Trégua

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No outro dia pela manhã, acordei cedo, fiz um momento de respiração e lembrei que Alfonso não estava bem na noite anterior, então decidi ve-lo, para minha surpresa quando entrei no quarto ele estava lendo um dos meus livros, eu o encarei confusa.

Alfonso: Desculpa - fechei o livro - acordei cedo e como não posso me levantar sozinho a única coisa que encontrei ao meu alcance foi esse livro!

Anahí: Tudo bem! - me aproximei colocando a mão em sua testa - está melhor? A febre já passou!

Alfonso: Estou sim, ainda com dor mas bem menos que ontem! - sorri leve

Anahí: Que bom! Vou te dar os comprimidos e fazer nosso café! Tô faminta- digo em direção a porta

Alfonso: Any - ela se vira - posso te acompanhar? - ela arquea uma das sobrancelhas - eu não aguento mais ficar aqui deitado! - ela sorri negando com a cabeça e vem na minha direção

Ajudo ele a sentar na cadeira e empurro até a cozinha, lhe dou os comprimidos e começo a preparar o café, ainda estou de pijama (shorts soltinho e blusinha de alça) percebo ele me acompanhar com o olhar, até que me incomodo- o que tanto olha?

Alfonso: Nada! - desperto do meu pensamento - estava aqui pensando, quantos anos você mora sozinha?

Anahí: Nesse apartamento? Fazem três anos, morei 2 em outro menor e antes morava em uma república com outras meninas, éramos em 4! - me viro para ele - porque a pergunta?

Alfonso: Queria saber quantos anos está nessa caverna - ela ri

Anahí: Quando vim do interior, vim para estudar, comecei estagiar na revista e dividia o Ap com as meninas, depois fui subindo de cargo e de Apartamento também! - ele sorri e eu também - Eu gosto da paz da solitude, apesar de as vezes sentir a solidão - falei demais denovo

Alfonso: eu imagino! - acredita que nunca morei sozinho? - ela me encara

Anahí: como assim?

Alfonso: Sempre morei com meus pais, quando não estava viajando e sempre encontrava pessoas para dividir quarto, hostel, repúblicas e pousadas , agora que voltei estou morando sozinho, é minha primeira vez!

Anahí: E a Dulce? - respiro fundo e vejo ele sorrir malicioso - Desculpa, se não quiser responder eu entendo.

Alfonso: não tenho problema em responder, ela me convidou para morar com ela quando cheguei, até cogitei a idéia mas depois, pensei que seria um problema se ela arrumasse um namorado ou eu uma namorada e não queria clima entre nós!

Anahí: Sim, seria possível caso acontecesse! - continuo preparando o café e ele me observando - E a convivência com seus pais? Sempre foi ruim? - vejo ele serrar o olhar

Alfonso: não, não foi sempre ruim! Começou na minha adolescência quando meu pai percebeu que eu não iria seguir os meus irmãos e ele - sorrio- ele simplesmente se transformou em alguém que eu não reconheço, sempre brigas, discussões, querendo impor a vontade dele e eu simplesmente não queria! Minha mãe é essa pessoa que você conheceu, sempre amorosa, educada, me apoia mas nunca bateu de frente com meu pai, com a maior idade as brigas se intensificaram e mesmo contrariando os dois, saí pelo mundo.

Anahí: Entendi! E seu pai ficou assim, tranquilo?

Alfonso: Que nada, ele me tirou tudo, sem dinheiro e se eu quiser tenho que trabalhar na empresa dele, então resolvi me virar sozinho, ele se surpreendeu, achou que eu voltaria em poucos meses voltei depois de anos!

Anahí: poxa, eu admiro sua coragem! E que bom que conseguiu! Mesmo sem ajuda dele.

Alfonso: É bem satisfatória essa parte! Mas e você? Porque saiu de casa?

Tropeçando No AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora