Filhinho do Papai

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É, eu tô á um passo de ir parar numa camisa de força, mas misturar Kelmiro e Dimaury é mais forte que eu!

Sei que vai dar um nó na cabeça de vocês, mas é tranquilo de entender. 

Convidem seus amigues para ler 

Espero que gostem! 

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Era o início de mais uma semana na vida daquele moreno de meia idade. Já passara tantas semanas na vida, que aquela podia ser só mais uma igual tantas outras. A única diferença, é que aquela semana, marcava algo muito especial para ele: seu filho estava entrando para o exército.


Quer dizer, indiretamente. O garoto não quis fazer a ESA, cumpriu apenas um ano como recruta no batalhão e tão logo saiu, mas agora, estava quase se formando na faculdade de enfermagem e havia conseguido um estágio no Hospital Central do Exército, no Rio. Ramiro deslizava orgulhoso sua cadeira de rodas, na casa equipada para sua condição, arrumando a mesa para que seu menino comesse bem antes de começar o primeiro dia de estágio


Menino? Aquele já era um homem feito e barbado! Mas ainda sempre seria o garotinho de Ramiro. O moreno era um homem rígido, primeiro sargento do batalhão da cidade desde seus vinte anos, quando concluiu a ESA e foi transferido para o Rio de Janeiro, mas agora, com seus 46 anos, sofreu um acidente numa operação e sua realidade era aquela: preso numa cadeira de rodas


Ramiro participava de um combate na fronteira do país, sempre viajava para Ponta Porã, fronteira com o Paraguai, para auxiliar na guerra contra o tráfico de drogas. Mas então alguns traficantes criaram uma emboscada, uma granada foi ativada e jogada contra o comboio do exército que carregava toneladas de pasta base para cocaína apreendidas, fazendo uma explosão estrondosa e matando e ferindo os soldados enquanto eram saqueados.


Ramiro foi um dos que ficou ferido, dividindo sua aposentadoria agora com aquela cadeira de rodas. Ele poderia voltar a andar com o tempo, sua lesão fora na perna e não na coluna, se fosse essa, talvez seria mais difícil de reverter. Mas para isso, precisava se dedicar em fazer a fisioterapia corretamente, o que em um ano desde o acidente não fez. E não fez porque ninguém aguentava Ramiro por mais que uma semana!


O quase velho, se já era rígido só por ser militar, agora se tornou insuportável! Grosseiro, estúpido, as vezes até mal. O exército enviou para si, vários profissionais para ajudar na sua recuperação. Todos desistiram. Ramiro estava decidido de que o fim da sua vida seria assim, e não tinha ninguém no mundo que dobrasse aquele moreno


Quer dizer, ninguém, exceto ele 


- Bom dia pai! - Um ruivo lhe beijou o rosto de surpresa enquanto levava a garrafa de café para a mesa


Diego. Diego era filho do sargento rabugento. Era fruto de uma noite de bebedeira na sua juventude, não lembrava muito bem da mãe do rapaz, mas sabia que ele tinha a cara da mãe, já que era branco e ruivo, muito diferente da aparência do pai. Só a voltou a ver a mulher quase um ano depois daquela noite em que ficaram, somente para ela lhe entregar um bebê e sumir no mundo


E aquele filho era a vida do Neves. Se tinha uma única pessoa no mundo que poderia dobrar aquele homem, com certeza era Diego.

Feridas de Combate - AU Kelmiro/DimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora