Capítulo Sete.

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A adrenalina se alastrou por cada centímetro do corpo sob o lençol dourado.

O que Lilith queria consigo agora?

Já não havia lhe castigado o suficiente?

Se surpreendeu ao notar o loiro libertar sua forma demoníaca, como se estivesse pronto para uma luta corporal. A serpente albina presente em seu chapéu rodeava seus dois chifres escarlates com ferocidade, ao mesmo tempo em que sua cauda agitava-se cada vez mais conforme Lúcifer se aproximava da porta. Seus olhos expressavam uma raiva contida, prestes a ser liberta. 

A porta foi aberta com brusquidão.

A cabeça de Alastor ficou ainda mais confusa quando o silêncio preencheu o quarto. O loiro, anteriormente, parecia pronto para trocar socos com quem quer que fosse, mas, agora, parecia ter petrificado no lugar.

Abandonando sua forma demoníaca, apresentando uma súbita timidez inesperada, Lúcifer afastou-se da porta, dando a Alastor uma visão inédita de uma Vaggie aterrorizada.

- D-desculpa! - Pedia o loiro em um sorriso desconcertado - Pensei que fosse outro alguém.

- Ah... Certo... - Ditava a garota pausadamente, em assombro - Eu... Não sei se devo perguntar o motivo de vocês estarem juntos, ainda mais no quarto do Alastor.

- O anão tarado resolveu invadir meu quarto na calada da noite.  - Resumiu o demônio sorrindo voluptuosamente enquanto sentava-se, deixando o lençol cair próximo de seu abdômen.

Riu, sem pudor, da expressão estupefata de Vaggie ao ver seu tórax desnudo. Não precisava pensar muito para saber o que Vaggie imaginava ter acontecido naquele quarto.

Era uma pena que, na realidade, não tenha acontecido.

- Eu já disse que não fiz nada! - Exclamava o loiro, emburrado.

- Pois deveria ter feito.

Era explicitamente óbvio para todos naquele hotel que o demônio adorava ver a irritação transbordando pelos olhos de Lúcifer após suas provocações e alfinetadas. Entretanto, seu hobby havia mudado. Admirar o embaraço e a vergonha do baixinho era, inexplicavelmente, muito mais prazeroso do que enxergar sua ira.

E, no momento, Lúcifer parecia estar tendo um colapso interno.

- Eu... Realmente não quero saber dessa... Esquisita... Intimidade entre vocês. - Dizia Vaggie, encabulada - Só vim aqui porque tem um cara sinistro requisitando a sua presença lá em baixo, Alastor.

- Quem?

- Parece ser alguém importante, porque ele é tão arrogante quanto você.

- A palavra correta é "confiante"! - Corrigiu - "Tão confiante quanto-

- Arrogante. - Cortou Vaggie, rolando os olhos antes de bater, com força, a porta.

O cômodo atingiu uma nova linha tênue de um silêncio desconfortável.

O loiro ainda parecia colapsado pela resposta de Alastor. O que ele deveria ter feito?

Aquilo foi uma permissão?

- Então... Acho que vou precisar de roupas novas. - Comentou de forma simpática.

A cabeça do Senhor do Inferno parecia estar entrando em combustão!

Em um momento o demônio estava flertando consigo e, no outro, Alastor agia normalmente.

Isso estava confundindo-o cada vez mais!

O demônio queria ou não uma aproximação física?

Lúcifer não sabia.

As falas e ações do demônio eram contraditórias.

Uma hora o cortejava, outra hora caçoava de sua altura.

Todas essas dúvidas causavam receio e hesitação no loiro que, por mais que tentasse, não conseguia desvendar os mistérios dos pensamentos de Alastor.

...

Ah, Foda-se.

Agarrando fortemente a mandíbula do demônio, Lúcifer uniu suas bocas em um beijo violento e lascivo.

Somente na prática poderia descobrir se o demônio o desejava ou não.

Alastor não se afastou. No entanto, não retribuiu seu beijo.

Estaria surpreso demais para corresponder?

Afinal, até o próprio Lúcifer estava surpreso com a sua repentina coragem de beijá-lo.

Ou o demônio não havia gostado?

Um aperto incômodo no peito fez com que Lúcifer se afastasse.

- Desculpe. - Pediu. Mas, não conseguiu se afastar por completo ao vislumbrar os olhos completamente hipnotizados de Alastor.

- Acho que virei, oficialmente, pai da Charlie.

Ambos riram genuinamente.

Buscando permissão nos olhos dourados de Lúcifer, a qual lhe foi concedida rapidamente, Alastor iniciou um beijo terno e caloroso enquanto suas mãos se esgueiravam sorrateiramente para dentro do terno branco do loiro.

Lúcifer também não ficava para trás, emaranhando seus dedos entre os fios avermelhados do demônio com uma mão, e deixando leves arranhões pela cintura sob o lençol com a outra.

Isso não era o suficiente.

Eles queriam mais.

Afastando de vez o lençol sobre o corpo desnudo de Alastor, Lúcifer teve a visão privilegiada dos arranhões tênues que causou pela cintura e parte do abdômen do demônio. No entanto, as marcas que não eram suas, aqueles curativos contrastando com a pele morena de Alastor, ainda o deixavam enraivecido.

Antes que pudesse tocar a pele exposta, escutaram batidas fortes e apressadas por detrás da porta.

- Alastor, o que está fazendo? - Era a voz de Vaggie - A visita já está impaciente de esperar por você!

~
Alastor não havia se acostumado com o aperto desconfortável das bandagens, e tudo piorava com o aperto extra do corset masculino que trajava, visto que suas vestes costumeiras ainda estavam secando.

Óbvio, ainda se sentia tão bem-apessoado quanto antes, tanto com o corset, quanto com o sobretudo negro que vestia. Mas, por conta de seus ferimentos recentes, aquela vestimenta lhe causava um tremendo incômodo.

- Olá, meu não tão querido amigo da era jurássica. - Cumprimentou a tela, em um sorriso sarcástico, ao avistar o demônio no alto da escada.

- Olá, Vox.

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