Capitulo 1

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JULIA

- Vamos logo Julia!

- Calma Leandro!

- Nós vamos nos atrasar mulher! - diz Leandro meu melhor amigo desde que me mudei para cá após a morte dos meus pais.

- Os melhores chegam depois - digo virando-me e mandando um beijinho no ar para ele. Estou me preparando para uma festa, ou melhor, balada que será inaugurada aqui perto.

Objetivo do meu amigo e colega de trabalho: Pegar o máximo de garotas ruivas possíveis em uma noite. Meu objetivo: Pegar pelo menos um gato e impedir que meu amigo saia bêbado e seja roubado.

- Você está de tirar o fôlego! Fiu fiu - Leandro fala quando saio do meu quarto em direção a sala - Se você fosse ruiva eu te pegava com certeza! - Ele brinca. Mentira, ele me vê como a irmãzinha caçula que ele não teve. E eu? Bem, eu também o vejo assim.

Ah! Me esqueci de falar que meu amigo tem um fetiche doido, só pega ruivas. E bem, eu sou morena, ele disse que se eu pintasse meu cabelo de vermelho ele casava comigo, já que de acordo com ele, sou o sonho de qualquer cara.

Não me acho tudo isso, sou só mais uma brasileira comum.

- Sai dessa Leandro, sou mulher de família - digo dando uma piscadela cúmplice pro meu amigo.

- Aham! E eu tenho um metro de altura - diz irônico. Ele é muito alto, pareço uma anã de jardim perto dele, eu tenho de altura 1,58 e ele, 1,97. Ele teve sorte, a família dele inteira é alta igual a ele.

Estou com um salto alto estilo Ariana Grande azul escuro com camurça, meus cabelos negros com uma trança escama de peixe de lado, um vestido preto um pouco indecente, ele é justo demais na parte da cintura pra cima, em baixo ele é rodado mas curto demais, estou com meia 3/4 cor da pele, uma pequena bolsa só com celular, dinheiro meu e do Leandro, papel e um absorvente, nunca se sabe não é? Minha maquiagem está forte, coloquei bastante rímel, delineado gatinho então meus olhos se destacam mais que tudo, sem base e sem blush com um batom roxo escuro fosco que é o meu preferido! E só, minha pele branca de neve contrastou perfeitamente com a maquiagem e ainda coloquei meu piercing transversal na forma de tridente na orelha e brincos de argola.

- Vamos? - digo pegando minha bolsa e caminhando em direção a porta.

Moro em um apartamento, no sexto andar. Sou... digamos assim, bem dotada no sentido financeiro, por causa da herança deixada por meus pais mas que nunca toquei, não curto luxo nenhum, esse dinheiro todo foram dos meus pais que passaram de herança após a morte deles. Odeio lembrar disso. Por isso esse dinheiro permanece intacto desde o acidente que eles se foram e eu fiquei.

Eles eram donos de um restaurante italiano. Ele era o melhor da cidade, ficava no centro da mesma. Era muito conhecido, tinha uma fama e tanto. Meu pais tiravam a grana nele. Muitos se perguntam o por que não continuei com o legado da família. Simples: Não tenho vocação pra isso. Algumas mulheres dirão que é bobagem, mas vocês nunca provaram minha comida e acreditem, sopa de pedra é melhor.

- Já estava na hora mulher! - diz Leandro fechando a porta do meu apartamento e trancando-a.

Leandro é perfeito, loiro, definido, olhos azuis... você deve estar pensando, por que vocês não ficam juntos? E eu respondo, Leandro é meu amigo irmão. Minha amizade com ele é uma que não posso perder, eu o amo demais como irmão, ele também me ama demais como irmã, no começo, quando ele me conheceu em um bar, eu estava em depressão total pela perda dos meus pais. Ele me ajudou, me reergueu do fundo do poço e eu nunca fui tão grata a alguém como sou por ele.

E assim vai nossa amizade, ele me ajuda e eu ajudo ele. Trabalhamos na mesma empresa, a ATC publicidade, sou secretária do dono Sérgio Torres, eu trabalho lá há três anos. Tenho 23 anos de idade, Leandro que me arrumou esse emprego. Logo Sérgio se aposentará e Felipe Torres, seu filho de 27 anos vai assumir a empresa no seu lugar.

Sérgio disse que vou ser a luz no fim do túnel para o filho dele, disse que vou ter de ajudar Felipe a conhecer a empresa, se acostumar com o ritmo e conhecer os clientes mais importantes, etc.

Já o vi uma vez em uma confraternização da empresa, Sérgio nos apresentou, mas faz 1 ano e meio, não me lembro mais de sua aparência física mas lembro que adorei Felipe, só que ele era safado demais, sempre com piadinhas e ironias sobre mim. Embora isso nem tenha acontecido há tanto tempo assim, minha memória é péssima em gravar aparências.

Descemos de elevador até o térreo e caminhamos até a portaria.

- Boa noite seu César! - digo cumprimentando o porteiro.

- Boa noite Julia, vai sair? - pergunta simpaticamente. Gosto demais do Seu César, ele é muito gentil e tem uma família de ouro.

- Claro ! Tuts tuts tuts - digo levantando as mãos pro alto e brincando.

- Que pena que minha patroa é das antigas. Adoraria sair com ela pra essas... como é mesmo o nome? Ah, sim! Baladas. Vou abrir o portão. - Diz ele rindo - Boa noite senhor Leandro - acena para meu amigo e Leandro retorna o aceno com um "boa".

- Obrigada - digo abrindo o primeiro portão. São dois, coisa bem desnecessária.

- De nada, boa noite senhor Felipe - diz César a um cara de tirar o fôlego, não digo que eu perdi o fôlego pois já estou acostumada com caras bonitos, meus amigos de escola eram o exemplo fiel disso. Cheguei a pegar quase todos os 7 (mulheres inclusas). Amigos coloridos, sabem?

- Boa noite César - o moço cumprimenta vindo em nossa direção encarando-me.

- Boa noite - digo abrindo o segundo portão e saindo, Leandro repete o mesmo comprimento igual papagaio.

- Boa noite, te conheço de algum lugar, não? Me lembro de você, só não sei de onde. - diz levantando uma sobrancelha e me avaliando.

- Não me lembro de você, talvez tenha visto alguma mulher parecida comigo - digo dando de ombros. - Tenho rosto bem comum.

- Não, não mesmo. Você é unica com certeza. - diz dando um sorriso de lado.

Eu com certeza devo ter corado com o elogio dele.

- Obrigada, vamos Leandro? - pergunto para meu amigo que mexe no celular, provavelmente já deve ter arranjado a ruiva da noite.

- Han? Vamos Julia. - diz guardando o celular no bolso de sua calça. Leandro esta impecável, veste uma camisa polo marcando seus músculos, uma calça jeans skinny preta e com um tênis normal preto.

- Qual seu nome bonita? - o moço grande pergunta.

- Julia e o seu? - pergunto estendendo minha mão ao moço.

- Felipe, ér... passa o telefone? - pergunta levantando uma sombracelha.

Fico em silêncio dois segundos pensando se sim ou se não. Opto por sim, só um telefone não mata ninguém, certo?

- Sim, passe seu celular que anoto e depois você me manda uma mensagem para eu anotar o seu, pode ser? - ele concordou com um sorriso no rosto pegando seu celular no bolso de sua calça e me entregando. Pronto.

- Uma boa noite pra vocês - diz guardando o celular no bolso. Não consigo evitar, mas assim que ele me encara travamos nosso olhar por alguns segundos.

- Pra você também - digo seguindo Leandro para fora, demos uma pausa na calçada esperando o táxi e enquanto o Felipe seguiu rumo a garagem.

- É impressão minha ou quase que segurei vela, lá dentro? - Leandro diz sorrindo para mim.

- Impressão sua. - digo entrando no táxi que acabou de chegar. Hoje a noite é nossa!

Que tal dar uma estrelinha? ;)

Meu chefe - Por: Ana DavidOnde histórias criam vida. Descubra agora