Utilidade

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Sons de gemidos quase gritavam vindo de dentro da casa branca de madeira de dois andares da família Myers, Danny e Judith Myers trocavam caricias intimas sem notarem que estão sendo observados pelo o caçula da família, Michael que havia saído sozinho pela a vizinhança pedindo doces no Halloween.
– Estamos sozinhos, não?. – Danny perguntou afastando suas bocas.
– Michael deve estar por ai em algum lugar. – Judith responde entre risos.
Danny se inclina e pega uma máscara de palhaço que está jogada no sofá, põe no rosto e os dois caíram na gargalhada.
Berro quando o Danny põe a máscara de palhaço sobre o rosto, encolho os pés para cima do sofá e fecho os olhos, pressionando as pálpebras.
- Pensei que não tivesse medo de filmes de terror, Lucy. – Comenta Stuart rindo enquanto pega o controle pausadamente o filme.
- Não é do filme, é da máscara, ela tem fobia de palhaços. – Explica Ane enquanto abria a embalagem da barra de chocolate.
Billy põe o braço ao redor do meu corpo, puxando para si em um movimento bastante ágil, pressionando meu corpo em seu tronco de forma protetora.
- Eu mataria o palhaço. – Afirma Billy sem paciência. – Agora continua o filme. – Ordenou e Ane com um sorriso travesso em seu rosto aperta o play para o filme continuar.
– Para com isso. – Pede entre risos bobos.
Danny começa a beijar Judith, a garota abraça a cintura do namorado, aproveitando o carinho do jovem.
– Vamos nessa. – Chama Danny com um tom malicioso em sua voz.
Judith levanta do sofá e corre na frente em direção a escada, ele a acompanha subindo a escada, alguns múrmuros inaudíveis são mencionados, apenas sendo compreensível "Para", Michael observava o casal de longe, ao redor da casa, acompanhando eles subirem até o quarto da garota e apagarem a luz do cômodo, o pequeno assassino dá a volta na casa e entra ligando as luzes de cada cômodo que passa, dando uma atenção especial na cozinha onde ele pega uma faca na gaveta do armário. Ele caminha pela sala de estar, seguindo até a sala e para ao ouvir passos na escada.
– Judith está muito tarde, eu vou ter que ir embora. – Avisa Danny parado na escada e veste sua camiseta.
– Você vem amanhã?. – Pergunta Judith.
– Sim, claro. – Responde o garoto descendo a escada, dando uma última olhada na namorada antes de sair da casa.
Michael sobe a escada e a música clássica de Halloween começa a tocar. Ele encontra a máscara de palhaço e põe de volta e caminha até a irmã na frente da penteadeira, vestida apenas com a sua calcinha, penteando o cabelo.
Me encolho nos braços de Billy e escondo o rosto em seu peito, não conseguia olhar a máscara de palhaço que me causa arrepios. O mais velho pressiona um pouco mais o braço ao redor do meu corpo, sem desviar o olhar da televisão.
- É as regras dos filmes de terror, quem transa, morre. – Zomba Stuart.
Não preciso abrir os olhos para saber que é a minha amiga segurando a minha mão assustada com as palavras de Stuart. 
- SAI MICHAEL!. – Exclama Judith virando para trás, mas tarde demais.
O menino esfaqueia ela no peito, golpeando diversas vezes a irmã que começa a perder a consciência e caí da cadeira, seu corpo jogado no chão sem vida.
Ergo o rosto e troco olhares com Ane que compartilha a interpretação comigo, estamos com dois assassinos que mataram alunos com golpes de facas e mascarados em plena noite de sexta feira treze.
Michael encara por alguns segundos a sua primeira vítima e refaz o seu caminho, descendo a escada e seguindo até a entrada da casa, saindo do imóvel até o jardim, um carro se aproxima, estacionando em frente a propriedade. Desce um casal do veículo e caminham até o menino.
- Michael?. – Pergunta o homem e retira a máscara de palhaço do filho.
Minha cabeça está entrando em colapso, corro da criança palhaço assassino e me escondo nos braços de outro assassino? Quase pulo do sofá quando escuto o alarme do forno apitar avisando que os hambúrgueres estão prontos. Ane levanta rapidamente sendo acompanhada de Stuart, garota rápida. Ergo o rosto e noto Billy me encarando fixamente, sua mão direta segura em minha nuca, aproximando o seu rosto do meu, encaro os seus lábios tão atraentes e... TRRIM-TRRIM! Ecoa alto o som do despertador em cima da cômoda.
Abro os olhos com a expressão visível de irritação, estico a mão e apanho o despertador, arremessando pela a janela, quebrando o vidro e despertando Ane ao meu lado com o seu cabelo volumoso e bagunçado, minha amiga me encara completamente confusa com a maneira diferente de acordar.
- Mas o que foi isso?. – Ela pergunta ainda perdida enquanto encara o vidro da janela em pedaços no chão.
- É o meu protesto de acordar. – Respondo irritada.
Arregalo os olhos ao lembrar que hoje é sábado, minha mãe sempre aparece nos finais de semana para buscar roupas para passar o final de semana na casa do namorado. Levanto da cama rapidamente e corro em direção até o outro lado do corredor, abro a porta do quarto de minha mãe onde estão Billy e Stuart dormindo, puxo a coberta e começo a bater nas costas dos dois.
- ACORDEM! ACORDEM! MINHA MÃE DEVE ESTAR CHEGANDO!. – Exclamo nervosa.
Os dois processam alguns segundos para entender o meu aviso, eles levantam da cama apressados quando compreendem e correm para o meu quarto, arrumo a cama que eles dormiram, dobrando o cobertor e escuto o barulho da porta sendo destrancada, como de costume ela entra sem dizer nenhuma única palavra, apenas vasculhando com o olhar cada canto da casa, procurando algum erro de organização. Retorno até o meu quarto dando passos leves para não ser descoberta, de volta ao meu quarto encontro Ane tentando esconder Stuart dentro do armário, ele estava se curvando para conseguir caber dentro do móvel de madeira.
- Cadê o Billy?!. – Exclamo quase em um sussurro.
- Atrás de você. – Ele sussurra em meu ouvido.
Quase caio de joelhos com o sussurro dele, esse maluco ainda me mata algum dia e não vai precisar de uma faca. Viro-me e empurro ele até a janela, puxando a cortina e cubro ele, me posiciono em frente a ele, segurando a cortina para cobrir a silhueta dele atrás de mim.
- Mana?. – Chama a minha mãe adentrando no meu quarto, é um hábito carinhoso dela de se referir a mim.
- Oi mãe, bom dia!. – Cumprimento sorrindo e engulo em seco. Conseguia sentir a respiração de Billy atrás de mim apesar da barreira de tecido entre nós.
- Bom dia, Ane. Que bom que veio passar o final de semana. – Ela cumprimenta minha amiga que segurava a porta de madeira que tentava suportar o tamanho do mais velho dentro do móvel.
- Eu amo estar aqui. – Ane responde sorrindo gentilmente.
- Lucy, eu vou só pegar algumas roupas e já vou indo está bem? Trabalhei muito e preciso descansar, vou dormir na casa do Adam. – Minha mãe avisa e apenas assenti.
Espero a minha mãe sair do quarto para me afastar da cortina, faço um sinal de silêncio para os três e sigo a minha mãe pela a casa, ajudando ela por suas roupas na bolsa enquanto ouvia sobre mais um dia exaustivo de trabalho dela, nossas conversas são sempre assim, ela reclama e eu apenas escuto, um hábito, não havia espaço para eu falar sobre o meu dia, quando tento reclamar sobre algo da minha rotina, minha mãe tenta minimizar comparando com algo do seu dia, sempre tentando contextualizar que pra ela é mais difícil, apenas me acostumei a ouvir e guardar, é mais fácil do que me questionar se sou invisível.
- Tem comida na geladeira e no armário se quiser cozinhar, tem dinheiro não é? Qualquer coisa liga para o telefone do Adam está bem?. – Minha mãe conclui antes de sair pela a porta, fechando atrás de si sem olhar para trás, nem mesmo me dando um beijo de despedida.
Respiro fundo e viro-me para trás, havia três silhuetas em cada degrau da escada me observando e cada um continha uma expressão diferente, Ane fazia beiço com um olhar triste, Stuart franzia as sobrancelhas com frustação e provavelmente confuso, Billy mantinha uma sobrancelha erguida com uma expressão séria, com certeza, estava irritado.
- Quer que matamos ela?. – Pergunta Stuart.
- O quê? Não!. – Respondo de imediato. – Venham tomar café. – Chamo enquanto caminho até a cozinha.

O decorrer do dia percorreu com um clima tenso, sentia aquele mesmo contrastes de três expressões me encarando tentando analisar meu humor ou algum sinal de trauma provavelmente. Estava sentada no sofá bebendo uma xícara de café e resmungo com aquele trio me observando.
- Dá para vocês três pararem com isso? Vão fazer alguma coisa. – Reclamo.
- Infelizmente, Lucy, só podemos te observar porque ainda não podemos sair por ai. – Responde Stuart. – Para a tristeza de todos. – Conclui dramático.
- É isso, imbecil, para todos estamos mortos em Woodsboro. – Sugere Billy e endireita a postura no sofá. – Podemos ir embora como a minha mãe até essa cidadezinha achar que está tudo bem e depois retornamos. – Ele diz com um sorriso tímido mas malicioso.
- Mas vocês vão para onde?. – Pergunta Ane com uma voz manhosa, provável que triste com a ideia.
- Nós vamos. – Corrige Billy. – Não podemos dirigir por ai. – Explicou. Confesso que no meu interior, gostei de me sentir ainda útil para ele.
Reviro os olhos e levanto do sofá, abro uma pequena fresta da cortina da janela da sala para observar a rua, quando coloco o rosto no pequeno espaço, dou um grito ao ver o policial Dewey me encarando de volta.

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