Capítulo 6
Cassiopeia
Quando cheguei no escritório de contabilidade onde eu trabalhava, Morgana estava sentada em minha mesa e balançava as pernas enquanto me esperava entrar.
O escritório era grande, com um espaço amplo onde Morgana e eu trabalhávamos com mais cinco pessoas, dois rapazes e três moças. Nossos superiores se dividiam em três salas adjacentes.
Arqueei uma sobrancelha ao ver a folga da minha colega de trabalho e cheguei a conclusão de que a chefia ainda não tinha chegado, do contrário, ela não estaria naquela tranquilidade. Notei também que ela não era a única a me esperar, considerando os pescoços que quase sofreram uma lesão ao girar na direção da porta quando eu entrei.
A língua da Morgana deve ter trabalhado freneticamente na fofoca.
— Bom dia — disse de uma só vez a todos os presentes. Eles me responderam de volta, mas me olharam desconfiados. As garotas estavam com cara de safadas e os garotos pareciam prestes a correr de mim. — Perguntem logo o que desejam saber.
Morgana saltou da mesa batendo palmas e uma roda se formou à minha volta enquanto o interrogatório começava.
— Não aconteceu nada, o GP era um maluco da máfia que quase me matou em uma explosão e depois me sequestrou. Por pouco não virei escrava sexual de um prostituto mafioso.
É claro que eu não contaria os detalhes deliciosos que antecederam o pandemônio da noite.
Eu não daria pérola aos porcos.
— Colega, que livramento! — Os rapazes demonstraram preocupação por tudo o que sofri durante a noite. Eu agradeci, é claro, pois sou uma moça educada.
Já as garotas, disseram que gostariam de viver uma noite tão emocionante quanto.
Por isso os detalhes sórdidos foram ocultados.
Eu apenas respirei fundo para não perder a paciência diante da inocência delas.
— Mas você ainda tem outro encontro, não é? — Morgana se lembrou. A safada não deixaria passar.
— Foi o acordo que fiz com a minha mãe. Então, sim.
— Posso saber se Dona Doralice cumpriu com a parte dela e encontrou um homem decente?
— Não sei se é possível encontrar homens realmente decentes em uma boate, mas ela conheceu um viúvo.
Líder da máfia italiana e psicopata que matou a esposa. Ou pior, um adúltero sem vergonha.
— Nossa, que inveja — disse a garota de cabelo preto que mais parece um personagem de anime —, a vida de vocês é tão movimentada. Posso sair com a sua mãe algum dia? — Apenas balancei a cabeça, concordando, enquanto concluía que as garotas presentes seriam filhas mais certas para mamãe do que eu.
— Agora, me fala sobre essa maquiagem no estilo messy girl — falei com Morgana. — Até ontem você era a perfeita clean girl. O que mudou? — Eu estava curiosa para saber o motivo do seu rostinho ter mudado de anjinha para rebel girl.
— Decidi que precisava repaginar. O tempo que passei com sua mãe e sua tia Mimi, me fizeram sair da bolha em que eu vivia. Se eu quiser me sentir viva, precisarei viver.
Eu sabia. Aquelas duas são má influência para garotas inocentes.
Um barulho de porta de carro batendo do lado de fora chamou nossa atenção, então foi uma correria, saltos batendo no chão, alguém xingando porque bateu o joelho, cadeiras arrastando… então, a maçaneta da porta girou.
Silêncio.
Éramos uma perfeita sincronia de pessoas concentradas no trabalho.
Então, abruptamente, olhamos uns para os outros, a derrota estampada em nossas caras depois que a chefia entrou em suas salas adjacentes.
Nos lembramos que o escritório possuía câmeras.Apolo Arcângelo
— Nossos pais querem nos ver no próximo fim de semana. — Hermes roubou o hambúrguer do meu sanduíche quando minha atenção foi totalmente direcionada para o que Dionísio falou.
— Eles têm reclamado bastante sobre nossa ausência, mas a cada dia está mais difícil esconder o que fazemos — Dionísio falou, prestes a pegar seu sanduíche, que agora tinha um hambúrguer a mais. Eu fui mais rápido e dei uma bela mordida.
— Caralho, Apolo, que tamanho de boca é essa? Porra, quase levou meu almoço em uma única mordida — ele reclamou feito um bebê chorão.
— Eu não posso ir para a Flórida agora, estou prestes a concluir esse trabalho e não vou perder o foco. Por que vocês dois não vão? — falei enquanto mastigava.
— Não deixaremos você sozinho, cara.
— Bobagem, eu nunca fico sozinho. Morar em Miami enquanto nossos pais ficam na Flórida, é liberdade. Eles não suportariam a nossa rotina diária e viveriam com o coração na mão, especialmente depois dos últimos meses.
— É foda, Apolo. Eles sofreriam com lembranças, com certeza — Hermes disse, parecendo distante.
— Até quando vai evitá-los, Apolo? — Dionísio me repreendeu.
— Não consigo olhar nos olhos de nossos pais, a culpa me destrói — falei, abaixando os olhos com tristeza.
— O desaparecimento de Perséfone não foi culpa sua — Hermes tentou me consolar, mas nada poderia diminuir a minha dor.
— Eu estava no cinema com a nossa irmã quando ela foi levada. Foi um pequeno descuido, uma distração boba que transformou a vida de nossos pais em um inferno — falei, relembrando o pior dia da minha vida.
— Quem poderia imaginar que uma adolescente desapareceria enquanto ia ao banheiro de um cinema? — Os olhos dos meus irmãos marejaram de lágrimas, mas as minhas secaram depois de tudo o que aconteceu.
— Não saber se está morta ou viva é a maior tortura — falei com o coração esmagado no peito.
— Nossos pais nunca culparam você, Apolo.
— Eu sei, Hermes. Mas isso não diminui o peso que coloquei sobre meus ombros depois daquele maldito dia.
— Eu não queria piorar mais o clima ao nosso redor, mas, vamos falar sobre a garota da agência que desapareceu — Dionísio começou.
Hermes e eu nos ajeitamos na cadeira da lanchonete onde estávamos almoçando para digerirmos tudo aquilo.
— Aquela explosão no seu quarto foi distração, apenas. A polícia levou os três homens que você deixou desacordado em frente ao quarto. Eu ainda não sei o que eles disseram à polícia, mas descobrirei em breve.
— Explodiram uma porta aleatória, apenas por distração? E os três brutamontes que me atacaram? Sem falar que vocês me ligaram desesperados para que eu saísse rápido do hotel.
— Eu sou um hacker, cara, não sou vidente — resmungou Dionísio.
— E eu pensando que estavam atrás de mim, até uma fuga de carro aconteceu, inferno. — Passei a mão em meus cabelos enquanto a frustração me envolvia com força.
— A fuga não foi real — Hermes soltou, me deixando com raiva de verdade.
— Eu quero matar vocês dois. Ferraram com a provável melhor foda da minha vida — disparei, revoltado.
— Cassiopeia começou a fazer perguntas, eu precisava desviar os pensamentos dela de alguma maneira — Hermes fez cara de inocente.
— E achou que fazê-la acreditar que estava sendo perseguida seria melhor? — Ele balançou os ombros em uma demonstração clara de quem estava pouco se importando com o que eu pensava de tudo aquilo. — E agora Rocco chamou outro GP para terminar o que eu não tive chance de fazer. Cassiopeia deu a entender que não me queria mais, então, perdi a chance.
— Eu posso dar um jeito nisso, mas, realmente quer tanto essa mulher? Confesso que nunca vi você desanimado por perder um programa — Dionísio me observou com curiosidade.
— É questão de honra para mim. A sensação que tenho é que fui pesado, medido e considrado insuficiente, neste caso, incompetente.
— Sabe que não foi culpa sua, não é? — Hermes me olhou com cara de psicólogo.
Idiota.
— Óbvio que não foi, eu sei.
— E então, quer que eu mexa os dedinhos nos teclados do sistema da agência e arrume as coisas para você?
— Sim, por favor.
— Está ciente de que pode ser preso, não é? — Dionísio tentou me dissuadir. — Se ela enlouquecer quando ver você outra vez, aí ferrou, cara. É cadeia.
— Eu não me importo — falei decidido.
— É você quem manda, chefe.O que será que o Apolo vai fazer?
Seja lá o que for, podem apostar que vai deixar Cassiopeia cuspindo fogo kkkkkk
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Me apaixonei por um GP - Garoto de Programa
RomanceMulher traída? Confere. Mãe maluca e tia mais doida ainda? Confere. Boy lindo e gostoso? Confere. Cassiopeia se sente no fundo do poço após ter sido traída. Sua mãe, sempre alegre, não quer ver sua amada filha em tal situação, então, prepara a únic...