Capítulo Três

148 14 0
                                    

Remus não consegue se lembrar de um unico dia nos últimos anos em que não conseguiu saber o que acontecia dentro da mente de Sirius. Não que fosse óbvio, já que Peter e Thomas mesmo tendo boas intenções muitas vezes se atrapalhavam em entender o amigo, era James e Remus que conseguiam saber das angústias de Sirius apenas em estar no mesmo ambiente que ele.

Porém, Remus consegue ir além de James. Ele consegue saber quando o toque de Sirius está mais forte por estar angústiado, o seu cheiro natural quando está realmente feliz, a sensação da sua respiração ansiosa e o modo como seus dedos enrolam nos cachos escuros ou na jaqueta com um nível de estresse maior que normalmente.

Mas existe uma exceção para tudo não é?

Remus realmente não sabe dizer o que Sirius sente do outro lado da comunal quando eles se encontram paralisados após se esbarrarem, aqueles olhos prateados irreconhecíveis o encarando faz a espinha e o coração de Remus doarem.

É vazio e assustador.

Sirius move um passo para trás, seus olhos se desviam de Remus e ele olha para o chão antes de subir as escadas.

A sensação de não reconhecê-lo parece pior do que a do ano passado, quando descobriu que Sirius contou a Snape sobre o lugar que guardava seu segredo.

Remus pensa em correr atrás dele, como alguém desesperado por reconhecimento, porém as memórias vem em sua mente e um temor o pecorre apenas com isso.

Se corresse atrás de Sirius nesse momento talvez tenha a certeza de que ele está com medo do Lupin, talvez esse pensamento que assombra sua mente se concretize e Remus não terá escolha a não ser sair de vez da sua vida. Ele prefere se manter assim por um tempo, vendo sua vida se desenrolar longe o bastante para não tremer de medo do monstro que o Lupin acredita ser.

Ele sabe que Sirius saiu de casa, sabe que os Potter adotaram ele e Regulus e que agora Sirius esta finalmente seguro. Remus pode lutar com isso, pode acordar todas as manhãs e ver Sirius literalmente fugindo dele pelos corredores e ainda assim não ir até ele.

Sirius talvez quisesse isso, que ele fosse atrás ou talvez aquele olhar irreconhecível fosse medo, um medo nunca direcionado a Remus antes, mas que surgiu agora que percebeu o monstro no qual divide um quarto.

Remus não o julgaria realmente, ele mesmo queria conseguir se livrar dele e fugir do lobo.

Parece injusto ficar com raiva por algo que você mesmo tem temor.

Por enquanto Remus se contenta em subir as escadas, Sirius provavelmente vai está com as meninas ou no banheiro onde pode se esconder dele.

Quando chega no quarto ver James e Peter deitados em suas camas jogando uma bolinha um para o outro. Thomas está treinando, ele e James concordaram em treinar em momentos diferentes para evitar que o Lupin arrancasse os  cabelos dele, que já não eram muito longos esse ano.

Acontece que James pode ser bastante irritante quando se trata de quadribol, e Thomas como o goleiro do time ameaçou jogar sua vassoura nele caso gritasse novamente.

A porta do banheiro estava trancada, o que deixava claro que Sirius estava ali.

— Algum de vocês fez aquele negócio no corredor da lufa-lufa? – Perguntou mexendo na gaveta para tirar um cigarro.

— Acho que foi Scount – James falou, um pouco concentrado demais na bolinha vermelha.

— A tinta foi ideia sua, Monny! – Peter olhou para ele e perdeu o momento em que James jogou devolta a bola, fazendo o objeto cair em seu rosto.

Peter choramingou, fazendo James rir.

— Eu não faria algo tão tosco na verdade, laços vermelhos seriam mais felizes.

Calm down, little boy Onde histórias criam vida. Descubra agora