capítulo V- Cortes pela nevoa

41 6 149
                                    

    - Isso é uma péssima ideia!- Dorothy dizia enquanto andavam no meio da noite, entre trovões e relâmpagos, sem chuva ainda- Tony, a gente quase foi morta num vilarejo de desconhecidos e você vai pedir informação em outra casa de desconhecidos?! E isso no meio do mato! Concorda, Marcy?

    Marcy era a última da fileira, Dot estava logo atrás de Anthony, esse que guiava todos com um lampião, uma bolsa de carteiro no ombro e Mike dormindo em suas costas. Marcy estava com os braços cruzados e o queixo tremia um pouco, tinha pouco costume com frio e com tempo de chuva, honestamente, tinha medo de tempestades.

    - Sei lá, só sei que o tempo tá fechando, tá de noite e eu tô ficando com frio. Se começar a chover a gente vai ficar doente.

    - Anthony, isso é uma péssima ideia!

    Anthony, ainda com Mike dormindo nas costas, parou colocou o lampião no chão e se abaixou, e esperou até todos fazerem o mesmo. As meninas se intreolharam e se sentaram no chão também.

    - Olha, a gente vai lá, pede informação e fica tudo certo.- Ele dizia enquanto mexia na bolsa que carregava- a gente tá perdido, Dot. Se não tivemos pelo menos uma luz não vamos ter nem noção de onde estamos indo.

    - E perguntar pra uma casa isolada no meio do nada é boa ideia?

    - Não é perfeita, mas se tá isolada então é porque discorda das pessoas do vilarejo. Toma, Marcy.- Ele entregou algo que parecia um bando de tecido preto.

    - O que é isso?- Marcy perguntou abrindo o tecido que estava dobrado.

    - Uma capa, ajuda no frio. Não é igual um casaco mas é o que tem pra hoje.

    - Ah... nossa, Anthony, muito obrigada.- Ela disse com um sorriso doce, logo depois colocou. A capa era totalmente preta e tinha botões dourados, esquentava um pouco, o tecido era grosso, batia até os joelhos.

    - Que cena linda!- Dot disse- Mas já pensou que essa casa pode estar isolada porque as pessoas não queriam aquela pessoa por perto?!- Anthony revirou os olhos, colocou a bolsa no ombro, pegou o lampião e voltou a andar segurando um dos pés de Mike pra não deixá-lo cair- Tony! Não tá me ouvindo?!

    - Só cerca de meio quilômetro... quanto menos você falar, mais rápido a gente chega.

    - Ei,- Marcy disse encostando- deixa que eu carrego a bolsa, você já tá com o lampião e a criança.

    - Não precisa, eu tenho irmão mais novo, Marcy, já fiz muito isso.

    - Sério? O que aconteceu com eles?... se você quiser falar, é claro.

    - Sumiu junto com o resto da família... É estranho de falar.

    O dia que tudo aconteceu, Anthony lembrava como se fosse ontem, apesar de já ter se passado uns 2 anos.

     Anthony desenhava alguns pássaros na parte de carga da carroça, seu pai, Sebastian, e seu irmão mais velho, Wallace, estavam guiando a carroça até em casa. O sol já estava se pondo, só queria chegar em casa e jantar.

    - Pai, já estamos chagando?- Anthony perguntou, os cabelos e os olhos escuros que havia puxado da mãe, ainda com 15 anos, não era forte, os cabelos lisos eram mais curtos, não era muito diferente dele mais velho, só a altura e o físico, já que com 17 Anthony já era bem mais forte e com os cabelos sempre caindo no olho.

    - Já.- Seu pai, um homem sério, loiro, olhos claros, um bigode grosso, não falava muito, mas ensinava para Anthony e o irmão tudo que sabia. No momento voltavam de uma pescaria.

jardim das almas Onde histórias criam vida. Descubra agora