Capítulo Treze.

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- Oh, então ele subiu mesmo? - Aquela voz carregada de sarcasmo, convergia com sua feição inóspita. Sua carranca apenas piorou ao perceber o trincado que sua taça de vinho sofreu por conta da força que a segurou - Então vamos fazê-lo cair, não é?

Os boatos eram verdadeiros.

Alastor, surpreendentemente, conseguiu provocá-la ainda mais.

- S-sim. - Respondeu o primeiro ex-demônio dos céus, completamente trêmulo.

Ele não queria contar.

Ele não queria obedecer.

Mas, o que poderia fazer perante a um ser inimaginavelmente mais forte que si?

Se arrependimento matasse, Sr. Pentious teria morrido mais uma vez!

- Oh, cobrinha, você está tremendo tanto que estou começando a ficar com pena de você. - Sua feição voltou a se tornar impassível, contrastando com sua voz carregada de ironia - Não há nada a temer, querido. Continue me passando informações relevantes como essa, que nada acontecerá com você e sua alma, sim?

Inicialmente, ao saber que Lilith estava nos céus, Sr. Pentious não tardou a se aproximar com um plano totalmente ingênuo e mal feito. Visava convencer a Rainha Infernal a trazer Cherry Bomb para os céus, para enfim, terem o amor romântico do qual tanto sonhou. Foi um tremendo balde de água fria em sua ilusão quando a mulher recusou seu pedido e acorrentou sua alma à força. O preconceito que sentia em relação aos demônios, não a deixava acreditar em redenção. Para ela, um demônio era um demônio e isso nunca mudaria. Mesmo que, hipocritamente, Lilith ainda se apossasse do título de "Rainha do Inferno".

- Certo... - Desiludido e com lágrimas embaçando sua visão, Sr. Pentious rastejou sem rumo para longe daquela mulher.

Por mais que Lilith notasse a hesitação constante do ex-demônio Sr. Pentious em relatar-lhe informações, ele era seu serviçal favorito. Todo aquele medo, aquele temor e desespero perante a sua presença, o tornava seu servo mais fiel.

Alastor, por mais que tivesse inúmeras qualidades como persuasão, manipulação e força, ele a desafiava constantemente.

Alastor não a temia como os outros.

O cervo ainda não reconhecia seu lugar, o qual era de baixo do salto da Rainha do Inferno.

Mas Lilith o faria reconhecer.

Iria derrubá-lo, à força, dos céus!

~
Odiava chá.

Embora os efeitos calmantes das ervas o ajudassem a relaxar, Alastor sentia falta daquele aroma inebriante de seu café forte, preto e sem açúcar.

- Então você foi mesmo pro inferno, mocinho? - Questionou a morena, pouco se importando com os olhares curiosos dos anjos que os rodeavam.

- Mãe, eu não sou mais criança... - Embora mantivesse um sorriso brilhante, suas asas e orelhas estavam abaixadas e caídas.

Alastor não portava a mesma postura confiante de sempre naquele momento.

- Pois bem, Alastor, já que não é mais criança, agora você vai me ouvir! - Destoou a mulher aproximando-se de seu filho, o qual retrocedeu alguns passos para trás - Eu não fiquei te parindo durante horas pra receber essa decepção, não! Você foi pro inferno, Alastor. Entende a gravidade disso? Entende a dor que senti quando você morreu antes de mim e seu pai? Entende a preocupação que senti quando cheguei aqui e meu filho não estava no céu, Alastor!?

Olhares eram trocados entre anjos e Serafins perante a bronca colossal que o ex-demônio recebia.

- Mã-

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