will & ana

039.

ana & joão
21h03 @ ingrid's

"não adianta esquecer teu nome
e onde foi morar
nem te mandar para longe
porque isso pode me matar."
🎧 cigarros e capitais, esteban

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Ana: Bom, meu pior pesadelo se concretizou.

João: Quebrou o salto da bota no meio da rua?

Ana: Dei de cara com o Will no meio da rua.

João: Puta merda.

Ingrid: Como foi?

Ana: Foi... catártico.

Ingrid: Ele falou contigo?

Ana: Nada digno de nota.

João: É isso aí.

Ingrid: Ele que se exploda.

Ana: Ainda assim, foi meio... não sei. É difícil de explicar.

Ingrid: Estamos aqui se você quiser tentar.

Ana: No começo, foi bem difícil. Vocês sabem. Ele foi embora, né? Um dia a pessoa está aqui, e no outro não está. Eu não tive a opção de me fazer de ridícula, aparecer na porta da casa dele, ligar várias vezes ou mandar mensagens humilhantes porque ele mudou de número quando se mudou para outro país. É o que eu faria em circunstâncias normais... quer dizer, não sei. Eu nunca tive um relacionamento que se encerrou sem ser pela minha vontade. Com o tempo, eu fui me convencendo de que podia ser pior. Por Deus, eu já conheci o pior. Eu virei cartaz da pior coisa que pode acontecer em um relacionamento. Então, precisei me lembrar de que não é porque eu tinha passado pelo inferno que um homem nunca mais poderia me magoar.

João: ...

Ingrid: ...

Ana: Com o tempo passou. Essas coisas sempre passam, né? Eu não acredito em alma gêmea, em um único amor da vida de ninguém. Mas ele... William... não foi uma simples questão de eu ter me apaixonado, de ter gostado dele, o que seja. Ele me fez perceber que uma parte de mim... bem. Eu estava morta antes dele. E morri depois dele.

João: Você parece bem viva para mim.

Ana: É, eu estou viva. Eu respiro e meu sangue pulsa, e eu durmo e acordo e como e falo e ando. Mas aquela parte de mim que anseia por uma conexão, por um relacionamento... eu não sei se vou ter isso de volta.

Ingrid: Você já pensou isso antes.

Ana: Verdade.

João: ...

Ingrid: ...

Ana: Bom, fica de lição, eu acho.

Ingrid: O quê?

Ana: A diferença entre uma pessoa dizer que está partindo e te chamar para ir junto.

João: Profundo, amiga.

Ingrid: Ele não te pediria isso.

Ana: Tanto é que não pediu.

Ingrid: Você iria? Se ele tivesse te chamado?

Ana: Não. Ele não é a minha história. Eu sou.

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