𝑨𝒏𝒈𝒖́𝒔𝒕𝒊𝒂.

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2024, 10 de janeiro.

Minho acordou tonto em sua cama, sem nem ao menos saber porquê seu corpo doía tanto. Já havia ficado sem comer durante dias, não estava mais aguentando. Foram tantas preocupações que não teve tempo nem para se alimentar direito, no final, apenas sentia falta de quando chegava com Jisung da universidade e iriam direto para a cozinha, onde o garoto fazia comidas deliciosas todas as noites. Apenas queria que tudo voltasse a ser como antes, queria que tudo acabasse o mais rápido possível e que pudesse ter Jisung em seus braços novamente, para que assim pedisse o garoto em casamento.

O grande dia havia chegado e sabia que teria que, talvez, forçar Jisung a ir ao hospital psiquiatra. Todo dia que acordava, ia até o quarto de Jisung tentar fazer que ele se lembrasse de si, porém já havia quase desistido à uns três dias antes.

Minho se levantou e caminhou até o banheiro, preparando-se para escovar os dentes e limpar o rosto. Saiu do banheiro, trocando de roupa, tirando o pijama para que pudesse ir acordar Jisung em seu quarto. Caminhou da sala até o quarto de Jisung, entrando no mesmo nem sequer fazer barulho. Fechou a porta atrás de si, indo em direção à Jisung, que estava dormindo em sua cama. Cutucou o garoto levemente, vendo-o abrir os olhos lentamente.

- Bom dia Senho Han, preparado? - Minho disse sugestivamente, vendo o outro o olhar confuso. Jisung levantou seu tronco devagar, segurando no ombro de Minho até que se sentasse. - Hm?

- Quem? - Jisung perguntou confuso, ainda com as bochechas e os olhos inchados após uma quase longa noite de sono.

- Você. - Minho sorriu minimamente.

Jisung estava confuso, não sabia como havia chegado naquele quarto, muito menos onde estava, e o moreno fazia sua cabeça doer mais ainda do que já doía normalmente desde que acordou naquele hospital. Não entendia qual era o efeito que aquele homem tinha sobre si, mas parecia que ele comandava algo dentro de si e isso deixava Jisung bastante confuso sobre tudo. Tinha lembranças pequenas de coisas, mas nunca conseguia distinguir que coisas eram estas e muito menos quem eram algumas pessoas que apreciam naquelas sonhos e naqueles déjà-vu's que tinha constantemente. Porém nunca contava isso à Minho, porque sentia que era ele que fazia isso em si. Jisung tentava ao máximo não olhar para Minho diretamente, porque vinham memórias curtas e muito doloridas para que pudesse aguentar.

Toda vez que Jisung acordava, Minho estava à sua frente e em frações de segundos ou até minutos, esquecia quem era aquele homem que sempre lhe acordava. Via o rosto mais não conseguia se lembrar quem ele era, até que realmente voltasse a funcionar seus sentidos e pensamentos.

Minho olhou para Jisung, esperando uma resposta vinda do mais novo, enquanto o mesmo parecia perdido em seus próprios pensamentos.

- Hoje iremos para o hospital psiquiátrico. - Disse entusiasmado.

- Por que preciso ir ao um hospital psiquiátrico? Eu já disse, eu apenas sofri um acidente de carro, a única coisa que não funciona bem em mim são minhas pernas, tirando isso não tem nada. - Jisung dizia indignado, Minho ao menos poderia falar o verdadeiro motivo. Cada vez que Minho olhava para Jisung, tentava conter algo diferente dentro de si.

- Não me culpe, por favor... - Parecia estar desesperado, queria que o mais novo fosse ao hospital psiquiátrico afim de conseguir que o mesmo recuperasse a memória. Queria mais do que tudo que a situação e a vida deles voltassem ao normal, e sentia que só tinha como, se Jisung começasse sua terapia com um psiquiatra. - Eu apenas quero seu bem. Não vai ser demorado, vai ser apenas por uns dias, você nem vai perceber... Por favor. - Implorava.

Jisung realmente estava se convencendo, não conseguia entender como aquele homem lhe deixava tão confuso ao ponto de duvidar de si mesmo, ao ponto de fazer que repensasse em tudo.

- Eu não sei... Não sei se posso confiar em você. - Jisung se levantou, encostando suas costas na cabeceira da cama, sentindo seu corpo doendo. - 'Pra ser sincero, eu sinto que eu tenho que confiar em você, porém... - Jisung olhava fortemente para os olhos de Minho, já mostrando o quanto estava desconfortado sabendo que não se lembrava e não sabia de nada que se passava, tanto fora, quanto dentro de seu corpo. Olhar Minho fazia sua mente doer, porém naquela hora fazia isso com força, deixando seus olhos encherem de lágrimas. - Eu já não sei o que realmente acreditar, não sei se eu sigo o que eu sinto ou o que eu acho, porque o que eu sinto é de acordo com suas palavras, mas... O que eu quero eu não sei se realmente é real. - Desabafou, sentindo seu corpo todo estremecer.

- Ji... Eu te... - Minho abaixou a cabeça rapidamente, tentando conter suas lágrimas ao ver o garoto à sua frente tão aflito, se lembrando que não poderia falar como se já conhecesse Jisung ou como se fosse algo dele. - ... Senhor Han, eu sei se que você não quer confiar em mim por não saber sobre algumas coisas, mas eu vou te explicar tudo, só... Só faça isso por mim ou por você. - Minho já não escondia sua aflição, muito menos seu medo de perder Jisung, deixando de lado a "regra" que o próprio inventou de não chorar na frente do menino.

Minho limpou rapidamente seus olhos com as costas de sua mão, tentando se conter.

- Isso dói... Não sei porquê você chora, mas dói em mim, então para. - Jisung o olhou fortemente, implorando para Minho parar de chorar na sua frente. Minho tentou se recompor, porém seus olhos já ficavam marejados assim que olhava para Jisung. - Para! - Jisung pôs a mão em seu peito, onde dali saia muita dor, estando evidente seus olhos também já tão marejados.

- Me desculpe. - Minho se levantou, ajeitando sua roupa para que pudesse começar de novo, contendo suas lágrimas e seus dentes que não paravam de morder seus lábios. - Bom dia Senhor, temos que nos arrumar para ir ao psiquiatra.

- Me deixe sozinho, por favor. - Mesmo tendo pedido para Minho parar de chorar, Jisung ainda não conseguia se conter, seu peito doía bastante, estava insatisfeito, delirante e cansado, estava sendo o inocente ali e isso estava o matando.

Minho fechou os olhos lentamente, tentando esconder seu sofrimento. Respirou fundo e se curvou, andando devagar até a porta do quarto, sentindo seu corpo todo doer, tanto seu corpo como seu coração. Chegou na porta e olhou para trás, vendo Jisung na cama, vendo o menino desabando de tanto chorar. Minho mordeu seus lábios inferior, tentando conter seus sentimentos ao ver o garoto tão aflito e perdido. Fechou a porta, podendo ver Jisung nos últimos segundos da porta se fechando.

Sem nem conseguir esperar um curto momento depois que fechou a porta do quarto, Minho caiu ali na frente da mesma, pondo sua mão no seu peito, sentindo ele doer como se estivesse morrendo. Começou a chorar baixinho. Estava cansado daquilo tudo, só queria amar Jisung e tê-lo em seus braços, poder se casar com ele e viver o resto de sua vida ao lado dele, a pessoa que mais amava.

Jisung ao ver Minho fechando a porta, se deitou de lado, sentindo seu corpo se arrepiar em meio aos soluços de choro, as lágrimas deixando seu rosto completamente molhado. Tudo estava à flor da pele, queria que aquilo acabasse, mas não sabia como, nem ao menos sabia como tudo havia começado para querer que acabasse. Não se lembrava nem ao menos quem era, porém o que mais doía em si, era o fato de não saber porquê Minho mudava tudo em si, como ele tinha esse poder? Como ele poderia fazer tudo doer em si e ao mesmo tempo fazer Jisung se sentir curado ao olhá-lo nos olhos...? Apenas queria respostas.

Podia se dizer que até o sofrimento deles eram sincronizados, se um sofria, o outra sofreria...

𝗗𝗶𝗴𝗮 𝗠𝗲𝘂 𝗡𝗼𝗺𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora