Luan havia ficado até tarde no escritório resolvendo pendências burocráticas, durante o dia ele havia enviado uma mensagem a seu primo Diogo pedindo que o esperasse em seu consultório, ele precisava tomar providências mais drásticas contra ao fato de mal-estar dormindo.
-Conseguiu o que eu te pedi?- Perguntou Luan entrando no enorme consultório do doutor Diogo.
-Boa noite, primo, como tem passado? Eu estou bem, obrigado. E a família? Estão bem também, pode deixar que eu digo que você mandou um abraço- Caçoou Diogo.
-Não enrola.
-É antiético eu fazer isso.- Falou, deixando Luan prestes a contestar.- Mas... Preciso que me diga há quanto tempo não está dormindo direito.
-Isso não é da sua conta.
Diogo já teve muitos pacientes difíceis em sua carreira, apenas permaneceu imóvel aguardando mais informações.
-Eu só preciso dormir.- Luan insistiu.
Diogo ficou mais um tempo em silêncio.
-Faz muito tempo que não durmo.- Começou a falar a contra gosto e fingiu tossir para limpar a garganta ao final.
[...] Alguns segundos, talvez minutos se passaram e os primos se olhavam, aquilo fazia tudo mais constrangedor para Luan.
O médico mantinha a expressão neutra e o olhar fixo, o grande homem de gelo começou a desviar os olhos para a lateral onde janelas de vidro compunham a sala.
- Às vezes eu durmo metade da noite...
Diogo tirou um papel junto com uma embalagem de comprimidos da gaveta de sua mesa em direção a Luan.
Luan se moveu para pegar, mas o primo foi mais rápido em recuar.
-Nunca misture com álcool. Está me entendendo?
-Sim, doutor.- Luan responde e tenta pegar a embalagem, mas o primo puxa novamente.
-Eu posso perder minha licença, me diga que entendeu...
-Não vou tomar nada com álcool.
A contragosto, Diogo solta o recipiente com a prescrição.
-Me conte mais, o que está acontecendo, tem algo que eu deveria saber?
-Eu não vim aqui para uma terapia.
-A insônia costuma ser apenas o sintoma de alguma outra coisa, você deve investigar e não esconder o problema com remédios.
-Obrigada.- Luan sacode os remédios se levantando sem cortesia de ajeitar as cadeiras e já voltando por onde entrou.
-Primo!- Antes de cruzar as portas, Luan parou para ouvir o que Diogo diria.- Eu tenho que manter o sigilo dos meus pacientes, quando precisar falar eu estarei te esperando.
Diogo tentou, mas o homem voltou a caminhar.
-A empresa não é mais importante do que sua saúde.- Insistiu.
Luan segue sem olhar para trás.
O empresário nunca diria para alguém algo sobre sua vida particular, e Diogo sabia que a situação era grave para Luan ter ido em busca de medicação.
-NADA COM ÁLCOOL!- Diogo grita mesmo o primo já tendo saído de sua sala, ele também balança a cabeça sabendo que era um esforço inútil.
Ele sentia que não deveria ter dado os remédios, mas a falta de sono é algo que prejudica a vida por completo.
Diogo calculou que Luan iria sentir a mistura de alivio com esperança que dão os remédios logo na primeira semana, por isso deu a embalagem suficiente apenas para 30 dias, poderia ter dado mais, mas quando o mês terminasse o primo iria se sentiria obrigado a ter que voltar para buscar outra caixinha e assim ele planejaria como iria obter mais informações para realmente trata-lo. A família nunca foi unida, mas Diogo era o mais próximo de ser um amigo do Luan.
Ao chegar em casa, Luan sobe as escadas ansioso por tomar seu remédio e descobrir como era ter uma noite decente de sono, estava tão habituado a dormir pouco ou nada que culpava seu organismo. O sono só vinha minutos antes do amanhecer, isso quando não fechava os olhos e era despertado pelos pesadelos.
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Antes que pudesse abrir a porta de seu quarto, se deparou com a menina pequena saindo do quarto da sua avó. Ele se lembrou que Maria o tinha avisado, mas não esperava vê-la ainda naquele mesmo dia.
-Boa noite, Sr. Luan.- Ela cumprimentou com o mesmo sorriso de antes. Ela não era inocente, ele sentia isso, a menina xereta que estava arranhando alguma coisa no motor do seu carro.
Aquela troca de olhares na porta do quarto deixou Adhara confusa confirmando que havia algo de errado. O homem ligeiro abriu sua porta e entrou com a mesma expressão de indiferença.
-Grosso- Ele escutou como um breve sussurro mas preferiu ignorar, estava acostumado a esses insultos silenciosos e isso não o abalava de forma alguma.
Ele não queria perder o bom humor sabendo que dormiria tranquilamente depois de tanto tempo.
Tomou o remédio a seco como já estava acostumado aos suplementos e vitaminas do seu treino e foi tomar banho enquanto esperava começar a fazer efeito e em menos de 40 minutos ele já estava deitado, dormindo como nunca antes.
[...]A noite passou sem nenhum sonho, pesadelo, vontade de usar o banheiro... nada. Na manhã seguinte acordou se sentindo um pouco sonolento, mas era um bom sinal, estava leve e não demorou para ficar dispostos, levantou, escovou os dentes e iniciou seu treino, não se lembrava mais de quão bom era fazer isso.
Ele estava até reflexivo, sobre como as pessoas não valorizam as pequenas coisas que tem, como o sono, respirar bem ou estar sem nenhuma dor de cabeça em um dia. Só nos damos conta de quão boas elas são quando a perdemos.
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Adhara
Maria já tinha preparando o café da manhã quando estranhou a demora de Camila, que todo dia buscava e entregava a bandeja a Luan. Em uma breve ligação ao segurança da Guarita da casa ela confirma que a moça ainda não havia chegado. Manda uma mensagem de preocupação a moça e depois ela mesma pega a bandeja para levar.
-Bom dia menina, como passou a noite?
-Bom dia, Maria. Fiquei um pouco com a senhora Catharina e depois nós duas dormimos, mas o melhor que tive hoje foi acordar com os sons dos pássaros.- Adhara responde encantada, pois morava em um bairro residencial de classe média padrão e não tinha tanta vegetação quanto aquela área de condomínios da cidade.
-Que bom que gostou, aqui é sempre assim.-Maria responde.- Aproveita que está de bom humor, e me faz um favor?
-Claro.
-Leva esse café para o Sr. Garcia, ele deve estar na Academia esse horário.
Adhara não responde mas dá um sorriso nervoso, ainda tinha receio de encontrar Luan, mas pega a bandeja sem escolha.
- Só seguir em direção a sauna.- Maria aponta e relembra a menina o caminho.
A menina vai sentindo o bom humor da manhã ser substituído pela timidez de encontrar o chefe.
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SUBLIME- A Caminho Da Mesa
RomanceEm uma trama de destinos entrelaçados há um lembrete de que o destino pode unir aqueles que, à primeira vista, parecem viver em mundos diferentes, mas nesse emaranhado de emoções e conflitos, ambos são levados a questionar o que estão dispostos a sa...