𝑨𝒑𝒆𝒏𝒂𝒔 𝒑𝒆𝒓𝒅𝒊𝒅𝒐.

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2024, 03 de janeiro.

A vida parecia realmente injusta. Não conseguia ver se foi uma vitória ou uma perda Jisung não ter morrido, mas faria de tudo para que tivesse certeza que foi uma vitória, pois o amava.

O sentimento de insuficiência e culpa o tomava cada vez que lembrava que poderia ter evitado o acidente. Sabia que não era sua culpa, porém não conseguia ver de outra forma. Não conseguia parar de se culpar.

Jisung se sentia estranho, o homem o olhava fortemente parecendo que queria lhe falar algo. Via-o fechar os olhos brutalmente logo depois de uma fala sua, parecia tentar conter algo, apenas queria respostas. Sua mente estava confusa. Sua cabeça doía toda vez que tentava se lembrar como havia chegado naquele hospital. Não conseguia sentir suas pernas e seus braços doíam muito. Simplismente não conseguia. Parecia que estava em um labirinto, ao menos sabia seu nome, apenas sabia que seu sobrenome era Han por chamarem ele assim. Se sentia preso, porém estava solto. Se sentia perdido, mesmo sabendo onde estava. Se sentia culpado, sem nem saber porquê.

Via mais dois homem esperando por si, sem ao menos saber quem eram e porquê esperavam por Han. Tentava pensar direito para ver se lembrava coisas do passado, mas apenas vinham memórias de poucos minutos atrás e rostos de pessoas que possivelmente conheceu durante a infância.

Olhar aquela janela não o levava a nada. Jisung apenas forçava sua mente a lembrá-lo de, pelo menos, alguma coisa, porém tudo aquilo estava sendo em vão.

Minho não parava de se sentir culpado, tudo que poderia ter feito para que isso não acontecesse vinham na memória e fazia-o se sentir ainda mais culpado.

Jisung se virou e olhou para Minho, o vendo com a cabeça baixa, parecendo se lamentar por algo. Via-o com os olhos cheios de lágrimas e no fundo se sentia culpado por isso sem nem mesmo saber porquê. Han olhava Minho com peso e pena, queria ajudá-lo mas não sabia como iria. Doía em si ver o homem desconhecido tão aflito e triste.

De soslaio, Minho percebeu Han olhando para si, então ajeitou a postura, tentando se recompor, não queria que Han visse-o aflito.

- Desculpe estar quase chorando. - Disse limpando os olhos com as costas de sua mão direita. Olhou para Han e novamente tentou se conter, olhá-lo tão perdido fazia tudo em si parar. Ajeitou de novo sua postura, tentando ficar o mais formal possível para Han, sabendo que agora não poderia agir como antes já que o garoto não se lembrava de si.

- Por que me esperou? E por que está triste? - Disse fortemente. - Por que?! O que eu fiz para você?! Me diga! - De repente tudo veio à tona, nem mesmo sabia o porquê estava gritando com o homem. Começou a respirar ofegante, sentindo sua mente atordoada.

Minho via tudo sem poder falar nada, dizer toda a verdade não levaria a situação a melhorar. Sabia que Han falava com si de um jeito agressivo por não saber sobre o que estava acontecendo, por estar perdido. Apenas queria abraçá-lo e poder mentir dizendo que estava tudo bem, mas sabia que o menino iria recusar sua aproximação por Minho agora ser um desconhecido.

- Você... Você receberá alta em breve, Senhor. - Foi a única coisa que Minho conseguiu dizer.

Se levantou da pequena cadeira ao lado da cama onde Han estava e saiu daquela sala, fechando a porta com um pouco de força. Seus olhos não negavam o que estava sentindo naquela hora. Caminhou rapidamente pelo grande corredor, em fim de achar alguma sala para se esconder. Para esconder sua culpa, sua vergonha... Para se esconder. Seus pés já não se controlavam mais, começou a correr pelo corredor, sentindo seu corpo estremecer, dar sinais de que ainda queria viver. Sentindo-se perdido.

A única coisa que queria, era sumir. Não sabia de onde tiraria forças para aguentar tudo aquilo mais uma vez.

Observou uma sala com a porta aberta e a luz apagada, uma sala que guardava entulhos do hospital. Entrou sem nem mesmo se preocupar se havia algo ou alguém ali. Fechou a porta com força, iria se esconder, queria se esconder. Seu corpo já não conseguia mais se segurar, apenas caiu ajoelhado no meio da sala, deixando suas lágrimas desceram pela sua pele pálida e gelada.

Apenas queria que tudo voltasse ao normal, que tudo voltasse a ser como antes. O que fizera para receber tanto sofrimento?

Seu corpo apenas o deitou no chão. Minho se encolheu e pedia para aquilo acabar, pedia para ter tudo de volta, pedia para conseguir encontrar o momento em que errou para ter tanto sofrimento em sua vida. Nada em seu corpo se movia, só as lágrimas desciam, deixando o rosto de Minho molhado.

Jisung tentou se acalmar, porém não conseguia controlar sua respiração, muito menos seus olhos que já estavam marejados. A vontade de chorar era forte e sentia que iria desabar. Sua mente confusa não o deixava pensar direito, apenas o deixava pensar. O bréu surgiu e a única coisa que conseguira fazer foi se deitar, já que seu corpo amoleceu.

Não sabia de nada e o que poderia fazer? Apenas começou a chorar, sentindo seu peito doer mais, mais que sua mente atordoada, mais que seu corpo, mais que tudo. A falta de ar começou a se instalar. Queria dormir e perceber que aquilo foi um sonho, todavia nem isso conseguia. Fechou os olhos lentamente, esperando que aquilo tudo acabasse e pudesse entender o verdadeiro motivo por estar tão confuso e perdido.

Os dois sentiam a mesma dor, o mesmo sentimento. Eram almas destinadas a ficarem juntos, que quando mesmo parecia que já tinham se perdido, os sentimentos ainda eram sincronizados. Se isso tudo era verdade, se isso era o que um sempre disse para o outro durante a vida deles até aquele momento, então por que não estavam juntos? Por que tinha que acontecer isso?

Minho fechava os olhos lentamente e os abria na mesma frequência, já tão cansados de chorar. Seu corpo enfraquecido e com fome. O que ele estava fazendo ali? O que estava esperando acontecer? Por que não conseguia se mover?... Enfim, dormiu, conseguindo descansar os pensamentos que tanto o culpava.

Jisung adormeceu com a cabeça no travesseiro molhado de tantas lágrimas de choro, podendo assim acalmar sua mente e seu corpo.

Dormiram de cansaço ou dor? Dormiram de sono ou tristeza?

Apenas dormiram...

𝗗𝗶𝗴𝗮 𝗠𝗲𝘂 𝗡𝗼𝗺𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora