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—Eu não vou voltar a morar em um barco, Tej! — cruzei os braços e bati o pé no chão, encarando o rapaz de forma incrédula.

— Qual o problema com o meu barco? A gente ficou muito nele antes de começar as missões!

— O problema é que... é que...— gaguejei, procurando um bom motivo. — O problema é que não tem espaço suficiente!

— Não tem espaço suficiente? — perguntou, e apontou para o grande barco branco. — Ele é gigante, Summer!

— Está velho e ultrapassado. — retruquei, erguendo uma sobrancelha — Compra uma casa decente, de preferência com um quintal bem grande, com gramado e piscina.

— Você chamou o meu barco de velho e ultrapassado? — me olhou incrédulo, apontando para o barco.

Havíamos voltado para Miami dois dias após a missão contra a Cipher. Dom, Letty e o Little Brian estavam bem e em segurança, então logo após toda a confusão, voltamos a nossa vida normal.

Tej atendeu a minha vontade e nós voltamos para minha tão sonhada e amada, Miami. Tínhamos acabado de chegar e havíamos encontrado apenas com Jimmy, que estava responsável pela antiga garagem de Tej.

Entretanto, Tej batia o pé para que voltássemos a como era antes: morar no antigo barco. De fato, era um barco grande e espaçoso, mas não daria meu braço a torcer.

— Não vou criar meu filho em um barco! Opa! — pus imediatamente as mãos sobre a boca, não era o momento certo para revelar tal notícia.

— Você?...a gente? — se aproximou em passos lentos, enquanto me olhava nos olhos.

Os olhos de Tej estavam brilhantes e um sorriso de orelha a orelha se instalou em seu rosto, ele parou frente a frente comigo e suas mãos foram em direção a minha cintura.

— Vamos ter um bebê!

Tej gritou de felicidade e me abraçou rapidamente, me tirando do chão, enquanto gargalhava de felicidade.

— Obrigado, obrigado, obrigado, meu amor! — murmurou, me colocando de volta ao chão e afundando seu rosto em meu pescoço, ainda me abraçando forte.

— Tá me agradecendo por que, vida? — meu cenho franziu de confusão, por um momento.

— Por me fazer o homem mais feliz do mundo! — sorriu e eu retribui selando nossos lábios. — EU VOU SER PAI! O Roman precisa saber disso!

— Que bagunça é essa no meu deck? — ouvimos uma voz feminina familiar e nos viramos de forma rápida, encontrando uma asiática com um sorriso besta na cara.

— SUKI! — exclamei animada e abri os braços em direção a asiática, que logo correu e nos abraçamos de forma afoita. — Eu senti tanto a sua falta, gatinha!

— Você fez muita falta, little bullet! — afagou meus cabelos e eu ri pelo apelido que não ouvia há algum tempo.

— Pelo visto ninguém sentiu a minha falta aqui, todo mundo só quer saber da Summer!

— Não seja ciumento, Tej Parker! — a asiática brincou, quando nos separamos do abraço.

Os dois se cumprimentaram com um abraço forte e eu me senti em casa. Pela primeira vez em anos, me senti em casa. Claro que minha definição de família era outra, mas minha definição de casa é essa.

-

— Amor...psiu...— sussurrei, cutucando a cintura de Tej.

Estávamos dormindo em um hotel, já que eu me recusava a dormir no barco que balançava vez ou outra, me gerando um certo enjôo.

Já estava há alguns minutos tentando acordar o homem, mas falhei miserávelmente. Parecia uma pedra dormindo, não acordava por nada.

— Tej, acorda, amor...— tentei novamente, mas sem sucesso, bufei irritada e uma ideia surgiu a mente.

Preparei a mão direita e respirei fundo antes de sentar a mão nas costas dele, o fazendo pular de susto.

— QUE ISSO, SUMMER? ENDOIDOU?

— Era um mosquito, amor!

— Meu Deus do céu, tirou meu pulmão do lugar! — reclamou, enquanto tentava passar a mão no local.

— Já que você acordou por livre e espontânea vontade, sai pra comprar algo pra eu comer? Por favorzinho! — fiz biquinho e ele me olhou incrédulo.

— Você tirou meu pulmão do lugar só pra eu ir comprar um lanche pra você? — perguntou e olhou no relógio digital que estava ao lado da cama. — São quatro da manhã, amor. Não tem nada aberto a essa hora!

— Tem sim, procura que você acha! — retruquei, retirando a coberta de cima da barriga e subindo a blusa do pijama. — Seu bebê está com vontade de um hambúrguer com refrigerante.

— Você está usando o bebê como desculpa pra eu comprar um lanche às quatro horas da manhã de uma terça-feira. — reclamou enquanto se levantava e trocava de roupa, para sair.

— Sem picles, viu?! Amo você, gatinho, e o bebê também! — sorri quando ele me deixou um beijinho na testa antes de sair.

Eu só soube que estava grávida antes de irmos para a Rússia, atrás de Dom na última missão. Três semanas. Isso talvez explicasse o mau humor repentino, a fome insaciável e meu choro pela "morte" de Deckard. Estava sensível.

Um bebê não estava nos meus planos agora, já que nossa vida era uma loucura. Roubando cofres, abatendo aviões, sequestrando hackers ingratas e a última foi um submarino russo gigantesco.

Mas tinha esperanças de que aquela fosse a última missão, por mais que no fundo algo me dissesse o contrário.

— Eu vou te amar intensamente todos os dias da minha vida, sabia?! Eu já te amo tanto, coisinha...— murmurei, alisando a barriga praticamente inexistente. — Eu não vou te abandonar, como fizeram comigo, e te prometo ser a melhor mãe do mundo...prometo fazer o máximo para te dar o mundo se for preciso.

Fiquei alguns minutos em silêncio, apenas fazendo um carinho na barriga, por um instante todos os meus medos e pensamentos ruins se esvaíram e eu estava genuinamente feliz.

— Você vai ser rodeado de pessoas incríveis, sabia, brotinho?! Vai ter muitos tios e tias...

— Cheguei, cheguei...— Tej abriu a porta de forma rápida e eu sorri ao ver a sacola em suas mãos.

— O papai chegou, brotinho! — exclamei animada quando ele me beijou de forma rápida e deixou a sacola em minhas mãos.

Brotinho?

— Vamos chamar de brotinho enquanto não sabemos o sexo...— resmunguei, abrindo a sacola e sentindo o cheirinho de hambúrguer quentinho.

Tej se trocou e pôs o pijama de volta e se jogou na cama, deitando sobre minhas pernas e levando a mão em direção a minha minúscula barriga.

— Oi, brotinho do papai...sua mamãe vai comer agora pra te deixar bem feliz e gordinho!

— Meu bebê não vai ser gordinho, Tej!

— Do jeito que você come, é impossível ele não nascer gordinho!

— Cuidado com o que você fala, toma muito cuidado!

MINA RALÉ - TEJ PARKER Onde histórias criam vida. Descubra agora