CAPÍTULO CINCO
– Ai, meu Deus.
Tum.
– Ai, meu Deus.
Tum, tum.
Eu sacolejava na cama com o ímpeto de suas metidas. Ele se impeliu contra mim com uma força inabalável, dando-me exatamente o que eu podia aguentar, empurrando-me só um pouquinho para além da beirada. Me fitou, duro, disparando um sorriso de quem sabia. Fechei os olhos e me permiti sentir o quão profundamente estava sendo afetado. E era muito profundamente.
Pegou minhas mãos e as ergueu na direção da cabeceira, acima da minha cabeça.
– Acredite, você vai querer se segurar firme agora – ele sussurrou, colocando uma de minhas pernas sobre seu ombro e mudando o ritmo de seus quadris.
– Yibo! – guinchei, começando a sentir espasmos no corpo. Seus olhos, aqueles malditos olhos âmbar , se fixaram nos meus enquanto eu palpitava em torno dele. – Hummmm, Yibo! – gritei de novo. E acordei… com os braços sobre a cabeça, as mãos agarrando firmemente a cabeceira.
Fechei os olhos por um momento e fiz força para descerrar os dedos. Quando olhei de novo, vi pontos brancos em minhas mãos, tão apertadas estavam.
Sentei com dificuldade. Estava coberto de suor e ofegava. Ofegava de verdade. Os lençóis formavam uma bola no pé da cama, com Clive soterrado, só o focinho aflorando.
– Clive, você está se escondendo?
– Miau! – foi a resposta zangada, e uma carinha se seguiu ao focinho.
– Pode sair, seu bobo. Papai não vai mais gritar. Acho. – Dei risada e passei os dedos pelo meu cabelo desgrenhado.
Havia charmosamente suado no pijama inteiro, então me levantei e fiquei diante do ar-condicionado, me refrescando e começando a me acalmar.
– Essa foi por pouco, hein, O? – gracejei, pressionando uma perna contra a outra e sentindo um incômodo nada desagradável entre as coxas.
Desde a noite em que nos conhecemos, eu não parava de sonhar com Yibo. Não que quisesse – não queria mesmo –, mas meu subconsciente havia tomado o controle e fazia loucuras com ele durante a noite. Meu corpo e meu cérebro tinham se separado: o cérebro sabia bem; o Pequeno Xiao Zhan tinha suas dúvidas…
Clive se desvencilhou de mim e correu rumo à cozinha para sua dança habitual ao redor da tigela.
– Eu sei, eu sei, sossega aí – resmunguei enquanto ele roçava em meus tornozelos. Despejei uma colher de ração na tigela e fiz café. Me debrucei sobre o balcão e tentei me recompor. Ainda ofegava um pouco.
Aquele sonho tinha sido… intenso, digamos assim. Pensei de novo em seu corpo curvado sobre o meu, uma pérola de suor escorregando de seu nariz e tombando em meu peito. Ele se abaixava e passava a língua na minha barriga, em direção aos mamilos, e depois…
O apito da cafeteira!O sr. Café me trouxe de volta de meus devaneios atrevidos, e eu fiquei grato. Podia sentir que estava ficando excitado outra vez.
Será que isso vai ser um problema?
Enchi uma xícara de café, descasquei uma banana e olhei pela janela. Ignorei a vontade de massagear a banana e a meti na boca. Oh, meu Deus do céu… A coisa se dirigiu para o sul rapidamente. E, por “sul”, eu quero dizer…
Dei um tapa na minha cara e me forcei a pensar em algo que não fosse o galinha com quem atualmente partilhava uma parede. Coisas insignificantes. Coisas inócuas.
Cachorrinhos… Dar de quatro.
Sorvete de casquinha… Lamber a casquinha dele e duas bolas.
Brincadeiras de criança… Hum, será que eu quero seguir o mestre Yibo? Ok, chega!
Você não está nem tentando mais!
Debaixo do chuveiro, cantei o hino dos Estados Unidos várias vezes seguidas para impedir que minhas mãos fizessem outra coisa senão ensaboar. Precisava ter em mente o idiota que ele era – e não como ficava vestindo apenas um lençol e um sorriso. Fechei os olhos e me inclinei para o jato de água, relembrando aquela noite. Quando parei de encará-lo – ou melhor, de encarar o que se encontrava embaixo do lençol –, abri a boca para falar:
– Escuta aqui, cara, você faz ideia do barulho que estão fazendo? Eu preciso dormir! Se eu tiver que ouvir você e seu harém batendo na minha parede por mais uma noite, aliás, por mais um minuto, vou perder o juízo!
Berrei para aliviar toda a tensão que teria sido, poderia ter sido, deveria ter sido descarregada à maneira Clooney.
– Calma aí. Não pode ser tão grave assim. Essas paredes são bem grossas. – Ele sorriu e bateu o punho na moldura da porta, tentando fazer um charme. Obviamente, estava acostumado a conseguir o que queria. Com abdominais como aqueles, eu podia entender por quê.
Balancei a cabeça para recuperar o foco.
– Você está maluco? Essas paredes são mais ocas que sua cabeça. Eu ouço tudo! Cada palmada, cada miado, cada risadinha, já deu! Essa putaria acaba agora! – rugi, sentindo o rosto queimar de raiva. Cheguei a fazer aspas com as mãos para enfatizar as palmadas, os miados e as risadinhas.
Quando mencionei seu harém, ele deixou o charme de lado e tomou uma postura agressiva.
– Ei, ei, já chega! – contra-atacou.
– O que eu faço na minha casa é problema meu. Sinto muito se te incomodei, mas você não pode bater aqui no meio da madrugada e me dizer o que posso e o que não posso fazer. Você não me vê atravessando o corredor e batendo na sua porta.
– Não, você já bate na minha maldita parede! Nós dividimos uma das paredes do quarto. E você fica bem em cima de mim quando estou tentando dormir. Tenha um mínimo de educação.
– E por que você me ouve mas eu não te ouço? Ah, porque não tem ninguém batendo no seu lado da parede…
Ele deu um sorrisinho insolente, e eu senti o sangue se esvair do meu rosto. Cruzei firmemente os braços sobre o peito e, quando olhei para baixo, me toquei do que estava vestindo.
Baby-doll cor-de-rosa. Que maneira de demonstrar credibilidade. Ótima hora pra mostrar que sou um ômega masculino que ama lingerie! Argh!!!!
Enquanto eu soltava fumaça, seu olhar percorreu meu baby-doll, detendo-se descaradamente na renda e no meu quadril, que oscilava conforme eu batia o pé irritadamente no chão.
Seus olhos finalmente voltaram para cima e, ao encontrarem os meus, não se desviaram. Então, aquele dourado cintilou, e ele me deu uma piscada.
Vi tudo vermelho.
– Ahhh! – exclamei e voei para o meu apartamento.
Agora, mortificado, deixei que a água lavasse minha frustração. Não o tinha visto desde então, mas e se tivesse? Bati a cabeça contra os azulejos.
Quando abri a porta da frente, quarenta e cinco minutos depois, lancei um adeus para Clive por cima do ombro e rezei silenciosamente para que não houvesse qualquer um do harém no corredor. Tudo deserto.
Coloquei meus óculos escuros ao atravessar a porta do prédio, mal reparando no Land Rover. E, por “mal”, eu quero dizer que mal pensei em Yibo abaixando a minha calça enquanto eu estava no banco do passageiro e…
Xiao Zhan !
Ok, talvez eu tivesse um problema. Naquela mesma tarde, a cabeça de Jillian surgiu na porta do meu escritório.
– Toc, toc – ela disse, sorrindo.
– Oi! E aí, tudo bem? – Eu me recostei na cadeira.
– Me pergunte sobre a casa em Sausalito.
– Ei, Jillian, e a casa em Sausalito? – obedeci, revirando os olhos.
– Terminada – ela sussurrou e jogou os braços para cima.
– Mentira! – sussurrei de volta.
– Totalmente, completamente, absolutamente terminada! – Ela soltou um gritinho e sentou na cadeira de visita.
Também comemorei com um gritinho.
– Isso sim é uma boa notícia. Precisamos celebrar. – Abri uma gaveta.
– Xiao Zhan , se você tirar daí uma garrafa de uísque, vou ter que consultar o RH – ela advertiu e abriu um sorriso.
– Em primeiro lugar, você é o RH. Em segundo, é claro que não tem uma garrafa de uísque na minha gaveta. Obviamente, o uísque está num frasquinho amarrado na minha coxa. – Sorri e mostrei dois pirulitos.
– Boa. De melancia, ainda por cima. Meu favorito – ela disse, e nós desembrulhamos e começamos a chupar.
– Bem, me conte tudo – incitei.
Eu me consultei algumas vezes com Jillian enquanto ela escolhia os toques finais da casa que reformara com Benjamin; era o tipo de casa com a qual eu sonhava havia anos. Como Jillian, seria calorosa, convidativa, elegante e cheia de luz.
Falamos de trabalho por um tempo, e depois ela me deixou voltar às minhas coisas.
– A propósito, festa de inauguração no próximo fim de semana. Leve as suas pipocas
– ela falou a caminho da porta.
– Você disse pipocas?
Eu achei ter ouvido C no lugar de P. Meu Deus, o que há comigo.
– Acho que sim. Vocês topam?
– Parece ótimo. Podemos levar alguma coisa? E podemos ficar secando seu noivo?
– Não se atrevam. E eu não esperaria outra coisa de vocês – Jillian replicou.
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Amor entre as paredes ( pt Um
Fanfiction"A primeira noite do ômega Xiao Zhan em seu novo apartamento é uma promessa de que dias e noites agitados virão. Ele não poderia imaginar que dividiria a fina parede do seu quarto com um alfa capaz de deixar uma pessoa completamente maluca na cama...