Calm down, little boy

Capítulo Quatro

Remus viu o momento em que Sirius entrou no quarto um pouco perdido de si e com os olhos baixos. Parecia uma imagem desprezível, levando em conta sua natureza confiante e seu sorriso contínuo que sumiu do rosto bonito desde o ano passado.

Ele parecia está prestes a se quebrar, assim como em suas voltas de casa no fim do verão. Porém, era Sirius e Sirius não era alguém que se quebra tão facilmente na frente de uma outra pessoa. Ele lutava e feria, como um elástico que não importava se fosse puxado ou esmagado, sempre voltava para o mesmo lugar e as vezes atingia a pele.

Remus suspirou, tirando a atenção do livro em suas mãos quando notou a aproximação de Sirius. Seus passos pareciam querer recuar, como se cada um deles levasse cada vez mais sua força de vontade para fora de si.

O Black estava finalmente parado em frente a sua cama, os olhos nunca olhando diretamente para Remus e com os ombros baixos. O Lupin lutou para não ceder aos instintos, ele não poderia deixar seus sentimentos de proteção vencerem e cercar os ombros de Sirius em um abraço para o confortar.

Não enquanto ele estivesse com medo dele.

Mas ele podia encolher as pernas na cama e deixar o espaço para ele, um espaço que seria considerado pequeno levando em conta que Sirius podia ocupar muito mais dele.

Ele cruzou as pernas em sua frente, ainda não o encarando. Ele estava perto, mas não tão perto quanto Remus precisava.

Aquela cama deveria ser um lugar confortável para ele, Remus lutou por anos para isso acontecer e ainda faria isso, mesmo que a segunda luta fosse maior que a primeira.

- Tom e Luke falaram comigo.

Remus não esperava ouvir aquele som antes dele mesmo falar. Em um instante percebeu que aquele vazio em seu peito era simplesmente a falta daquele som em seus ouvidos, fazendo seus pulmões respirarem adequadamente pela primeira vez nos últimos meses.

- Sinto muito, eles são terrivelmente amigáveis - Sirius assentiu, fazendo Remus pensar no que os dois tinham falado de tão importante para fazê-lo vir até ele - O que eles falaram?

- Que talvez eu esteja sendo um babaca por andar correndo pelo castelo para te evitar - Os lábios de Sirius se comprime, seus cachos balançam quando luta para não levantar a cabeça e o encarar - Eles estão certos, e eu devo desculpas a vocês. Por qualquer coisa que tenha passada por sua cabeça sobre a razão por isso.

- Sirius...

- Eu estou com medo - É claro que sim, pensou. É óbvio que ele estava com medo, quem não teria medo de um lobisomem sujo e que poderia matá-lo? - medo de mim... Remus, não de você!

Talvez ele tenha feito alguma careta, porque a voz de Sirius estava cheia de pressa. Seu cérebro ficou uma confusão ao ouvir aquilo.

- Não posso me arriscar a te machucar de novo - Remus se moveu na cama, pressionando os joelhos pouco centímetros dos de Sirius na cama. Seus dedos foram até o rosto macio.

Talvez tenha sido imprudência, mas existia uma necessidade sobrenatural em tocá-lo que deixava Remus louco.

Remus navegou as pontas deles no rosto de porcelana, parecia que iria se quebrar a qualquer pequeno sinal de um toque mais forte e o Lupin temeu que se caso continuasse iria mesmo quebrá-lo. A pequena cicatriz abaixo do olho era nova, uma onda de raiva imundou seu peito ao perceber que foi seu pai que fez aquilo.

Remus levantou o rosto de Sirius com os dedos antes mesmo de pensar em algo para falar.

- O que pode existir de tão assustador em você que não exista em mim?