008.

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will & ana
20h01 @ starbucks, av. machado de assis

"one more word
and you won't survive."
🎧 eyes on fire, blue foundation

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Will: Ana?

Ana [sobressaltada]: Que susto!

Will: Ana... Hae?

Ana: Você mora aqui, ou algo do tipo?

Will: Eu sou Will. Prazer em te conhecer.

Ana: Prazer, eu acho.

Will: Will... Demartino?

Ana: ...

Will: Eu até diria que isso não é possível...

Ana: Isso não é possível.

Will: ... mas não tem mais ninguém aqui.

Ana: Você é Will Demartino?

Will: Não pareça tão desapontada.

Ana: Quais são as chances?

Will: Eu te disse. É essa cidade. Ela é propensa a fazer com que as pessoas se esbarrem o tempo todo. É lotada demais.

Ana: Ah, meu Deus, Will Demartino! Eu não sabia que você era você.

Will: Se você soubesse, teria colocado menos açúcar no café antes de derrubá-lo em mim?

Ana: Eu estou tão envergonhada. Não acredito que derrubei café em você.

Will: Eu sobrevivi sem desenvolver diabetes. Está tudo bem.

Ana: Eu é que vou desenvolver um derrame!

Will: Espero que não. Eu sou roteirista, não médico. Quer dizer, eu já escrevi alguns médicos, mas eu não teria a menor condição de te socorrer.

Ana: Você quer que eu implore o perdão? Eu imploro. Peço mil desculpas. Por favor não me transforme em uma pessoa horrível no filme sobre a minha vida. Por favor não desista do longa, isso significa tudo para a Ingrid e ela trabalhou tão duro...

Will [piscando]: Não sou rancoroso.

Ana: Eu sou.

Will: Mas nós demos trégua hoje mais cedo.

Ana: Foi uma farsa. Eu estava até agora pensando em respostas malcriadas que eu poderia te dar caso nos esbarrássemos de novo.

Will: Nós nos esbarramos de novo, nesse exato momento. Tem uma resposta malcriada para mim na ponta da língua?

Ana: Você está tornando um pequeno filme amador que a minha melhor amiga produziu para um trabalho de faculdade e viralizou na internet em um roteiro para o cinema. Não existe a mais remota chance de que eu vá ser malcriada com você...

Will: Agora.

Ana: ... agora.

Will: Então, a sua melhor amiga produziu um curta sobre... você?

Ana: Não pareça tão desapontado.

Will: Eu não estou desapontado, eu estou... curioso.

Ana: Sobre a minha história, na verdade. Não sobre mim.

Will: Deve ser uma baita história.

Ana: Você não... sabe?

Will: Não.

Ana: Você não sabe.

Will: Não, eu não sei.

Ana: Como você não sabe?

Will: Eu comentei com a Ingrid que não queria saber nada sobre a história antes de conversar com você. O projeto veio até mim através de uma produtora com quem já trabalhei no passado. Me explicaram a premissa por alto, e eu decidi não assistir o curta antes de te conhecer. Não queria que a minha opinião sobre o curta ou a visão da Ingrid sobre o enredo prevalecesse sobre quem você é, sobre a forma como você vai ser retratada.

Ana: Não foi isso que eu perguntei.

Will: Não?

Ana: Eu não perguntei se você sabe a história do curta.

Will: Ah. Você me perguntou se eu sei a história. Como saiu no jornal. Certo?

Ana: Certo.

Will: Eu li um total de oito palavras em uma manchete de jornal. E vi uma foto. A foto de chamada da matéria. É tudo que eu sei.

Ana: Por que você não quis ler a matéria?

Will: Já tenho muitas tragédias na minha cabeça. As da ficção, e as minhas próprias. Há muito tempo eu decidi me poupar das tragédias do mundo real. Não tinha espaço para elas.

Ana: Essa tragédia ocuparia muito espaço.

Will: Você está me assustando.

Ana: Já? Então você não é o cara certo para esse trabalho.

Will: Você não sabe disso.

Ana: O que você está anotando?

Will: As coisas que sei sobre você até agora. Bem, agora eu sei por que as pessoas ficam apertando os olhos para te olhar como se te conhecessem quando você entra nos lugares. E que você é viciada em açúcar, e é um pouco temperamental.

Ana: Isso tudo me resume bem.

Will: Vamos começar do jeito certo. Eu sou Will Demartino e vou escrever o roteiro da sua vida. Muito prazer.

Ana: Eu não vou apertar a sua mão.

Will: Temperamental.

Ana: Certo. Mas só porque eu prometi para a Ingrid que eu iria cooperar. Olá, Will. Eu me chamo Ana.

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