𝑫𝒆𝒔𝒄𝒖𝒍𝒑𝒂.

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2024, 07 de janeiro.

Horas passadas e Minho se mantia sentado naquele banco de praça, pensando se realmente conseguiria continuar com tudo, não sabia como conseguiria ter forças para continuar com a fé de que aquilo que acreditava daria certo, tanto Jisung recuperar a memória, quanto conseguir de verdade aguentar tudo que viria sem poder falar nada para Jisung sobre seu esquecimento. Queria e desejava mais do que tudo que estivesse em apenas um sonho e que iria acordar com Jisung ao seu lado na cama. Sonhava em poder voltar a ter a vida que tinha antes, a vida que tinha Jisung ao seu lado, onde apenas estudar era a coisa mais chata e entediante para si.

A rua estava praticamente vazia, o relógio batia três e cinquenta e quatro da manhã e Minho continuava ali. De verdade, não queria voltar para a casa e saber que teria que fingir que estava tudo bem, muito menos aguentar todas as ações que Jisung tinha. Minho esfregava seu rosto com suas mãos constantemente, se segurando para não chorar ali, estando sozinho e com frio, respirava o ar com brutalidade, tentando mais uma vez conter o choro. Seu corpo todo se arrepiava de frio e de fome, queria que tudo acabasse. Cada parte do seu corpo doía, tudo estava dormente, se sentia tonto e cansado... Apenas queria que tudo isso acabasse logo.

Minho olhou mais uma vez no relógio, percebendo que já havia dado quatro horas da manhã, começando a pensar que provavelmente Jisung estaria dormindo. Então se levantou daquele banco, caminhando pela rua quase deserta, vendo alguns corredores treinando um pouco perto de si. Caminhou olhando a paisagem, começando a se lembrar de cada momento que esteve com Jisung, desde quando se conheceram.

O dia já estava amanhecendo e quando percebeu já estava de frente para a casa, sentindo-se ansioso por lembrar que teria que enfrentar mais um dia de vida, mais um dia de sofrimento e dor. Caminhou devagar até a porta de entrada da casa, observando que todas as luzes estavam apagadas. Abriu a porta sutilmente, entrando devagar para não fazer barulho. Fechou a porta, indo para o quarto pegar alguma peça de roupa para vestir depois que tomasse banho.

Jisung acordou com os barulhos estranhos que uma porta da casa fazia, começando a ficar preocupado, não conseguindo pensar em outra coisa a não ser bandidos. Jisung se levantou da cama devagar, puxando, sem fazer barulhos, sua cadeira de rodas. Pôs a cadeira ao seu lado, arrastando seu tronco para mais perto da mesma, querendo sentar nela. Assim que pôde se sentar em sua cadeira, levou suas mãos até as rodas, começando a se locomover pela casa, saindo de seu quarto. Andou devagar, olhando para todos os cantos, vendo se havia realmente um bandido ali. Ouviu barulhos do banheiro, vendo a silhueta de uma pessoa.

Logo Jisung ficou com medo e preocupado, não sabia quem era e muito menos o que fazia ali, apenas não queria pensar no pior, porém era a única coisa que conseguia pensar naquela hora. Chegou perto do banheiro, vendo que a porta estava aberta, não tinha nada para se defender então não poderia chegar muito perto. Mas não ligando para isso, Jisung foi até a porta e parou lá mesmo, conseguindo observar de perto e ver quem era. De repente suas bochechas todas estavam vermelhas e o nervosismo batia na porta, não esperava ter visto Minho tomando banho, muito menos nu.

Saiu rapidamente da porta do banheiro, sentindo-se desesperado por ter visto Minho daquele jeito, começando a se sentir estranho com si mesmo.

Minho havia ouvido barulhos na porta do banheiro, porém assim que olhou não viu nada, então não ligaria para isso. Continuou o banho, ainda assim achando estranho o barulho que havia ouvido.

Jisung rapidamente foi para a sala, esbarrando nas malas e caixas que ainda haviam ali por conta da recém chegada dos dois. Não conseguia esquecer a cena que havia visto, começando a próprio se achar estranho por não conseguir esquecer. Não sabia o motivo do moreno ter tomado banho de porta aberta, tanto a porta do banheiro, quanto a porta do boxe. Talvez por Minho achar que Jisung estaria dormindo.

Minho acabou o banho e começou a se secar, ainda intrigado com o barulho que havia ouvido. Com sua toalha, começou a secar suas pernas, vendo o quanto sua pele estava gelada e pálida. Assim que seu corpo já estava enxuto, Minho começou a pôr suas roupas, vestindo-se, iniciando a enxugar seus cabelos. Saiu da banheiro, fechando a porta, caminhando em direção a sala para que pudesse chegar na cozinha. De longe, viu Jisung parado sentado na cadeira de rodas, sentiu-se confuso por pensar que o mais novo estaria dormindo. Andou devagar até ele, chegando atrás do mesmo sem fazer barulho.

- O que faz acordado à essa hora? - Minho perguntou, estando atrás de Jisung, fazendo o mesmo virar seu rosto assustado para trás ao ouvir a voz de Minho, depois virando a cadeira lentamente para que ficasse de frente para Minho, começando a se sentir desesperado e estranho ao se lembrar da cena que viu à poucos minutos atrás.

- E-Eu...? - Apontou para si mesmo, respirando fundo mesmo estando nervoso. - Eu... Eu estava... Estou fazendo o mesmo que você. - Deu os ombros. - O que está fazendo acordada à essa hora? - Tentou converter o jogo, fazendo Minho olhar para si com dúvida.

- Eu estava apenas tomando banho... Espera aí... - Minho parecia ter se lembrado de algo, fazendo Jisung começar a se sentir mais nervoso e ansioso. - Se você está acordado... Então... Foi você que fez aquele barulho na porta do banheiro? - Minho começou a se sentir estranho, pois se realmente havia sido Jisung, o mesmo havia o visto nu.

- O quê que tem? - Perguntou ferozmente. - Vo-Você que deixou a porta aberta, não me culpe se eu vi algo.

- Você me viu pelado?! - Minho perguntou preocupado, não haveria nenhum problema se o Jisung antes de ter perdido a memória visse Minho pelado, agora esse Jisung que ao menos sabia quem Minho era, isso não deveria ter acontecido.

- Q-Qual é o problema?! - Estava tentando aliviar sua situação. - Somos dois homens, não fale como se fosse um crime. - Jisung estava começando a se sentir desconfortável e estranho por não conseguir esquecer o momento que viu Minho tomando banho.

- Foi minha culpa... Desculpe Senhor Han. - Minho abaixou a cabeça e curvou seu corpo, começando a caminhar devagar para fora daquele espaço, quando de repente sua mão foi segurada por Jisung, fazendo Minho olhar para trás estranhando a ação do outro.

- Em falar em "Senhor Han"... Eu... Eu acho que eu que devo pedir desculpas à você, me desculpe por ter sido rude ontem, eu sei que você deve estar fazendo o seu máximo para cuidar de mim e eu estou sendo um filho da puta, mas apenas me desculpe. - Jisung largou a mão de Minho, vendo o quanto o moreno estava surpreso pela ação do mesmo. - Deve ser difícil cuidar de mim enquanto tem uma garota que quer pedir em casamento. - Sorriu fraco.

- E-Eu não posso mais pedir "ela" em casamento. - Jisung conseguiu voltar no assunto que mais doía em Minho.

- Por que não? Se vocês se amam, por que não pede logo ela em casamento?

- Por que... "Ela"... Me esqueceu. - Minho novamente tentou se conter, virando seu rosto para frente tentando não olhar para Jisung.

- E isso dói?

Minho apenas balançou a cabeça em positivo, o olhando com os olhos marejados, começando a respirar ofegante ao lembrar de tudo que havia passado e de tudo que ainda teria que suportar. Minho virou para frente e caminhou devagar até a cozinha, caindo no chão assim que chegou perto do armário. Seu corpo estava gelado e pálido. Sem nem sequer conseguir conseguir controlar, suas lágrimas desceram pela sua pele branca como leite.

A única coisa que queria, era que aquilo acabasse o mais rápido possível...

𝗗𝗶𝗴𝗮 𝗠𝗲𝘂 𝗡𝗼𝗺𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora