Cap. 22

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Mauro

Kaiky estava internado com uma costela quebrada, baço rompido e com sangue nos pulmões. Colocaram um tubo para drenagem minutos depois que chegamos e ele respirava com ajuda dos aparelhos.

Kaio teve ferimentos leves porque ele sabia se defender mais que o Kaiky.

- Mauro, estou levando o Kaio pra casa - Disse Adrian me abraçando - Vou atrás de quem fez isso com eles, essa escola e todos os responsáveis não vão sair impune.

- Só toma cuidado e não deixa o Kaio sozinho.

- Tá bom.

Depois que ele saiu, me aproximei da cama e segurei a mão do meu menino.

- Vocês não mereciam isso - Falei mexendo no cabelo dele - Mereciam coisa melhor, uma família mais estruturada, alguém que ia conseguir proteger vocês e não um pai como eu, fraco, quebrado e com traumas.

- Eles tem um pai incrível - Ouço Yuri dizer - Ninguém mais cuidaria deles como você cuida e não se diminui Mauro, o que aconteceu não foi sua culpa.

- Eu poderia ter evitado.

- Mas não conseguiu e isso não te faz ser menos que qualquer outra pessoa.

- Estou com tanto medo de perder ele.

- Não vai - Disse passando o braço pelo meu ombro - Ele vai ficar bem. Vem, vamos sentar um pouco, você precisa comer alguma coisa.

- Não estou com fome, não vou conseguir comer agora.

- Você precisa se alimentar Mauro, não vai conseguir se manter de pé ou acordado se não comer.

- Não Yuri, vou passar mal se comer contra a minha vontade.

- Tudo bem então, vamos conversar um pouco.

- Como está a Isa?

- Mais ou menos, estou deixando ela com meus pais, não está sendo nada fácil.

- O que aconteceu?

- Bianca está querendo tirar ela de mim, me ameaçando dizendo que vai entrar na justiça pra conseguir a guarda dela de volta.

- Por que? Foi ela que abandonou vocês dois.

- Ela diz que não estou sendo um bom pai para a Isabela, que ela passa mais tempo na casa dos meus pais do que comigo e que estou passando mais tempo trabalhando do que com ela.

- Isso não é verdade.

- Eu preciso trabalhar Mauro, preciso manter tudo organizado e sou o responsável pelo financeiro, não posso largar tudo de uma hora para a outra. Mas quando estou com a minha filha, dedico 100% do meu tempo pra ela, nunca deixo faltar nada e sempre estou presente na vida dela.

- Adrian pode te ajudar muito com essa questão.

- Não Mauro, não quero envolver vocês em mais um problema, já está sendo difícil com o Kaiky e o Kaio nessa situação.

- Sempre que precisar pode contar com a gente.

- Muito obrigado Mauro.

Já que estávamos conversando, resolvi perguntar a ele sobre o Dylan e o Dominic.

- Yuri, posso te fazer uma pergunta? - Perguntei olhando para o Kaiky

- Sim.

- É sobre o Dylan.

- O que tem ele?

- Aquele dia que estávamos na minha casa e eles saíram do escritório...

- Eu sei onde você quer chegar.

- Benjamin é filho da sua irmã e desde que ela faleceu, eu nunca mais vi ele sair com ninguém desde que voltou a morar perto da gente.

- Olha Mauro, no começo eu não gostava muito do Dominic, não gostava de ver ele perto do Benjamin e nem de saber que era ele que cuidava do meu sobrinho 24 horas por dia. Mas ver que o Ben está se desenvolvendo tão rápido e sendo tão bem cuidado que resolvi dar uma chance para ele.

- Mas parece que seus pais não.

- Meus pais não gostam de nada, foi muito difícil fazer eles aceitarem que o Matias estava namorando com o filho de um dos nossos inimigos e pior ainda foi quando descobrimos que a nossa irmã teve um filho.

- Também foi um choque para nós quando descobrimos que ela era sua irmã, mas o Dylan também merece ser feliz.

- Eu sei o quanto meus pais podem ser ruins e preconceituosos, nunca pode confessar o amor que sentia por uma pessoa, por dois motivos, um era por causa dos meus pais e o outro era porque ele já estava comprometido com outra pessoa - Disse olhando para mim

- Yuri, eu não sabia que você...

- Está tudo bem Mauro, não tinha como você saber. Na verdade, a única pessoa que sabia disso era o meu psicólogo.

- Psicólogo?

- É, depois que a Daphne faleceu, eu fiquei muito sobrecarregado, estava tendo crises de ansiedade uma atrás da outra e só consegui melhorar quando comecei a fazer terapia.

Meu celular começou a tocar, tirei do bolso e atendi sem olhar na tela.

- Alô?

- Oi meu amor, como você está? - Pergunta Lorenzo

- Loren, estou mais ou menos, vou ficar bem quando eu estiver com meus filhos em casa.

- Adrian está com você?

- Não, ele foi pra casa com o Kaio.

- Precisa de alguma coisa? Posso providenciar pra você.

- Não anjo, não precisa se preocupar com nada, estou bem.

- Está sozinho?

- Não, Yuri está aqui.

- Ata, se precisar de algo, você liga e vê se come alguma coisa.

- Tá bom meu anjo, boa noite Loren.

- Boa noite.

Encerrei a ligação e guardei meu celular no bolso.

- Lorenzo?

- Sim.

- Eu vou comprar algo pra gente comer, já volto.

- Tá bom.

Yuri já estava na porta quando chamei ele novamente.

- Sim?

- Obrigado por estar aqui.

- Não precisa agradecer Mauro, eu faria qualquer coisa por você.

Ele sorriu e senti meu rosto queimar de vergonha.

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