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-Ele é tão esquisito!
-Eu acho que é só tímido Adam.
-Se não andasse ao sol diria que era vampiro.
Arregalei muito os olhos.
-Vampiro?!
-Oh Lindsey não acreditas nessas coisas, pois não?
Se ele soubesse...
-Não acreditas?
-Não.
A empregada chegou, e ainda bem assim podemos mudar de assunto. Pedi um batido de frutos vermelhos e o Adam pediu um de manga.
-Mas ele estava a tocar piano?
-Sim. Era uma música triste e melancólica mas era linda.
-E o nome dele era o quê?
-Jace.
-Jace, o vampiro.
Fiz um riso forçado.
-Pois...
-Deviamos sair.
-Hoje não posso. Tenho trabalhos.
-E eu também, mas isso não me impede de me divertir.
-Desculpa Adam, mas vou ficar em casa hoje.
-Na boa, saímos noutro dia e a Mel vem connosco.
Sorri.
-Parece boa ideia.

Cheguei a casa e a minha mãe já estava à porta para saber tudo.
-Então? Como foi o primeiro dia?
-Foi bom, normal.
-Só isso?
-Sim, mãe. Vou fazer os trabalhos.
-Está bem, querida.
Nunca tive trabalhos de casa na vida, e é horrivel.
Acabei e fui ao talho para abastecer o acampamento dos meus avós. Já tinha anoitecido e as únicas pessoas na rua eram eu e uma velhota na paragem do autocarro. Quando já estava na paragem deu me uma dor de cabeça repentina e fui obrigada a largar os sacos e colocar as mãos na cabeça e gritar pois a dor era insuportável. Uma velhinha ao meu lado perguntou me se eu estava bem e eu só conseguia gritar.
-Precisa que chame alguém? Menina? Os seus olhos...estão amarelos!
O quê?! Não, não, não. Se é para me transformar não aqui, não agora.
-Vou chamar a ambulância.
-Não! Por favor...ahh... não chame ninguém.
-Está a assustar me.
A senhora começou a correr para outro lado.
Caí no chão de joelhos ainda a agarrar a cabeça. A dor aumentava e eu, que não me lembrava da última vez que chorara, comecei a sentir as lágrimas a escorrer me na cara em conjunto com o suor.
Alguém se aproximou de mim. A última coisa de que me lembro antes de o mundo se apagar foi de ver a cara do Jace.

Abri os meus olhos devagar. Estou no meu quarto. Porque é que está uma coruja cinzenta a olhar para mim?
Sai daqui! Disse mentalmente.
A coruja saiu pela janela.
Consigo comunicar não só com lobos mas também com corujas. Não me lembro de ser uma capacidade de lobisomens. Depois lembrei me. Os meus olhos! Lembro me de a senhora falar da cor dos meus olhos estarem amarelos. Peguei num pequeno espelho que guardo na mesa de cabeceira. Azuis, o habitual.
Os meus pais e os meus tios entraram no meu quarto.
-Acordaste!
-Parece que sim.
-O que te aconteceu? O homem da loja de jogos atrás da paragem ligou nos a avisar que estavas desmaiada no chão.
-O homem da loja? Quem me encontrou foi o Jace!
-Jace?
-Rapaz louro, um olho verde e outro castanho, provavelmente vestido de preto.
-Querida deves estar a delirar. Estavas sozinha na rua.
Mas eu vi o! Ou será que o imaginei? Eu ía jurar que o tinha visto. Será que estou a ficar maluca?
-Mas eu vi o, mãe! Antes de desmaiar eu lembro me!
-O homem da loja disse que estavas sozinha, não estava lá ninguém Lindsey.
-Mas eu vi o!
A minha mãe suspirou. Ela pensa que estou a delirar.
-Querida, descansa. Deves ter tido uma alucinação por causa das dores de cabeça.
Tou tão confusa. Eu tinha a certeza que o tinha visto mas agora já não sei.
Deu me um beijo na testa e saiu do quarto com o resto da família.
Amanhã vou ao acampamento falar com a minha avó.

Vesti umas calças de ganga azul claras e uma sweat cinzenta e calcei uns ténis castanhos escuros.
Cheguei à tribo cedo.
-Avó?
-Olá querida!
-Preciso de saber o que se passa comigo. Dores de cabeça terríveis, olhos amarelos, comunico com os animais e sabe se lá mais o quê.
-Não sei o que se passa contigo, mas duma coisa podes ter a certeza. Tu não és licantropa mas também não és humana.

Eu que desde os treze anos que anseio pelos dezasseis para ter a certeza de quem sou. Havia a possibilidade de ser licantropa, depois afinal era humana. Já não sei quem sou, mas estou disposta a descobrir.
Fui para a escola, Adam estava no portão à minha espera com café para mim.
-És um anjo!
-Eu sei. Tudo bem?
-Sim. A Mel?
-Está doente mas deve vir amanhã ou depois.
Começámos adirigirmo nos para o corredor. Avistei Jace com os seus fones encostado ao seu cacifo. Quero perguntar lhe se ele lá esteve quando desmaiei. Aproximei me e quando ele me viu desapareceu. Pensei em segui lo mas ouvi o toque de entrada e não convém chegar atrasada outra vez.

Fui ter com Adam à sala de música.
-Queres sair hoje?
-Amanhã Adam, que é sexta.
-Está bem, mas tens de ser um pouco mais rebelde. Não podes estar sempre a pensar na escola.
Olhei em redor para ver se avistava o Jace mas nem sinal dele.
-O Jace?
-Baldou se.
Oh.
-Vamos?
-Sim. Levas me a casa?
-Claro!
Adam deixou me em casa e estava um ferrari preto, descapotável na rua.
-Mãe de quem é aquele carro?
-Teu.
-Meu?!
-Não chegámos a dar te prenda de anos. Já tens carro!
-Oh meu Deus! Obrigada!
Fiquei tão entusiasmada. Amanhã vou poder ir para a escola no meu carro novo.
Fui para o quarto depois do jantar, acabei os trabalhos e depois ao deitar me na cama, adormeci automáticamente.

Estava escuro no local onde me encontrava. Olhei à volta, ninguém. Senti me observada, depois senti alguém a respirar para cima do meu pescoço descoberto pois tinha o cabelo apanhado. De repente sou atingida por uma dor aguda no pescoço e tento gritar mas o som não sai, apenas um gemido de dor. Quero mexer me mas o meu corpo já não me obedece. Estou fraca, sinto me a desfalecer. Caio no chão, a minha pele está fria e já não tenho pinga de sangue. Vou morrer. Mas antes de ficar tudo negro para mim vejo o meu atacante com os seus dentes de vampiro a escorrer sangue. O meu sangue. E reconheço o. Jace...

Acordo sobressaltada e suada e o meu primeiro instinto é levar a mão ao pescoço. Estou viva, não fui mordida. Mas o sonho parecia tão real.
Cheira mal, não estou no meu quarto. Estou ao ar livre.
Levanto me e vejo uma placa do jardim zoológico.

×JARDIM ZOOLÓGICO DE CHICAGO×
ATENÇÃO: NÃO ALIMENTAR OS CROCODILOS
PERIGO! NÃO SE APROXIME DOS ANIMAIS

Crocodilos?
Atrás de mim ouvi um barulho, virei me e dei de caras com um crocodilo enorme. Estou no local dos crocodilos.

Os Filhos da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora