Capítulo 2- Homem de Gelo

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Não é fácil administrar uma empresa, que dirá um império quase monopolista, só não era por determinação judicial. Para comprar ações de quaisquer outras empresas eles agora precisavam de autorização desde que foram brutalmente acusados de interromper a "livre concorrência de mercado" do país, mas a política estava sempre ao seu lado, afinal, eles eram realmente bons o suficiente para movimentar a economia em nível planetário.

O famoso Luan Garcia, herdeiro do Grupo Tunes Royal, apesar das dificuldades que enfrentou no seu primeiro ano como gestor, ele agora estava conseguindo superar as expectativas.

Luan cresceu em um ambiente luxuoso e aprendeu que o amor era um ideal utópico ensinado em contos infantis. Embora fosse a favor do lema "fazer o bem sem olhar a quem", acreditava que, se existisse um Deus ou um apocalipse, estaria seguro, pelo menos era o que pensava.

Ele não agia com injustiça, mas também não interferia nas ações dos outros. Considerava isso irrelevante ou fora de sua lista de prioridades. Apesar de jovem, já tinha controle direto sobre sete empresas do grupo e voz nas votações do conselho das outras, com apenas 29 anos, acumulava mais experiência que muitos CEOs que trabalhavam nas diferentes empresa de sua família. Para aproveitar a juventude, evitava as famosas noitadas, mas mantinha o vício por mulheres e álcool.

As loiras, o whisky e o vinho simbolizavam sua decadência.

Ele se cobrava tanto para ser perfeito que quase nada estava além do seu domínio, exceto os pesadelos que surgiam durante a noite. Eram os únicos vilões capazes de atormentá-lo, a ponto de preferir passar noites em claro a ter que dormir.

Por um momento, o homem forte e viril encontrava-se encolhido no canto do quarto, agora pequeno. Seus cabelos estavam em um tom castanho mais claro, caídos como franja sobre a testa. Seus olhos azuis, cor do céu, estavam arregalados de medo. Seu corpo magro estava encolhido dentro do closet, enquanto a luz entrava por uma pequena fenda entre as portas corrediças. Ele não entendia por que estava ali, nem a razão do pânico, até que recomeçou uma série de gritos e lágrimas:

-Mamãe!- Ele desejou ter gritado, mas apenas um sussurro escapou de seus lábios.

O renomado "homem de gelo" acordou, praguejando o sonho que acabara de ter, nada que algumas horas intensas de exercícios físicos não pudessem afastar. Olhou o relógio ao lado da cama e amaldiçoou ainda mais, ele tinha o hábito de acordar cedo, mas não no meio da madrugada.

Por um momento, sua atenção foi atraída para os dígitos piscantes no pequeno mostrador: 4:25am.

A sensação de angústia do sonho vago perfurava sua alma.

Decidiu que seria melhor se levantar. Após cumprir suas necessidades matinais, vestiu a expressão fechada habitual e dirigiu-se à sala de musculação. Ele só não era um "rato de academia" devido à falta de tempo; Se havia algo que realmente apreciava, era cansar ao máximo seu corpo para distrair a mente ao som de um heavy metal e finalizando com Jazz conectado aos airPods.

Seu gosto músical era bem eclético.

Somente quando uma das empregadas deixou o que parecia ser seu café da manhã sobre uma mesinha, ele percebeu a hora. Bebeu a vitamina e comeu algumas bolachas, sem se importar com o resto, antes de retornar ao quarto. Lá, constatou que já estava atrasado, o que era tecnicamente impossível, mas ele insistia em chegar à empresa sempre no mesmo horário.

Era fundamental que ele fosse o exemplo naquele ambiente.

Após uma breve ducha, envolveu a cintura com uma toalha e parou diante do espelho. Sua autoconfiança quanto à aparência era total. Desde que se tornara adulto, as mulheres se rendiam aos seus pés. O adolescente estranho, cheio de espinhas, dera lugar a um homem alto, de ombros largos e corpo atlético. Depois de uma breve análise, passou as mãos pelo queixo, observando a barba rala que o tornava ainda mais sedutor. Ajeitou o cabelo e, em seguida, vestiu o traje social: terno preto, gravata cinza e sapatos combinando.

À entrada da casa, aguardava o motorista, pontual como sempre, para conduzi-lo até a empresa.

-Bom dia!- Sr. José se apressou a cumprimentar o chefe enquanto abria a porta do carro.

Luan não apreciou o gesto do motorista ao abrir a porta do carro para ele. Lançou-lhe um olhar reprovador e sequer retribuiu o "bom dia" que lhe fora dirigido. Embora mantivesse o motorista por mera comodidade, era perfeitamente capaz de abrir sua própria porta. O motorista, por sua vez, estava ciente disso, e Luan percebeu que algo estava fora do comum naquela manhã.

O senhor José, por natureza ansioso, encontrava-se no fundo de suas preocupações, considerando como abordar o patrão para lhe pedir permissão de levar sua filha à garagem, a fim de mostrar-lhe os carros, todos eles esportivos e elegantes.

Luan, por sua parte e como sempre, não deu muita atenção ao motorista, enquanto apanhava o celular e verificava a programação do dia, que havia recebido de sua secretária. Ele apenas assentiu ao pedido do motorista, recordando que teria uma pilha de papéis o esperando em sua mesa para serem lidos.

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