Não demorou muito para Maria encontrar uma nova funcionária, Elizabeth. O salário, de fato, era bom, mas a nova contratada também tinha uma excelente experiência. A senhora Catarina sentia que algo estranho estava acontecendo consigo mesma, o que por vezes a deixava irritada e desconfiada. Por isso, ficou ainda mais descontente quando lhe foi apresentada uma mulher de meia-idade, cabelos perfeitamente amarrados em um coque alto e vestida com trajes de enfermagem na cor azul.
-O que essa mulher está fazendo aqui?- perguntou a senhora, já temendo pela resposta.
Maria tentou delicadamente confortar a senhora explicando a situação sem constrangê-la.
-Seu neto queria que a senhora ficasse mais bem acompanhada, por isso contratou Elizabeth para te auxiliar no seu dia a dia, te acompanhar onde a senhora queira ir.
-Não minta para mim, Maria. Essa senhora é claramente uma enfermeira. Eu não preciso de enfermeira me acompanhando. Vocês me tratam como se eu fosse doente! - Catarina falava com a imponência que nem a idade poderia tirar dela. - Isso é simplesmente absurdo, leve essa mulher daqui.- Praguejava.- absolutamente inaceitável!
-Mas são ordens do senhor Garcia! - Maria tentava contornar.
-Eu ainda sou a Senhora Garcia!- Catarina praguejou. - Maldito seja meu neto! Mal saiu das fraldas e já quer me dar ordens?! Quando ele chegar, diga que eu quero falar com ele.
- Senhora, é pelo seu bem...
-Posso estar velha mas não morri ainda!
Elizabeth, já acostumada a receber esse tipo de tratamento vindo dos idosos, principalmente quando se trata de uma doença tão delicada quanto o Alzheimer, não se importou com a grosseria que recebeu.
-Não se preocupe, senhora Catarina. Estarei cuidando muito bem da senhora. Senhora Maria, que tal nos dar licença por um segundo? - pediu.
-Claro..
-Ela não vai a lugar nenhum.- A idosa falou apontando para sua funcionária.- Maria, você fica! Essa enfermeira não tem autoridade nenhuma nesta casa. Guardem minhas palavras, eu não vou aceitar esse desrespeito.
-Elizabeth só está aqui para cumprir com seu trabalho. São ordens do Senhor Luan, não podemos desobedecê-las.
Catarina, ainda mais nervosa, se vira calmamente para os lados como se procurasse algo. Com a destreza que a idade lhe permitia, ela tomou o primeiro objeto que estava sobre a mesa e ameaçou lançar.
-Eu não quero nenhuma enfermeira, tirem essa mulher daqui!
-Catarina, tem que... - Maria intervém.
-Estou prestes a perder a compostura!- A idosa interrompe
- Senhora... Se acalme!- Elizabeth tenta se aproximar.
-Sumam daqui, eu não estou doida e não preciso de enfermeira! - Catharina arremessa o enfeite de cristal que um dia foi um pássaro pequeno de um conjunto com mais dois outros maiores, mas esse se estilhaça ao chocar contra a parede. Ela não mirou em nenhuma das duas mulheres; a intenção era apenas assustar. - A próxima é para acertar em vocês, saiam já daqui!
Maria apressadamente puxa Elizabeth para fora, longe das vistas de Catharina.
-Mas que absurdo! Desde quando contratam enfermeiras para serem acompanhantes? Enfermeiras são para velhos ou doentes!
Escutam Catharina resmungar enquanto caminham para longe.
-Nos perdoe, ela está ficando mais agitada devido à doença.- Elizabeth balança a cabeça em negação.
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SUBLIME- A Caminho Da Mesa
RomansaEm uma trama de destinos entrelaçados há um lembrete de que o destino pode unir aqueles que, à primeira vista, parecem viver em mundos diferentes, mas nesse emaranhado de emoções e conflitos, ambos são levados a questionar o que estão dispostos a sa...