Capítulo Trinta e Nove

162 13 0
                                    

Hoje é dia do suposto velório do meu sogro, o corpo foi cremado e enviado para a cerimônia aqui na casa deles.

-Quando essa palhaçada irá acabar? -Cochicho para o James enquanto observo a sala repleta de tristeza.

-Quando ele quiser, não posso mexer nos planos dele, mas de uma coisa eu sei... -Pausou. -Que vamos estar bem longe com nosso filho quando isso acontecer!

Maria chorava inconsoladamente no canto da sala abraçada com o vaso que não era seu marido, minhas cunhadas tristes e o Carlos tranquilo bebendo uma tequila.

-Seu irmão também sabe?

-Creio que não... -Respondeu olhando para o mesmo.

-Ele é muito frio!

Algumas horas se passaram, de muita tristeza e música, sim, eles cantam e tocam nos velórios. Haviam muitas pessoas no local e todos da alta sociedade.

-Quem são? -Pergunto ao James que se assusta ao ver.

Ele me puxa para um canto com pouco ponto de vista e vai até os caras armados e bem vestidos.

J.B.

Enquanto velávamos a falsa morte do meu pai, o inimigo fatal do meu pai adentra a sala com seus comparsas. 

-O que faz aqui Javier? -Indago.

-Olha só quem apareceu... -Solta uma risada. -Achei que nunca mais o veria, mas não se preocupe vim como amigo. 

-Não é bem vindo. Depois de ter explodido o carro com meu pai dentro, acha conveniente?

-Gostaria muito de ter tido a oportunidade, mas seu pai tinha vários inimigos na máfia. Vim prestar as condolências e dizer que estamos em paz, que minha guerra contra a família já está encerrada! -Disse dando a mão, mas ignorei completamente.

-Meu irmão quer dizer que aceitamos! -Disse Carlos tomando a minha frente e apertando a mão do Javier.

-Ótimo, podem continuar o evento. Estou de passagem! -Sorria e deu as costas.

-O quê está fazendo, quer matar todos nós? -Carlos me repreende.

-Você nem parece sentir a morte do nosso pai. -Falei irritado.

-Todos nós já esperávamos a morte dele, ele é o maior narcotraficante daqui. Acha que ninguém tentaria matá-lo algum dia? -Cospe as palavras na minha cara e saiu virando o copo.

Mandy se aproxima apreensiva.

-Acho que seu irmão está sentindo a morte do seu pai mais do que qualquer um aqui, do jeito dele é claro! -Dizia e lá no fundo concordei.

-Vou falar com ele... -Falei e ela me segurou.

-Melhor evitar agora, ele está de luto e pode começar uma briga com você. Deixa que eu vou! -Dizia solidária.

-Mandy eu sei que tem o coração enorme, mas ele já sacaneou você uma vez. -Ela sorrir e me abraça falando para eu ter calma. -Tá ok, mas se ele encostar um dedo em você, será um velório de verdade!

-Tá certo, amor! -Sorrir e me deposita um selinho.

M.M.

Fui procurando o Carlos em cada cômodo, até encontrá-lo em seu quarto fungando.

-Posso entrar? -Pergunto batendo na porta, o que faz o mesmo saltar.

-Uhum... -Responde passando as mãos nos olhos rapidamente.

-Eu sei que a morte do seu pai está sendo difícil pra você... -Falei colocando a mão em seu ombro. -Você o ama, do seu jeito, mas ama.

-Amava, ele se foi. -Disse e me deu um nó na garganta.

-Isso... 

-Já perdeu alguém? -Pergunta ainda olhando para o chão.

-Não assim, mas como se fosse... -Respondo cabisbaixa.

-Como assim? Quem? -Ele me olha e vejo seus olhos vermelhos de tanto chorar.

-Minha mãe... Ela nos abandonou por anos e eu sentia como se ela estivesse morta, nunca me procurou e agora que a conheci, percebo que preferia as coisas como eram antes! -Enchi os olhos de lágrimas ao lembrar. Hormônios.

-Sinto muito. -Diz.

-Não sinta, encontrei alguém que preencheu esse vazio. 

-Meu irmão? -Rir.

-Sim, afinal ele me tornou mãe né. -Passei a mão na barriga.

-Deve ser boa a sensação de ter uma família... -Disse triste.

-Como assim? E a sua?

-Nossa mãe morreu quando nascemos, meu pai só se importava com dinheiro e mais dinheiro... -Respondeu marejando os olhos.

-James também não tinha uma família. -Falei o olhando nos olhos.

-Ele sempre teve tudo que sempre quis, uma família afetiva, amor dos pais, mulheres apaixonadas por ele e agora uma família que ele construiu, com um bebê a caminho! -Disse me deixando surpresa.

-Você tem que correr atrás do que os outros não podem dar a você, uma bela esposa e um filho. Isso se chama objetivo de vida! -Aconselhei. -Veja, James foi mandado embora, trocaram seu nome, sua história, cultura, família... teve a esposa morta e ficou na solidão por muito tempo até chegar á mim e completarmos uma família!

-Eu sempre achei que a vida dele sempre foi tudo mais fácil, por a família adotiva dele ser tão renomada!

-Do que adianta ter dinheiro e o coração vazio? -Pergunto e ele se sente surpreso.

-Nossa realidade no México é diferente, meu pai é um narcotraficante corrupto e presunçoso. Eu nunca quis ser igual a ele, mas ver o quanto ele é beneficiado pelas autoridades e pessoas, me fez querer ser igual e ter todo poder que ele tem. -Revelou. -Mas agora vejo que nada disso vale a pena!

-Ainda bem que acordou! -Falei sorrindo sem graça.

-Obrigado pela conversa, me fez refletir. Desculpa ter fingido ser meu irmão! -Diz sem graça.

-É, não foi legal. Espero que não se repita. -Gargalhamos.

-É, infelizmente. -Diz me olhando. -Estou zoando, você é minha cunhada.

-Que bom. -Fiquei séria.

E só agora o observando vejo o quanto se parece o James, mudando apenas um sinal na bochecha e o corte de cabelo. Mas os pais fizeram dois lindos deuses gregos. 

MANDY, PARA JÁ COM ESSA OBSERVAÇÃO! -A Mandy sensata grita me chacoalhando.

-Tudo bem? -Pergunta me encarando.

-Ah, tudo...sim. -Gaguejo.

Ele levanta indo até seu banheiro, lá ele lava o rosto e me olha sorrindo.

-A conversa foi boa, mas James me espera! -Falei fugindo dali. 

Assim que saio do quarto esbarro de cara em um peito másculo.

-James!! -O repreendo.

-Desculpa amor, só queria ver como estava indo e vigiando se ele não tentaria nada! -Se explica.

-Seu irmão não é um pervertido, ele só tem questões mal resolvidas com ele mesmo, te envolvendo é claro! -Falei enquanto íamos para nosso quarto.

-Eu ouvi tudo... -Disse.

-Estava lá desde quando entrei? 

-Claro, sou seu segurança. -Me abraça sorrindo.

E quando ele me abraçou senti o cheiro de seu perfume, me deixando enojada.

-Que foi? -Perguntou ao me ver correr para o banheiro. -Amor tá tudo bem???

Após vomitar quase tudo que comi hoje eu consegui responder.

-Sai de perto de mim com esse cheiro. -Falei com a voz enfraquecida de tanto vomitar.

-Já começou os enjoos? -Pergunta e ouço ele rir.

-Não rir idiota, estou muito mal com esse teu perfume fedorento! -Fiquei irritada.

-Amor, você sempre gostou dele. -Disse tirar a camisa e passando por mim para tomar um banho.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 29 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

O Sócio do Meu PaiOnde histórias criam vida. Descubra agora