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Acordei no dia seguinte e tomei um susto ao perceber que o Gustavo estava dormindo do meu lado. Levantei sem fazer barulho, peguei uma roupa e fui tomar um banho. Quando sai do banheiro, o Gustavo estava se espreguiçando.

- Bom dia dorminhoco. 

- Bom dia! Caraca acabei pegando no sono aqui. - falou se levantando.

- Eu percebi - ri - Se quiser tomar um banho pra despertar tem toalha limpa no armário do banheiro e uma escova de dentes nova também, se quiser, pode usar. Ele nem me respondeu e foi direto para o banheiro. Penteei meu cabelo e em seguida comecei a arrumar o quarto. O Gustavo não demorou nem 20 minutos e já saiu do banheiro secando o cabelo e vestindo a mesma calça jeans do dia anterior e ainda sem camisa #visão do paraíso. 

- Vamos tomar um café? - chamei olhando no relógio, eram 10:00 da manhã.

- Vamos sim. - falou colocando a camisa que estava pendurada na poltrona e parando no espelho pra dar uma ajeitada no cabelo. - Matheus está aí ainda?

- Sabe que e não sei. - fui até a janela da sala e vi que o carro dos dois ainda estavam lá em baixo. - Os carros de vocês estão parados aí ainda. Eles devem estar dormindo ainda.

- Acorda eles lá enquanto eu preparo o café. - ele pediu e eu hesitei.

- Eu... acho melhor não.

- Por quê?

- A ideia de pegar minha pirralha sem roupa não é legal.

- Tá falando sério? - ele perguntou rindo e começando a preparar o café da manhã.

- Claro.

- Nós dormimos juntos e não fizemos nada. Quem te garante que eles fizeram?

- Ok você venceu, mas se eu ver uma imagem traumatizante lá você vai pagar meu psicólogo.

Fui até o quarto da Gabi e bati na porta chamando os dois, e nada de resposta. Abri a porta e vi que eles estavam dormindo e vestidos. Chamei os dois novamente, mas ele só resmungaram então resolvi deixá-los em paz.

- Eles não quiseram acordar de jeito nenhum. - falei me sentando à mesa da cozinha.

- Estavam vestidos pelo menos? - perguntou rindo e eu assenti. - O que você quer comer?

- Acho que vou de misto quente com achocolatado. 

- Eu te acompanho.

Fizemos o misto quente e nosso achocolatado juntos e comemos na cozinha mesmo.

- Estou me sentindo com 10 anos. - ele disse rindo.

- Por quê?

- Faz tempo que eu não tomo Nescau e como um misto quente no café da manhã. Sempre comia isso quando morava no interior. Agora eu tomo um café preto uma torrada e corro pro restaurante.

- Eu como sempre que posso. Não quero deixar de comer isso nunca.

- Então vai comer o mesmo que os seus filhos?

- Eu não sei exatamente, se quero ter filhos. - falei meio sem graça pois não era qualquer pessoa que entendia isso.

- Está falando sério? - perguntou impressionado e eu assenti. - Nossa! Esse é um sonho de grande parte das mulheres, chega a ser estranho ouvir isso.

- Eu definitivamente não faço parte desse grande grupo.

- Mas por que você não quer?

- Sei lá. Eu sempre gostei muito da minha liberdade e eu não quero perder isso nunca, e filhos farão com que eu perca um pouco dela. Não sei se eu seria uma boa mãe, acho que eu me frustaria quando quisesse fazer algo que não pudesse por causa de um filho. - tentei me explicar e ele assentiu.

- Eu quero pelo menos dois. - falou com um sorriso bobo - Eu amo crianças e não quero que um filho meu seja como eu, que sempre senti falta de um irmão.

- Eu gosto de crianças também, mas a dos outros. - rimos - Acho que me daria melhor como tia do que como mãe.

- É por esse tal amor avassalador que você tem pela sua liberdade que você evita se apaixonar?

- Eu nunca evitei me apaixonar, eu apenas, não consigo. -

 Já pensou no por que disso?

- Não sei te explicar, mas quando o relacionamento começa a me privar de determinadas coisas que eu quero, a única coisa que eu penso é em sair fora.

- Entendi. - ele deu um sorriso forçado e mudou de assunto.

Ficou mais um tempo conversando comigo e depois resolveu ir embora, e ao contrário do que eu pensei, ele não pediu e nem tentou me beijar. Acredito que ele ainda estava assimilando alguns informações sobre mim que ele não sabia.

Coração de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora