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É o dia seguinte, chego ao escritório que compartilho com a Willa, a secretária da empresa. Willa era jovem, mas se vestia como se tivesse 40 anos, seus cabelos estavam preso em um coque baixo, deixando seu rosto belo e jovem destacado. 

- Eu fiz uma lista de todas as tarefas importantes que precisam ser feitas. - indaga.

Willa mal tem tempo para conversar. Ela atende o telefone e envia e-mails constantemente. 

- As coisas são bem agitadas por aqui. - digo. 

Ficar presa no centro de administração da TecRate é algo totalmente desconhecido para mim. Prefiro uma perseguição em velocidade máxima do que me afogar em pilhas de papéis. 

- Você nem faz ideia. - Willa diz. - O dia ainda nem começou. Mas estou feliz por terem contratado uma assistente a mais.

- Não se preocupe. Pretendo facilitar bastante seu trabalho! 

- Isso é música pros meus ouvidos! 

Mesmo entre os telefones tocando sem parar e os e-mail e pedidos acumulando constantemente, ela consegue sorrir. Aparentemente é assim que ela sobrevive à monotonia do trabalho no escritório: com otimismo eterno.

- Você precisa confirmar a presença do Louis na conferência "Novos Líderes em Tecnologia", na Califórnia. - Willa pega um documento da mesa dela. - Aí você precisa entrar em contato com um dos investidores que for participar e marcar uma reunião privada entre ele e o Louis. Depois disso, você pode começar a responder os e-mails. Irei vinculá-la ao endereço de e-mail da empresa.

- Claro. - digo. 

Antes que Willa possa continuar, o celular dela toca e ela corre para atender. Relutantemente me sento e configuro meu laptop. Me esquivar de situações difíceis faz parte do meu trabalho real, e fazer isso com o trabalho chato de administração não é diferente. 

Além disso, quanto mais tempo perder respondendo e-mails, menos conseguirei investigar. 

Então sem jogar toda a cautela para o ar, rapidamente confirmo a presença de Louis na conferência "Novos Líderes em Tecnologia". Em questão de minutos também garanto uma reunião privada com o investidor. 

Willa volta para a sala e se enfia na frente do seu laptop, ficando extremamente focada no trabalho. Posso ver como ela está sobrecarregada de trabalho, espero que esteja ganhando bem para isso. 

Mas para mim é bom que ela esteja tão focada. Quanto mais ocupada ela estiver, menos prestará atenção em mim. 

Abro o navegador de internet e começo a pesquisar os produtos lançados anteriormente pela TecRate. Um artigo questionando a motivação para o Louis ter vendido o CheckMate, seu aplicativo e mídia social extremamente bem-sucedido, aparece. Sempre me questionei porque ele venderia algo tão popular.

O artigo também levanta outra questão: por que a TecRate decidiu focar em criar um chatbot chamado Chitter, ao invés de aproveitar o CheckMate?

O chatbot era um programa de computador que simula conversas humanas por comando de voz ou mensagem de texto. Era usado principalmente em plataformas de atendimento ao cliente, assumindo o papel que uma vez foi desempenhado por seres humanos.

Encontro algumas entrevistas no YouTube, nas quais Louis fala sobre a decisão de vender o CheckMate. Ouço atentamente depois de colocar os fones de ouvido. 

"Eu só senti que precisava de outro desafio." 

O entrevistador pergunta se ele não conseguiria manter o CheckMate e ainda assim aceitar outros desafios. 

A Espiã - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora