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Fica. Disse ele.
Larguei a minha mala e sentei me ao seu lado no piano.
Ao início ficou imóvel e eu tremia levemente de nervosismo. Depois começou a tocar.
Fechei os olhos para absorver toda a melodia. Ele parou. Parecia perturbado. Reparei que ele tinha a pauta da música.
Comecei a tocá la. Primeiro devagar mas depois as notas começaram a sair tão fluentemente que parecia que já tocava a melodia à anos.
Jace juntou se a mim e enchemos a sala com as notas. Cada vez mais intensas, mais fortes,...
As nossas mãos tocaram se. Não tirei a mão e ele também não.
A temperatura do meu corpo aumentou e reparei que a sua mão estava gelada. Parte vampiro.
Por fim ele retirou a mão.
-Lindsey...
-Por favor, pára! Tou farta de desculpas... Eu tenho andado super confusa estes dias. Quase todos os meus pensamentos vão dar a ti.
-Tu sabes o que sou! Porra Lindsey! És a única pessoa que sabe o que realmente sou! Sou um monstro! Eu não quero magoar te mas tens de te afastar!
Levantei me bruscamente e levantei o tom de voz semicerrando os olhos para ele. Senti os olhos a arder, o que quer dizer que estão a ficar amarelos. Capacidade licantropa.
-Pára de dizer que é para me proteger! Já te passou pela cabeça que posso não ser humana? Afastares me não me vai proteger! Eu não tenho medo de ti! Mas não me deixas avançar porque a única pessoa que tem medo de ti és tu! Não és um monstro!
-Os teus olhos...
Levantei me violentamente e dirigi me para a porta. Parei e olhei para trás.
-Eu preciso que confies em ti. E em mim. Se realmente sentes alguma coisa por mim prova o.
Com isto saí porta fora já com lágrimas nos olhos.

Edward já me ligou oito vezes mas eu não atendi nenhuma das vezes. Sinto me mal por ter estado com o Jace nas suas costas.
Ouvi a minha mãe a chamar.
-Lindsey! O Edward está aqui!
Que bom.
Desci as escadas e fui à porta.
-Podemos falar?
-Claro.
Começámos a andar pela rua.
-Passasse alguma coisa? Não me atendes...
-Estava a fazer uma sesta e não ouvi o telemóvel.
Não parecia muito convencido.
-Não queres contar, tudo bem...
-Não é isso.
Agarrei o na mão e fui transportada para uma visão.

Uma sala escura. Um homem muito grande com um capuz a cobrir a cara e à sua frente estava Edward.
-Sabes onde ela está Daniel?
-Vi a com o anel. Tenho a certeza que é ela. A descendente de Luna Fairwolf. Podemos ficar muito poderosos com ela.
-E o como pensas atraí la até aqui, feiticeiro?
-Tenho umas ideias em mente...

Voltei ao presente e caí no chão por causa de uma tontura.
Edward agarrou me para não cair.
-O que se passa? Os teus olhos estavam completamente brancos!
-Daniel... - sussurrei.
-O quê? Desculpa não ouvi o que disseste.
-Não tem importância. Leva me para casa, isto é cansaço.
Assentiu com a cabeça e acompanhou me a casa.
Ía beijar me mas eu antecipei me e dei lhe um pequeno beijo na bochecha.
-Boa noite Edward.
-Boa noite Lindsey.

Fiquei a noite toda a pensar na minha visão.
O Edward é o Daniel?
Que é aquele homem?
De que anel estavam a falar?
E o Edward é feiticeiro?
Perguntas às quais não posso responder. Mas começo a achar que o Edward, ou Daniel, não é de confiança.

Eram quase duas da tarde quando acordei no sábado. Eu nunca acordei tão tarde. Normalmente não me deixo adormecer desta maneira.
Vou até à janela para abrir as cortinas e deixar entrar o sol e reparo num pedaço de papel preso na janela.

Encontra te comigo na sala de música.
Jace

Queimei o papel e fui vestir me.
Vesti uns jeans rotos nos joelhos, uma t shirt curta e branca a dizer "Midnight" a preto e uma camisa verde tropa. Calcei as botas tipo tropa pretas, apanhei o cabelo num rabo de cavalo e saí.
A escola costuma estar aberta aos fins de semana para os alunos que frequentam os clubes e precisem de salas.
Entrei e fui com a minha velocidade de vampiro até à sala de música. Adoro poder correr desta maneira sem perder o fôlego ou suar.
Fui apanhada de surpresa quando, mal entro na sala, Jace dirigi se a mim com rapidez e me encosta à parede e me prende com um beijo. Agarrou me na cintura e eu nos seus cabelos.
Afastou se mas não me largou e as minhas mãos passaram para o seu peito.
-Tinhas razão. Eu é que tinha medo do que podia fazer. E estou aqui para provar o que sinto por ti, se me deixares. Confio em ti e hei de aprender a confiar em mim, com o tempo.
Sorri e ía falar quando ele me interrompeu.
-E sei que não és humana. Suspeitei logo que o feitiço da invisibilidade não resultou em ti e tive certezas quando vi os teus olhos de licantropa. É o que tu és?
Sinto que posso confiar nele, tal como ele confiou em mim.
-Não... Sou mais do que isso.
-Alguma mistura dos pais?
-Também não... Os meus pais são licantropos.
Ergueu a sobrancelha confuso.
-Não podes contar a ninguém. Sou uma Filha da Lua.
-Isso é uma lenda.
-Não... Eu sou realmente descendente da Luna Fairwolf.
-Então quer dizer...
-Sim, tenho as capacidades dos videntes e feiticeiros, lobisomens e vampiros e ainda tenho poderes concebidos pelo poder da lua.
-Tens de ter cuidado.
-Eu sei.
Beijou me as têmporas e agarrou me na mão puxando me até ao piano. Sentou me ao seu lado. Coloquei as minhas pernas por cima das suas, fechei os olhos e deixei me levar pela melodia.
Por momentos esqueci me de tudo o que me preocupava. Não pensei nas visões, nem no Edward ou Daniel. Abstraí me completamente do mundo. Naquele momento só existíamos nós. Eu e o Jace.

Os Filhos da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora