Capítulo IV- Luar amarelo

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    !!!!esse capítulo pode conter gatilhos para sensíveis!!!!

    Era uma noite silenciosa, passava meninas super poderosas na TV e tinha uma criança sentada no tapete assistindo ao desenho.

    O ambiente era escuro, era iluminado apenas pelo brilho da TV. A menininha, devia ter por volta de 5 anos, prestava atenção em todos os detalhes, os olhos brilhavam refletindo a tela.

    - Marceline.- Sua mãe chamou- Vem cá, meu amor.

    A criança se levantou e foi até a mãe.

    - Oi, mamãe.- Ela dizia balançando o corpo enquanto abraçava o ursinho.

    - Vem com a mamãe, vem. Suas coisas já tão no carro.

    - O papai não vai com a gente.

    - ... Não amor.

    - Pu que?

    - Quando for mais velha você vai entender.

    Assim a mãe levou a filha para o carro, colocou-a no banco do passageiro e pôs o cinto, e ela com o ursinho na mão.

    - Não pode fazer isso! Você tá sendo egoísta!- Seu pai gritava enquanto a mãe coloca o cinto.

    - Egoísta?! Tô fazendo o melhor para ela.

    A porta do carro foi fechada, eles começaram a gritar mas Marceline não ouviu, focava em Wally, seu ursinho. Logo depois sua mãe abriu a porta do motorista, entrou e ligou o carro.

    - Não pode fazer isso! Vocês são tudo que eu tenho!- Seu pai gritava enquanto sua mãe saía.

    - Mamãe...

    - Fala, amor.

    - O papai tava chorando?

    - ... Não pensa nisso não, Marcy.
    Não tinha como não pensar. E aquele maldito biquinho veio, e sempre vinha acompanhado de lágrimas, lágrimas que o abraço dado em Wally secava.

    (Ela é tudo que eu tenho! MARCELINE!)

    O som do despertador tocava alto. Foi só a merda de um pesadelo.

     Ela olhava para o teto agora, já tinha 15 anos, tudo tinha passado. Desligou o despertador e se sentou em sua cama, encarando o espelho em seu quarto, o cabelo liso e preto em um rabo de cavalo, a cara de sono.

    - Bom dia, Wally.- Disse para o ursinho que dormia junto a ela. Naquela cama de solteiro lotada de travesseiros.

    Ela encarou o quarto, era aquele momento que o cérebro ainda estava raciocinando. Encarou os tênis que estavam no pé da mesa, a mesa com o notebook, a penteadeira com maquiagens, a parede lilás, os livros numa prateleira, os posters de filmes e bandas. Apenas respirou fundo e se levantou, indo ao banheiro para lavar o rosto.

    Aquela água gelada, os olhos fechados, a sensação de sempre ser observada.

    (MARCELINE! EU PRECISO DE VOCÊ!)

    ... não parecia a voz do seu pai... mas ela só secou o rosto, as memórias estavam emboladas. Parecia a voz do...

    - Ah! Mike! Quantas vezes já disse pra você não entrar no meu quarto?!

    - Mamãe mandou você ir comer.- Disse sorrindo, era uma criança de 6 anos muito pequena.

    - Tô indo já... já tá pronto pra aula?

    - Sim! Quero ver meus amigos.

    - Você tem amigos?

    - Sim, claro! Tem o Kevin, o Ezra, o Logan, Lilá...

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