◊ Capítulo 10 ◊

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    De fato, seu pai chegou pela manhã. A carruagem real se aproximou, triunfante e chamativa como o rei, pela estrada principal em curvas. Os criados se posicionaram em fileiras na frente da casa para receber seu senhor e, quando a carruagem parou, as flores pareceram conter o seu desabrochar em expectativa. Então a porta foi aberta e seu pai desceu, seguido por dois guardas de uniforme rosa e azul marinho. Ele deveria cumprimentar os criados, descansar por algumas horas, então depois de atualizar-se e resolver um problema ou dois, poderia se encontrar com os filhos e discutir as questões familiares.

   Nos continentes vizinhos, seu pai era conhecido por sua esperteza, sua forma certeira de tirar conclusões sobre as situações. No entanto, dentro de Ulera, seu próprio continente, seu próprio palácio e lar, o rei era uma pessoa mais informal e menos exigente. Mais pai, quem sabe.

   Sendo assim, ele subiu as escadas da casa e disse:

— Estou faminto como um urso!

    Os criados se levantaram da referência que estavam em igual velocidade e um grupo de afastou, provavelmente para preparar comida para o rei.

— Seja bem-vindo, Vossa Magestade — desejou a governanta, com sua voz ranhenta e rouca. — Espero que tenha feito uma boa viagem.

    Ele fez um gesto polido e educado como cumprimento.

— Minha viagem foi
tranquila. Encontrei uma estalagem bastante agradável entre Cynnea e Colterre, mas não posso dizer o mesmo do vilarejo... — Balançou a mão. — Talvez pense nela depois. Onde estão meus filhos?

— Na sala de visitas, Vossa Magestade.

    Por dentro, Soleil's Maison era um colírio para os olhos, com sua decoração em tons quentes. Os móveis eram todos feitos à mão, talhados com detalhes ornamentais, semelhantes aos detalhes no teto e nas paredes. As janelas eram grandes e convidativas para a luz do sol, e os tapetes persas, apesar de pisoteados e ignorados, traziam vida e cor para o piso. Quanto aos cômodos, espaçosos e arejados, tal como um piquenique na grama, acompanhavam a sala de visitas do segundo andar, nem um pouco diferente destes.

— Pai — cumprimentou Edgar, meneando a cabeça.

    As cores no ambiente eram as favoritas do rei: creme, dourado e verde claro. Ele se sentou na poltrona estofada perto da janela, quase tão antiga quanto a própria propriedade.

— Olá, papai — disse Eudora, acomodada numa cadeira.

   A porta foi aberta e, enquanto olhava o criado servir sua comida, o rei foi direto ao ponto:

— Alguém me explicará o que aconteceu ou terei que descobrir por mim mesmo — decretou. — Pouquíssimas coisas fazem um rei viajar de forma tão urgente e eu apreciaria se minha família não fossem uma delas.

    Eudora abaixou o olhar, apreensiva como sempre ficava ao ganhar um sermão, e o pai prosseguiu:

— Como homem, no entanto, fico agradecido. Precisava de uma desculpa para ver o mar. As águas perto de Olyn não são bonitas como aqui.

    Outro instante se passou, Laurent Chamye analisou o que comeria, e nenhum dos seus filhos proferiu uma palavra, logo, ele agarrou um biscoitinho e disse:

— Como pai, fico preocupado.

    Então enfiou o biscoito na boca. Ele coube por inteiro, era minúsculo e delicioso. O pai ainda mastigava, paciente, quando viu Edgar perder a paciência.

— Ela está tendo um caso — declarou.

   Eudora virou-se alarmada para o irmão.

— Edgar!

Cindy e Ela [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora