Cap. 31

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Dylan

Benjamin dormiu na metade do caminho para casa, agradeci mentalmente, assim eu poderia iniciar a conversa com o Dominic.

- Quando eu fui até o quarto do Ben, ouvi vocês conversando.

- Não era para ele saber de nada daquilo, foi um erro eu ter contado.

- Dom, sempre que você precisar, pode conversar comigo, eu vou te ouvir.

- Você já tem problemas demais Dylan, não quero te sobrecarregar.

- As vezes vejo você conversando com o Ben enquanto ele está dormindo, eu passo a maioria das noites acordado, não me importo em passar uma, duas noites ou até mais conversando com você.

- Vai estar acordado hoje?

- Você sabe que sim - Respondi segurando a mão dele

- Papai - Disse Benjamin sonolento

Dominic se afastou de mim rapidamente, ele ainda tem medo de se expor na frente do Ben.

- O que foi filho?

- Já chegamos? Estou com as minhas pernas doendo.

- Você não parou quieto um segundo né Benjamin? E sim amor, já chegamos em casa.

Estacionei e saímos do carro. Peguei Benjamin no colo enquanto Dominic pegava o restante das coisas.

- Aí meu bebezinho, eu te amo tanto - Falei beijando ele

- Também te amo pai.

Subimos para casa, levei o Ben para o quarto e fiquei lá até ele terminar de se arrumar para dormir.

- Pai.

- O que foi filho? - Perguntei ajeitando a coberta dele

- O senhor poderia me contar sobre a mamãe?

- É claro meu anjo - Respondi deitando ao lado dele

- Como o senhor conheceu ela?

- Conheci sua mãe quando éramos pequenos, vivíamos juntos 24 horas por dia, estudávamos na mesma escola, brincávamos na rua, mas eu nunca tinha conhecido os pais dela. Daphine era linda, morena, tinha o cabelo cacheado e os olhos esverdeados, ela era gentil com todo mundo, um doce de pessoa, estava sempre sorrindo e quando ela engravidou foi o melhor dia da minha vida. Eu sabia que teria uma miniatura dela correndo pela casa, estávamos muito felizes até descobrir que ela estava doente.

- Doente? Ela ficou gripada?

Dei risada da inocência do meu filho e o abracei.

- Não amor, era uma doença bem mais grave que uma gripe, sua mãe lutou muito pra conseguir segurar você até que ela teve que escolher entre continuar viva ou ter o nosso bebê e sem pensar duas vezes, ela escolheu ter o nosso bebê.

- O senhor sente a falta dela?

- Não sinto filho, se ela tivesse sobrevivido, hoje não estaríamos mais juntos porque ela escondeu um fato importante da vida dela, Daphine mentiu para o papai e isso é muito errado.

Benjamin beijou meu rosto e se ajeitou na cama dele.

- Eu te amo pai.

- Também te amo meu amor.

Depois que ele dormiu, sai do quarto e fui pra cozinha, logo Dominic entrou.

- Ele dormiu?

- Sim - Respondi pegando o potinho com o doce e duas colheres - Senta aí.

- Ouvi vocês conversando.

- É, ele me perguntou sobre a Daphine e já estava na hora de ele saber.

- Como você está?

- Estou bem, falar sobre ela não me traz mais nenhum sentimento de saudade ou algo parecido, sinto que já superei a bastante tempo.

- Isso é bom ou ruim?

- É bom, assim eu posso seguir minha vida sem estar preso ao passado.

- Dylan, eu preciso te contar uma coisa.

As mãos dele estavam tremendo, ele soltou a colher e colocou no bolso.

- Você disse que tinha ouvido a minha conversa com o Benjamin hoje mais cedo.

- Sim.

Ele se levantou, se virou de costas e levantou a blusa. Tinha marcas de cinta recente, eu me levantei da cadeira, puxei ele pelo braço e o abracei.

- Eu sinto muito meu anjo.

Ele me abraçou de volta, estava chorando e meu ódio por esse cara aumentava cada vez mais.

- Só peço que você nunca mais me mantenha longe de vocês.

- Não, nunca mais Dom, nunca mais.

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