1 - Gabi

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GABI

- E se você continuar rebelde desse jeito, você pode esquecer faculdade na capital - disse meu pai, Vagner, enquanto eu me jogava na minha cama bufando. Agora todo dia era a mesma coisa, ele vivia me ameaçando e eu nem era tão rebelde assim. Esse escândalo todo foi porque eu cheguei meia hora atrasada do horário que combinamos. E antes que comecem a me julgar, eu sou uma garota de 17 anos que acabou de se formar no ensino médio, passou para faculdade de farmácia na capital, e ontem sai com alguns amigos de colégio para me despedir pois muitos iriam viajar e eu estaria na capital assim que iniciasse as aulas da faculdade.

Vamos explicar melhor esta história, eu sou a Gabriela Muller, moro em uma fazenda no interior do estado do Rio de Janeiro com meus pais. Meu pai é um grande produtor de diversas frutas, legumes e verduras e minha mãe o ajuda na administração dos negócios. Minha família tem uma boa condição de vida sim, mas não desperdiçamos dinheiro também. Eu e minha irmã nunca fomos mimadinhas, e antes que vocês nos imaginem duas jecas, também não é assim. Morar no interior não é mais sinônimo de não ter acesso a nada. Minha irmã que mora no Rio de Janeiro, tem 24 anos e é formada em arquitetura, e é com ela que eu vou morar quando começar a faculdade, isso se meu pai não surtar a troco de nada é claro!

- Posso entrar meu amor? - disse minha mãe Eliane.

- Pode sim mãe. - respondi e ela se sentou ao meu lado acariciando meu cabelo.

- Você sabe que ele está surtando não é? - perguntou séria e eu ri.

- To começando a desconfiar mesmo. - bufei. - Queria ver se eu fosse rebelde mesmo.

- Ele está surtando porque a princesinha mais nova dele está saindo debaixo do teto dele.

- Mas ele tem que entender que é meu futuro mãe. - disse indignada.

- E ele entende. Só não aceita muito bem, mas sabe que é o melhor para você assim como foi para sua irmã.

- Ele briga comigo atoa. - disse me jogando na cama novamente.

- Dá um desconto para ele filha, está sendo muito difícil se desapegar assim.

- Não sei porque! Pra você está sendo muito mais fácil. 

- Quem disse? - ela perguntou incrédula. - Ainda estou pensando em te amarrar na cama. - disse e eu ri. - Só tenha paciência ok?

- Ta bom. - ela me deu um beijo e foi em direção a porta. - Que dia a Lívia chega?

- Acho que amanhã ela está aí. - apenas assenti. - Saudades?

- Eu nem gosto dela. - disse dando de ombros e minha mãe riu, afinal, ela sabia que era mentira.

***

Tentei ficar o mais mansa/distante possível pra não ter encrenca com meu pai até o dia seguinte, e parecia estar funcionando. Estava acordada desde cedo, como de costume, mas não era um dia qualquer, era um sábado e dia em que a Lívia chegaria. 

Fiquei a manhã inteira navegando na internet e já estava começando a sentir o cheirinho da comida da Cida, que foi nossa babá e hoje arrasa na cozinha com seus temperos.

- MAS ESSA FAMÍLIA É MUITO DISPLICENTE MESMO HEIN?! CADÊ MINHA RECEPÇÃO. - escutei berros vindos da sala e não tive dúvidas, ela chegou.

Levantei correndo e fui até a sala, onde encontrei meu pai e minha mãe agarrados a ela.

- Hei sua usurpadora de pais! Dá pra soltar os meus pais. - disse séria com as mãos na cintura.

- Ah não pirralha! Mal cheguei e você já vem encher o meu saco. - disse soltando os meus pais.

Coração de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora