8. Violet's Violet

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1994
As Violetas de Violet

O LETREIRO DE MADEIRA ANUNCIAVA O NOME DA LOJA. O estabelecimento estava desgastado pelo tempo que não fora simpático para com ele. As janelas não estavam partidas, mas estavam sujas pelo pó que também se acumulava em cima dos parapeitos. As paredes estavam com um aspeto podre, cobertas por musgo e pequenas ervas que nelas cresciam, entrando na loja por fendas imperceptíveis ao olho humano. Todas as flores que, outrora, estariam à entrada da loja, estavam agora mortas, com as pétalas há muito caídas no chão e pisadas por centenas de pessoas ao longo dos anos.

O ar que a loja dava era correspondente à verdade: As Violetas de Violet tinha sido, há muito, abandonada, destinada a apodrecer com o tempo que não poupava nada nem ninguém.

No letreiro, o nome de Violet era adornado por pequenas flores — violetas — que tinham sido gravadas à mão na madeira escura.

Desde 1983, quando Violet Evans morreu, que As Violetas de Violet não era visitada por ninguém.

Mesmo agora, em 1994, com Remus Lupin a colocar a chave pela fechadura adentro e a empurrar a porta velha, era possível sentir o perfume suave daquela que, um dia, possuíra a pequena loja localizada nos belos terrenos de Hogsmead.

Com a anca de Lupin em contacto com a porta, a mesma deslizou, fazendo um som grave enquanto se abria. Mas Remus não entrou, permaneceu à porta, deixando que outra pessoa fizesse o seu próprio caminho.

Um cão negro abriu caminho pelo estabelecimento, hesitante, olhando ao redor e tentando guardar o cheiro daquela que ele já amou — daquela que ele ainda ama.

Sendo procurado por todo o Mundo Bruxo, Sirius Black não se podia dar ao luxo de andar por Hogsmead na sua forma humana, tendo que recorrer ao seu aspeto animago para não ser descoberto. Um grande cão negro.

Ainda se lembra do dia em que contou a Violet que era um animago, depois de Remus ter contado às Evans que era um lobisomem. Violet abraçou Remus fortemente, a lufana quase que chorou pela pouca sorte do amigo. Quando Sirius lhe mostrou aquilo a que se submeteu para ajudar o garoto, Violet simplesmente riu, dizendo que fazia sentido ele se parecer tanto com um cachorro, então.

Onze anos tinham passado desde a última vez que a loja viu alguém a entrar por lá, e nada tinha mudado.

Ele se lembrava de ter sido a primeira pessoa a que a namorada contou quando decidiu abrir a pequena loja de flores de aspeto encantador.

Nesse dia de primavera, alguns meses depois de ela ter começado a ser assistente de Sprout em Hogwarts, ela o saudou com um sorriso caloroso, um sorriso que sempre a acompanhava.

Contou-lhe, com a voz coberta de emoção, que não planeava mesmo lecionar em Hogwarts, e que, para o ano, já não estaria no ramo de assistente de Herbologia. Em seguida, emoldurou a face dele com as mãos suaves, o fazendo fitar os seus olhos verdes brilhantes e as suas bochechas redondas salpicadas de sardas, e agradeceu.

Ele se lembra de a ter questionado do porquê de ela lhe estar a agradecer, ao qual ela só explicou que, graças a ele, sabia o que o futuro a reservava. Não sendo suficiente para o esclarecer, ela continuou.

Relembrou-o da conversa que tiveram no ano anterior, na primavera de 1978, na cabana de Hagrid. Estavam acompanhados pelo meio gigante quando ela contou aos dois sobre a proposta que a diretora da sua casa lhe tinha feito: ser assistente de Herbologia em Hogwarts quando terminasse os seus estudos. Ela relembrou Sirius de como ele a incentivou a aceitar, para, em seguida, brincar com ela, dizendo que, caso não desse certo, ela poderia sempre abrir uma loja de flores e chamar-lhe "As Violetas de Violet", aludindo ao nome dela e fazendo um trocadilho.

𝐅𝐋𝐎𝐖𝐄𝐑𝐒 𝐀𝐍𝐃 𝐒𝐓𝐀𝐑𝐒, Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora