Tempestade interior

cap. 3

Mauro

Lorenzo me dá nos nervos, parece que ele faz de tudo para me irritar e me deixar preocupado. Depois que sai da sala dele, dei uma olhada nos meus meninos e fui dar uma volta na cozinha para beber um pouco de café.

- Você deveria ser um pouco mais paciente com o seu irmão, sabe que ele é teimoso igual a você - Disse Lidya entrando na cozinha

- Não, ele é pior que eu e fiz uma copia exata dele, tenho que lidar com dois Lorenzos todos os dias.

- Mauro!

- Tá, já parei.

- Ouvi vocês dois conversando, ou melhor, discutindo, ele quer mesmo adotar aquela menininha?

- Sim e pra ser sincero, acho que vai fazer muito bem pra ele ter ela por perto, mas ele parou de tomar os remédios sem me avisar, é isso que me deixa frustrado, ele faz as coisas sem pensar duas vezes.

Ela me olhou com uma cara que senti vontade de rir.

- Estou falando de mim de novo né?

- É Mauro, acho que você deveria dar uma chance a ele, ver como ele reage sem os remédios por um curto período e depois vocês conversam sobre isso de novo.

- Se eu tivesse cuidado bem dele, nada disso teria acontecido, ele não precisaria tomar remédio controlado pra ansiedade e nem teria crises tão fortes.

- A culpa não é sua Mauro, você teve que amadurecer muito cedo, criou o Lorenzo melhor do que qualquer outra pessoa e acredito que ele é muito grato por tudo que você já fez por ele.

- Eu amo muito meu irmão e só quero o melhor pra ele.

- Eu sei - Disse Lidya colocando as mãos no meu peito

- Eu queria tanto te beijar agora - Falei puxando ela pela cintura

- E por que não beija?

- Quero mais do que um beijo e não podemos fazer nada aqui.

- Na sua casa ou na minha?

- Pode ser na minha, hoje vou estar sozinho.

- E os meninos?

- Vão estar com o Adrian hoje - Respondi beijando ela

- Eu ouvi meu nome? - Pergunta Adrian nos dando um susto

- Cara! Momento errado.

- Foi mal atrapalhar o romance, eu vim buscar os meninos.

- Já que você está aqui, quero falar contigo.

- Então te vejo mais tarde - Disse Lidya

- Sim.

Depois que ela saiu, peguei minha xícara e me serviu de mais um pouco de café.

- Lidya?

- O que tem? Ela é uma mulher incrível em todos os sentidos.

- Nada, mas não achei que você fosse o tipo de homem que se relacionava com funcionárias.

- Não tem nenhuma regra no Four Diamonds que proíbe isso e outra, eu sei separar o pessoal do profissional.

- Se você diz. Enfim, o que você quer falar comigo?

- É sobre o Lorenzo.

- Aconteceu alguma coisa com ele?

- Não, ele está bem.

- Agora eu fiquei preocupado.

- Lembra da menininha que ele é apaixonado?

- Sim, vi ele hoje falando com ela.

- Ele decidiu que quer adotar ela.

- Sério?

- Sim e ele parou de tomar os remédios.

- Ah eu não acredito nisso.

- É, anteontem ele teve uma crise, descobri hoje que ele tinha parado com os remédios.

- Meu Deus, o Lorenzo é meio piradinho da cabeça.

- Só quero que você ajude ele nessa questão da adoção.

- É óbvio que vou ajudar, vou falar com ele e marcar uma visita no orfanato amanhã.

- Adrian? - Pergunta Lorenzo entrando na cozinha

- Oi meu bem.

- Eu estava te procurando, queria falar contigo.

- Sei, seu irmão já está falou sobre o que é.

- É mesmo?

- Sim - Respondi colocando a xícara já limpa no lugar.

- Vou marcar uma visita para amanhã e... - Disse Adrian olhando o relógio - Agora tenho um compromisso com os meus meninos.

- Não deixa o Kaiky dormir sem comer e nem o Kaio ficar por tempo sem beber água.

- Pode deixar Mauro, eu sei cuidar das minhas crianças.

- Tá, vamos lá.

Voltamos para a minha sala, os meninos estavam desenhando e comendo.

- Meninos, o dindo Adrian veio buscar vocês - Falei pegando as mochilas deles

- Tio Adrian!

- Oi meus totosos, vamos logo que tem um monte de coisas lá em casa esperando por vocês.

- Tchau pai, tchau tio.

- Tchau meus amores e qualquer coisa você me liga Adrian.

- Pode deixar Mauro.

Depois que eles foram embora, fechei a porta e sentei na minha cadeira, Lorenzo estava no lugar favorito dele que era a janela.

- Ela está aí?

- Não, ela não apareceu mais.

- Olha a hora Lorenzo, eles devem estar fazendo alguma coisa, tem uma rotina pra seguir.

- Aquela mulher foi rude com ela, o que mais ela faria além de brincar? É um neném de 5 aninhos.

- Amanhã você pode descobrir o que ela faz além de brincar.

- É - Disse sorrindo - Amanhã vai ser um grande dia.