Hoje é dia do suposto velório do meu sogro, o corpo foi cremado e enviado para a cerimônia aqui na casa deles.
-Quando essa palhaçada irá acabar? -Cochicho para o James enquanto observo a sala repleta de tristeza.
-Quando ele quiser, não posso mexer nos planos dele, mas de uma coisa eu sei... -Pausou. -Que vamos estar bem longe com nosso filho quando isso acontecer!
Maria chorava inconsoladamente no canto da sala abraçada com o vaso que não era seu marido, minhas cunhadas tristes e o Carlos tranquilo bebendo uma tequila.
-Seu irmão também sabe?
-Creio que não... -Respondeu olhando para o mesmo.
-Ele é muito frio!
Algumas horas se passaram, de muita tristeza e música, sim, eles cantam e tocam nos velórios. Haviam muitas pessoas no local e todos da alta sociedade.
-Quem são? -Pergunto ao James que se assusta ao ver.
Ele me puxa para um canto com pouco ponto de vista e vai até os caras armados e bem vestidos.
J.B.
Enquanto velávamos a falsa morte do meu pai, o inimigo fatal do meu pai adentra a sala com seus comparsas.
-O que faz aqui Javier? -Indago.
-Olha só quem apareceu... -Solta uma risada. -Achei que nunca mais o veria, mas não se preocupe vim como amigo.
-Não é bem vindo. Depois de ter explodido o carro com meu pai dentro, acha conveniente?
-Gostaria muito de ter tido a oportunidade, mas seu pai tinha vários inimigos na máfia. Vim prestar as condolências e dizer que estamos em paz, que minha guerra contra a família já está encerrada! -Disse dando a mão, mas ignorei completamente.
-Meu irmão quer dizer que aceitamos! -Disse Carlos tomando a minha frente e apertando a mão do Javier.
-Ótimo, podem continuar o evento. Estou de passagem! -Sorria e deu as costas.
-O quê está fazendo, quer matar todos nós? -Carlos me repreende.
-Você nem parece sentir a morte do nosso pai. -Falei irritado.
-Todos nós já esperávamos a morte dele, ele é o maior narcotraficante daqui. Acha que ninguém tentaria matá-lo algum dia? -Cospe as palavras na minha cara e saiu virando o copo.
Mandy se aproxima apreensiva.
-Acho que seu irmão está sentindo a morte do seu pai mais do que qualquer um aqui, do jeito dele é claro! -Dizia e lá no fundo concordei.
-Vou falar com ele... -Falei e ela me segurou.
-Melhor evitar agora, ele está de luto e pode começar uma briga com você. Deixa que eu vou! -Dizia solidária.
-Mandy eu sei que tem o coração enorme, mas ele já sacaneou você uma vez. -Ela sorrir e me abraça falando para eu ter calma. -Tá ok, mas se ele encostar um dedo em você, será um velório de verdade!
-Tá certo, amor! -Sorrir e me deposita um selinho.
M.M.
Fui procurando o Carlos em cada cômodo, até encontrá-lo em seu quarto fungando.
-Posso entrar? -Pergunto batendo na porta, o que faz o mesmo saltar.
-Uhum... -Responde passando as mãos nos olhos rapidamente.
-Eu sei que a morte do seu pai está sendo difícil pra você... -Falei colocando a mão em seu ombro. -Você o ama, do seu jeito, mas ama.
-Amava, ele se foi. -Disse e me deu um nó na garganta.
-Isso...
-Já perdeu alguém? -Pergunta ainda olhando para o chão.
-Não assim, mas como se fosse... -Respondo cabisbaixa.
-Como assim? Quem? -Ele me olha e vejo seus olhos vermelhos de tanto chorar.
-Minha mãe... Ela nos abandonou por anos e eu sentia como se ela estivesse morta, nunca me procurou e agora que a conheci, percebo que preferia as coisas como eram antes! -Enchi os olhos de lágrimas ao lembrar. Hormônios.
-Sinto muito. -Diz.
-Não sinta, encontrei alguém que preencheu esse vazio.
-Meu irmão? -Rir.
-Sim, afinal ele me tornou mãe né. -Passei a mão na barriga.
-Deve ser boa a sensação de ter uma família... -Disse triste.
-Como assim? E a sua?
-Nossa mãe morreu quando nascemos, meu pai só se importava com dinheiro e mais dinheiro... -Respondeu marejando os olhos.
-James também não tinha uma família. -Falei o olhando nos olhos.
-Ele sempre teve tudo que sempre quis, uma família afetiva, amor dos pais, mulheres apaixonadas por ele e agora uma família que ele construiu, com um bebê a caminho! -Disse me deixando surpresa.
-Você tem que correr atrás do que os outros não podem dar a você, uma bela esposa e um filho. Isso se chama objetivo de vida! -Aconselhei. -Veja, James foi mandado embora, trocaram seu nome, sua história, cultura, família... teve a esposa morta e ficou na solidão por muito tempo até chegar á mim e completarmos uma família!
-Eu sempre achei que a vida dele sempre foi tudo mais fácil, por a família adotiva dele ser tão renomada!
-Do que adianta ter dinheiro e o coração vazio? -Pergunto e ele se sente surpreso.
-Nossa realidade no México é diferente, meu pai é um narcotraficante corrupto e presunçoso. Eu nunca quis ser igual a ele, mas ver o quanto ele é beneficiado pelas autoridades e pessoas, me fez querer ser igual e ter todo poder que ele tem. -Revelou. -Mas agora vejo que nada disso vale a pena!
-Ainda bem que acordou! -Falei sorrindo sem graça.
-Obrigado pela conversa, me fez refletir. Desculpa ter fingido ser meu irmão! -Diz sem graça.
-É, não foi legal. Espero que não se repita. -Gargalhamos.
-É, infelizmente. -Diz me olhando. -Estou zoando, você é minha cunhada.
-Que bom. -Fiquei séria.
E só agora o observando vejo o quanto se parece o James, mudando apenas um sinal na bochecha e o corte de cabelo. Mas os pais fizeram dois lindos deuses gregos.
MANDY, PARA JÁ COM ESSA OBSERVAÇÃO! -A Mandy sensata grita me chacoalhando.
-Tudo bem? -Pergunta me encarando.
-Ah, tudo...sim. -Gaguejo.
Ele levanta indo até seu banheiro, lá ele lava o rosto e me olha sorrindo.
-A conversa foi boa, mas James me espera! -Falei fugindo dali.
Assim que saio do quarto esbarro de cara em um peito másculo.
-James!! -O repreendo.
-Desculpa amor, só queria ver como estava indo e vigiando se ele não tentaria nada! -Se explica.
-Seu irmão não é um pervertido, ele só tem questões mal resolvidas com ele mesmo, te envolvendo é claro! -Falei enquanto íamos para nosso quarto.
-Eu ouvi tudo... -Disse.
-Estava lá desde quando entrei?
-Claro, sou seu segurança. -Me abraça sorrindo.
E quando ele me abraçou senti o cheiro de seu perfume, me deixando enojada.
-Que foi? -Perguntou ao me ver correr para o banheiro. -Amor tá tudo bem???
Após vomitar quase tudo que comi hoje eu consegui responder.
-Sai de perto de mim com esse cheiro. -Falei com a voz enfraquecida de tanto vomitar.
-Já começou os enjoos? -Pergunta e ouço ele rir.
-Não rir idiota, estou muito mal com esse teu perfume fedorento! -Fiquei irritada.
-Amor, você sempre gostou dele. -Disse tirar a camisa e passando por mim para tomar um banho.
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O Sócio do Meu Pai
Teen FictionMandy nunca conheceu a mãe, atualmente vive com o pai em Toronto no Canadá. Ela já acabou os estudos a um tempinho e há quase três anos pensa no que quer fazer da vida, mas o que ela mais sabe fazer é andar de moto, ela é uma garota um pouco atrapal...