Capítulo 22

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Jisung tinha acordado no meio da noite. Na verdade, o mais certo era dizer que ele cansou de ficar se revirando na cama sem conseguir dormir e se sentou de uma vez, provavelmente assustando o espírito maligno que rondava seu quarto com a ação repentina. Ele não conseguia dormir, sua cabeça não parava de trabalhar.

Já haviam se passado horas que foi com Minho ao supermercado, mas não conseguia parar de pensar no garoto de cabelos castanhos e óculos quadrados e em como ele ficou adorável fugindo de Jisung pelos corredores do mercado como se fosse um jogo de pique-esconde. Ele ria ao lembrar de Minho sentado no chão atrás da mesa de repolhos.

Jisung tem a terrível mania que provavelmente você, leitor, também tem, de ficar imaginando cenários de possíveis acontecimentos que com certeza não vão acontecer. Suas loucuras noturnas começavam assim que colocava sua cabeça no travesseiro e iam até que caísse no sono, mas algumas vezes sua imaginação o deixava tão ansioso que perdia completamente o sono e precisava levantar antes que o coração saísse pela boca.

Suas loucuras iam de "E se eu chegasse no Minho e dissesse que ele é lindo?" - como se ele já não tivesse feito isso - e formava todo um roteiro pra essa cena, até "E se o Minho chegasse em mim e me tacasse um beijão, aí a gente ia se pegando pelo corredor da pensão até chegar no quarto, e aí ele puxa meu cabelo e depois me joga na cama, e aí..."

É, Jisung tem muita imaginação.

Mas pensar nessas coisas deixava o garoto nervoso. Ele não conseguia controlar os próprios pensamentos e ficava irritado consigo mesmo. Nem sabia o que estava sentindo de verdade e isso o deixava irritado. Nunca gostou de não entender as coisas que passavam pela própria cabeça. O mundo já era muito confuso pra não entender nem a si mesmo.

Sentado na cama olhando pra parede de frente, que dava pro quarto de Minho, Jisung bufou tão alto que todo o ar saiu do seu corpo. Então fechou os olhos e respirou fundo tentando acalmar o peito que ainda batia forte. Se desenrolou de uma vez e levantou, indo até o sofá que gravava suas lives e se jogando enquanto abria o twitter no celular.

Ao entrar no aplicativo já deu de cara com um vídeo com sua cara na capa. Era um corte da live que ele tinha feito horas antes, tentando não fazer tanto barulho pra não acordar Minho.

Jisung já tinha jogado Minecraft, Valorant, League of Legends, Call of Duty, Crackdown 3 e o Free Firezinho de sempre, quando ao morrer pela sétima vez nos primeiros dez minutos de Sexta feira 13, ele encarou a câmera e os seus 53 mil telespectadores e começou a filosofar.

- Vocês já sentiram que tão enlouquecendo? - Disse olhando pra câmera por longos segundos até continuar o raciocínio. - Tipo, vocês já sentiram um frio na barriga bizarro que parece que você tomou um tiro de fuzuca bem no meio do estômago e sua boca não para no lugar quando você tem que falar, parece que você só sabe sorrir igual um idiota? - Questionou olhando o chat. Algumas pessoas riam da sua cara, já outras diziam que conheciam essa sensação. - Exatamente, Claudinha_23!! - Se empolgou com um comentário e quase pulou no sofá - Parece que sua barriga tá com frio, mas só a barriga. Isso é bizarro demais!

Jisung foi passando os comentários no chat e agora já tinham muitas pessoas indo na sua onda e contando que se sentiam assim também. Até que bateu os olhos em um comentário.

- Apaixonado é foda? Não, mas eu não tô apaixonado, gente! Não é isso, guys. Cês tão muito emocionado. Eu acho que eu fico nervoso porque tenho medo dele me bater - Contou. - Mas ao mesmo tempo ele é lindo e eu queria beijar ele. Mas não é, sla, namorar nem nada, não tamo indo pra esse lado. É mais nervosismo porque eu sou um baita de um idiota e invés de um beijo eu posso levar um socão - Jisung agora ria, mas os comentários que se seguiam eram todos o zoando por estar apaixonadinho. - Para pô, ele meio que me odeia, gente. E o pior é que tem motivos pra isso. Será que é tão difícil ter um amor simples, universo?! - Gritou pro teto do seu quarto.

Pension and Passion | MINSUNGOnde histórias criam vida. Descubra agora