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Pouco tempo depois, me encontro com a agente Miller no Bar Bastille. O bar era animado e tinha uma decoração vintage, com a temática dos anos 80. Luzes coloridas e um globo de espelho imenso, enfeitavam o ambiente. Ainda temos um tempo antes do alvo chegar.

- Vamos pegá-lo hoje. Eu sinto. - indago confiante.

- O que eu tenho feito de errado? Como seduzir um cara como ele?

- Regra dos três segundos. - digo e Abigail me encara confusa. - Você não sabe sobre a regra dos três segundos? - questiono e ela apenas nega com a cabeça. - Você chama a atenção do cara do outro lado do bar. Sorrindo inocentemente, mas olhando nos olhos dele por um segundo. Então, desvia o olhar, sempre sorrindo ou conversando casualmente com seus amigos, obviamente sem dar muita bola para ele.

- Ok... - ela murmura enquanto me encara fixamente, prestando atenção em tudo o que digo.

- Espere alguns segundos e depois olhe nos olhos dele de novo. Dessa vez, olhe por dois segundos antes de repetir o que fez antes. Na última vez você vai com tudo. Três segundos. Em poucos minutos ele aparece do seu lado pra tomar uma bebida. Dependendo do quão introvertido ou extrovertido ele for.

- Uau... - indaga. - E onde você aprendeu isso?

- É uma técnica que eu mesma criei. Sempre funciona.

- É por isso que você é uma lenda.

- Você tem sua câmera aí? - digo enquanto vou tirando meu gravador da bolsa e ela assente. - Quando receber meu sinal, tire milhares de fotos dele, tá?

- Tá bom!

- E fique fora de vista. Nosso alvo chegou.

Vejo Willian Scott sendo levado à mesa que Miller reservou para eles. Willian era baixo com aproximadamente uns 40 anos, e pela cara de poucos amigos que entrou no bar, talvez não seja tão fácil como previsto.

- Boa sorte. - ela diz. - Vou me esconder atrás do vaso de plantas no bar.

Encerro a conversa com Miller e caminho até a mesa de Willian, esbarrando nela "sem querer".

- Me desculpe! - digo. - Eu devia cuidar por onde ando.

- Sim, devia. - Willian diz grosseiramente.

- Deve ser por conta de todas as bebidas. - digo. - Ah, e ainda levei um bolo de um cara. - faço beicinho com os lábios de forma dramática.

- A vida é uma merda pra todos, querida. Acostume-se.

Miller não estava brincando. Esse cara é osso duro de roer, mas ele ainda não me conheceu.

- Você precisa de companhia? - questiono, canalizando a sedutora que existe em mim.

Willian me olha de cima a baixo. Há um brilho nos olhos dele que reconheço muito bem. E eu tinha razão, por trás dessa atitude rígida tem um cara morrendo de vontade de se divertir.

- Sente. - ele me convida e decido me sentar na frente dele, mas ele balança a cabeça abruptamente. - Não. Aqui! - ele diz apontando para a cadeira ao lado dele.

Assim que me sento, Willian começa a me tocar. A mão dele desliza pela minha coxa, provocando arrepios na minha espinha e não do tipo bom. Isso é tão nojento, ele é péssimo. Mas aguento para conseguir a evidência que preciso.

Apesar de tudo estar correndo como previsto, pelo microfone não dá pra saber que ele está me apalpando. Preciso fazê-lo falar.

E depois de inúmeras tentativas de fazer Willian Scott falar algo comprometedor e não conseguindo nada, recorro a outros métodos. Decido fazer um sinal para Miller, mas antes, coloco a mão na virilha protuberante de Willian. O prazer está claramente visível no rosto dele. Gotas de suor se formam no lábio superior dele, o que me deixa enojada.

- Você gosta disso? - pergunto e ele apenas assente. - Toda vez que você beija meu pescoço, eu tenho uma reação automática que me faz apertar. Curioso isso.

Willian então cai na minha. Viro a cabeça para o lado, fazendo um sinal para Miller. Ela aparece correndo com a câmera. No momento seguinte, Willian e eu estamos sob a luz forte de vários flashes.

- O QUÊ?! - Willian se levanta em um pulo. - Isso é uma armadi... - ele cai em si quando vê meu gravador.

- Isso aí, amigo! - digo. - Nos conte como está se sentindo.

Willian corre para a saída do bar momentos depois, deixando Miller e eu sozinha na mesa.

- Nossa, a expressão na cara dele não tem preço. - Miller diz enquanto ri. - Você é genial, Emma!

O toque do meu celular interrompe minha felicidade e é o Jeffrey. Tento ir para um lugar mais tranquilo e sem tanto barulho para atender a ligação de Jeffrey.

- Tudo certo? Pode falar?

- Sim.

- Parece que acabou pro Willian Scott. - Jeffrey diz animado.

- E você ainda duvidou?

- Nem por um segundo. Mas, você precisa ir pra Seattle. - Jeffrey informa. - Só um aviso, tem uma surpresa esperando por você lá. Sua nova vizinha lhe dará a chave o seu novo apartamento. Vou enviar os detalhes da localização. 

- Uma surpresa? - questiono.

- Preciso ir. - Jeffrey não responde minha pergunta. - Boa sorte, agente e mantenha contato. 

Encerramos a ligação, satisfeita comigo mesma. Antes de sair do bar, troco mais algumas informações com a agente Miller. Ela está visivelmente mais calma e mais tranquila do que quando nos encontramos pela manhã. 

Ao sair do bar, pego um táxi até meu apartamento. Não tive muito tempo para curtir meu lar, mas já preciso sair e ir para Seattle correndo. Não sei o que me espera nessa missão, mas confesso que estou animada para ver o que me aguarda.

A Espiã - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora