porta. "Boa noite", ele cumprimenta o homem do outro lado.

"Boa noite", responde o homem, sua voz ecoando a do recepcionista. Meu coração acelera com a coincidência, mas tento manter a calma.

Ajeitando-me rapidamente, me aproximo da porta. "Bom, obrigado, senhor. Já peguei o meu celular", digo, mostrando o aparelho.

Ele assente, e eu acrescento: "Podemos ir?"

"Tchau, Ayanokoji", me despeço rapidamente, antes de sair do quarto e seguir em direção às escadas.

Caminho rapidamente em direção às escadas, sentindo-me um pouco desconfortável com a presença do homem desconhecido. Minha mente ainda está girando com a intensidade do momento que acabei de compartilhar com Ayanokoji, e agora, lidar com essa situação inesperada só adiciona mais confusão à minha mente.

Ao descer as escadas, tento me acalmar e racionalizar o que acabou de acontecer. O beijo de Ayanokoji foi surpreendente e apaixonado, mas sua mudança de atitude logo depois deixou-me confusa e insegura sobre o que ele realmente sente.

Ao chegar ao térreo, agradeço ao homem que me acompanhou até o quarto de Ayanokoji e sigo em direção à saída dos dormitórios. Sinto-me aliviada por finalmente estar livre da tensão do momento e ansiosa para processar tudo o que aconteceu.

Enquanto caminho pelo campus, o ar gelado da noite me envolve, mas não consigo deixar de sentir o calor residual do beijo de Ayanokoji ainda pulsando em meus lábios. A incerteza sobre o que o futuro reserva para nós paira no ar, mas por enquanto, decido deixar esses pensamentos de lado e simplesmente desfrutar da sensação de estar viva, mesmo que seja apenas por um breve momento.

KiyoKei: Entre NósOnde histórias criam vida. Descubra agora