Há sete anos ele se foi.Não deixou rastros, não deixou uma única informação sobre seu paradeiro.
Buscou em seus ecrãs durante dias a fio por alguma pista, alguma localização. Mas, as telas pararam de travar.
Alastor não estava mais nos alcances de suas câmeras.
Num primeiro momento, Vox comemorou como se não houvesse amanhã.
A concorrência estava fora do seu caminho!
A tecnologia ultrapassada havia cedido, dando espaço para as inovações do futuro. Seu status se elevaria ainda mais!
Alastor, por fim, se arrependeu de não ter ingressado nos Vees?
Vox estava feliz, e nada poderia arruinar seu estado compulsivo de empolgação, exceto o causador dela.
Velvette foi rápida em notar a obsessão de Vox pelo Demônio do Rádio. Valentino desacreditou, mas, logo nas primeiras noites em que Vox os acordava choramingando pelo nome de Alastor, Valentino tomou para si a tarefa de consolar uma TV de 25 polegadas noite após noite.
A teoria de Velvette foi extremamente precisa e certeira.
Vox possuía uma paixão platônica e encubada pelo demônio.
~
Suspendeu a respiração por influência da sensação gélida surgindo da altura de sua barriga.Alastor ficava ainda mais enigmático em vestes negras.
- Olá, meu não tão querido amigo da era jurássica. - Cumprimentava sorrindo sarcasticamente ao ter a visão de seu, e somente SEU, rival descendo as escadas.
- Olá, Vox.
A indiferença em sua voz causava frustração em Vox, ocasionando pequenos tiques no visor de sua tela.
- Vou direto ao ponto, demônio pré-histórico. - Ditava a tela, mantendo o sorriso desdenhoso - Sabendo que você é da antiguidade e, provavelmente, não sabe o que é um celular-
- Você não tem celular? - Cortou Lúcifer, horrorizado.
A estatura do loiro era tão baixa que Vox não havia notado sua presença atrás de Alastor.
- Não.
- HÁ! Que coisa mais antiga! - Caçoou Lúcifer, satisfeito com a pequena reverência que Vox fazia perante a sua presença. Aparentemente, era o único demônio que respeitava sua hierarquia naquele lugar - Se quiser, eu posso te ensinar a usar. Parece difícil no começo, mas, depois você pega o jeito!
- Não preciso dessa tecnologia frívola.
- E é por conta desse seu pensamento arcaico, que estou aqui. - Retomou Vox - Ao anoitecer, haverá uma breve reunião entre os Overlords, visando uma discussão sobre a funcionalidade desse... "Hotelzinho bem-intencionado". Em suma, Carmilla se interessou por esse "projetinho benevolente" da princesa, afinal, foi o Hazbin Hotel quem impediu o último extermínio. Além de ter ceifado muitos anjos, incluindo Adão.
- Então Charlie também irá. - Afirmou Alastor enquanto servia uma bebida para si mesmo, visto que seu barman dormia profundamente sobre o balcão - O projeto é dela, não meu.
- Não tenho nenhuma objeção. - Assentiu Vox.
- Provavelmente, também estarei livre nesse horário. - Comentava Lúcifer, pensativo - Acho que vou acompanhar vocês.
- Fala como se fosse alguém ocupado. - Ironizou Alastor, expandindo um sorriso sarcástico - Além do mais, quem disse que anões são permitidos na edificação dos Overlords?
Perplexo, Vox levantava uma sobrancelha considerando a coragem e ousadia de Alastor em tratar o Rei Infernal daquela forma.
Que tipo de intimidade era aquela entre os dois?
- Se permitem até seres da antiguidade como você, devem permitir baixinhos também!
Ao mesmo tempo em que havia assumido sua estatura prejudicada, Lúcifer havia achado, simultaneamente, uma forma de provocar o demônio, visto que os tiques nervosos nas pálpebras de Alastor eram, claramente, visíveis.
Ah, mas ele não deixaria barato!
- Deve ser muito difícil para você, miniaturinha de gnomo. - Revidava o demônio enquanto oferecia, satisfeito, um sorriso desdenhoso para o loiro - Um ser divino, caído, verticalmente prejudicado e com uma cabeça desproporcionalmente grand-
- Como é? - Vociferava Lúcifer, estupefato com tamanha audácia de Alastor.
- Resumindo, ele te chamou de pequeno. - Esclareceu Husk, acordado e acostumado com o atrevimento de seu "chefe".
- Vou mostrar pra ele o que é "pequeno"! - Ripostou o Morningstar.
Dito isso, o saguão caiu em um súbito silêncio com todas as cabeças voltadas para Lúcifer, que não entendeu o duplo sentido de sua própria resposta.
- Seria muito adequado que Lúcifer apoiasse Charlie nesse evento. - Irrompeu, das escadas, uma voz de autoridade - Afinal, esse hotel é uma das coisas mais preciosas de nossa filha.
Lilith poderia estar falando com Lúcifer, mas seus olhos estavam cravejados na alma de Alastor. E, naquele momento, o demônio soube que a mulher já possuía um plano cuidadosamente articulado, estudado e obstinado no fundo de seu âmago para colocar um fim no projeto de Charlie.

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Humor- Deve ser muito difícil para você, miniaturinha de gnomo. - Provocava o demônio enquanto oferecia, satisfeito, um sorriso desdenhoso para o loiro - Um ser divino, caído, verticalmente prejudicado e com uma cabeça desproporcionalmente grand- - Como...