Capítulo 3

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       Jisung estava felizinho demais pra quem teria que pagar oitocentos reais no conserto de uma televisão que ele nem costumava assistir, mas era simplesmente porque Seo Changbin era um cara bondoso demais e fez uma proposta pro seu inquilino, logo depois que Minho caiu no chão:

– Tudo bem, seu crianção. Vamos fazer o seguinte: Invés de você pagar o conserto da TV você vai decorar toda a pensão voluntariamente, assim eu não vou ter que contratar ninguém pra isso e posso consertar a TV com esse dinheiro. E para com essa cara de cachorro pidão!

       Bom, não era um trato desvantajoso. Talvez um pouco pra Jisung, porque trabalharia sem receber nada, mas não pra Changbin. Jisung sabe fazer mágica com um pincel e tinta em mãos.

Sem piadinhas

       Claro, o curso de Desing lhe rendeu muito conhecimento, mas ele só está no terceiro período. Na verdade ele já gostava de arte desde pequeno, sempre tendo um olhar diferente pras coisas, sempre vendo em manchas estranhas desenhos óbvios pra ele, mas invisíveis para as outras pessoas. Desde que chegou na pensão sempre teve ideias para decorar uma coisinha aqui, outra ali. A porta da entrada foi o primeiro trabalho lhe rendendo 100 reais. Ele nem tinha cobrado, mas Bangchan achou um absurdo ele ter feito um trabalho tão bem feito e não receber nada em troca.

Tinha esperança que ele pensasse o mesmo agora.

       Agora levando Minho pra dar um passeio ele agia como se não tivesse acabado de rachar a tela de uma TV de 42 polegadas com a força de um Air Jordan 4 retro, que diga-se de passagem, adicionado a força do ódio de Jisung, se torna uma arma em potencial.

       Minho ao lado daquela criatura sorridente e extravagante simbolizava o encontro de duas espécies diferentes. Ele ainda estava todo suado e com a roupa amarrotada, todo vestido de branco e cinza. Jisung estava tomadinho banho e perfumado, e cada peça de roupa vibrava uma cor diferente.

       Minho não costumava ser tão desarrumado, é que realmente, dada as circunstâncias turbulentas da vida de nosso protagonista, o universo não está indo muito com a cara dele.

– Bom, aqui não tem nada de especial, é só a entrada que você já viu, afinal você não entrou pelo chão, né – Jisung falava pelos cotovelos passando pela porta da frente com Minho ao seu encalço. – Quer dizer, pra mim você entrou. Ou melhor, caiu no chão – A piadoca não arrancou risadas de Minho, apenas um sorriso amarelo.

– Eu levantei no susto com o barulho da televisão caindo – Disse. – Tava com sono ainda...

– Ah, me desculpa. É que aquela capeta daquela Barbie oxigenada ficou tirando minha concentração e eu perdi o jogo. Levei gol aos 45 do segundo tempo, man! Aí eu tive que tacar alguma coisa nele e as únicas coisas que tavam perto era uma almofada e meu tênis, e uma almofada não machuca, mas infelizmente aquele infeliz é muito rápido – O coitado se explicou. – Aí você já sabe o resto. Vem cá, cê tava ouvindo atrás da parede?

– Aaann...não. Não, na verdade eu tinha acabado de sair do quarto e tropecei, enfim – Mudou de assunto. – O senhor Changbin disse que tem coisas especiais nessa pensão que só um morador antigo pode me mostrar. Isso soou mais como uma jura de maldição, mas... – Deu uma pausa dramática. – ... é que eu ainda nem arrumei minhas coisas e preciso muito tomar um banho.

– Calma, gafanhoto! Vou te mostrar tudo. Tem que ser rápido? Não esquenta, o pai aqui é rápido em tudo – Disse, logo voltando atrás. – Quer dizer, nem em tudo. – Minho fingiu que não ouviu.

– Olha, eu sei que o senhor Changbin te pediu, mas de verdade, não precisa.

– Tá com medo de mim? – Perguntou. Minho olhou pra cara dele como se fosse idiota. – Eu não mordo não, mano.

Pension and Passion | MINSUNGOnde histórias criam vida. Descubra agora