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CAPÍTULO ONZE
Acordei poucas horas mais tarde, sobressaltado pelo calor do corpo a meu lado, definitivamente maior do que o gato que habitualmente se aninhava a mim. Cautelosamente me afastei de Yibo para poder observá-lo. E eu podia observá-lo perfeitamente, já que o abajur – assim como todas as outras luzes do apartamento – continuava brilhando na noite, combatendo os demônios daquele filme horrível.
Esfreguei os olhos e examinei meu parceiro de cama: deitado de costas, os braços dobrados como se eu ainda repousasse sobre eles. Pensei em como havia sido bom ficar de conchinha com Yibo.
Só que eu não devia ficar de conchinha com Yibo. Cérebro sabia disso. Nervos estavam de acordo. Aquela era uma encosta muito, muito escorregadia. Imagens nada inocentes de um Yibo escorregadio sendo escalado por mim tomaram minha mente, mas as afastei. Desviei o olhar e notei a manta incrivelmente maravilhosa enrolada em suas pernas – e nas minhas.
Tinha sido de sua mãe. Meu coração se despedaçava cada vez que eu lembrava a sua voz doce, tímida, partilhando aquilo comigo. Ele não fazia ideia de que eu havia conversado com Jillian sobre seu passado, de que sabia da morte de seus pais. A ideia de que Yibo ainda se apegava à manta afegã de sua mãe era inexoravelmente doce, e mais uma vez meu coração se fez em pedaços.
Eu era próximo de meus pais. Eles ainda viviam na mesma casa em que cresci, numa cidadezinha do sul da Califórnia. Eram pais maravilhosos, e eu os via sempre que podia, ou seja, nos feriados e um ou outro fim de semana. Como alguém com vinte e poucos, curtia minha independência. Mas meus pais estavam lá para mim quando eu precisava, sempre. O pensamento de que, um dia, eu vagaria por esta terra sem minha âncora, sem sua orientação, me fez estremecer – não podia sequer imaginar perder ambos sendo uma criança de dezoito anos.
Me deixava tranquilo o fato de Yibo aparentemente ter bons amigos e um guardião tão poderoso quanto Benjamin. Entretanto, por mais próximos que amigos e amantes possam ser, há algo de especial em pertencer completamente a quem nos deu nossas raízes – e, muitas vezes, é dessas raízes que precisamos quando o mundo está contra nós.
Yibo se mexeu levemente, e eu o observei de novo. Ele murmurou algo que não compreendi – mas que soou como almôndegas. Sorri e permiti que meus dedos  deslizassem pela seda macia e desgrenhada que eram seus cabelos.
Céus, suas almôndegas…
Minha mão permaneceu em seu cabelo, e meu espírito vagou por um mundo em que almôndegas choviam infinitamente e as tortas duravam dias. Abri um sorriso. O sono começou a retornar, e voltei à conchinha. Ao sentir o conforto que somente os braços quentes de um alfa podem proporcionar, um pequeno alarme disparou em minha mente e me advertiu de não chegar perto demais. Precisava ser cuidadoso.
Era óbvio: estávamos divinamente atraídos um pelo outro, e, em outro espaço, em outro tempo, o sexo seria em todos os espaços, o tempo todo. Porém, ele tinha seu harém, e eu, meu jejum, sem mencionar que eu não tinha meu O. Continuaríamos amigos, portanto.
Amigos que dividiam bolas de carne. Amigos que faziam conchinha. Amigos que iriam a Tahoe muito em breve.
Imaginei Yibo de molho numa jacuzzi e, ao fundo, o lago Tahoe estendido em toda sua glória. Qual das duas visões era mais gloriosa? Logo saberíamos. Me aconcheguei para dormir. Despertei ligeiramente quando Yibo me puxou um pouquinho mais para perto.
E, embora não tenha sido mais do que um sussurro, escutei. Ele suspirou meu nome.
Sorri conforme adentrava o mundo dos sonhos.
Na manhã seguinte, senti cutucadas persistentes no ombro esquerdo. Tentei repeli-las, sem sucesso.
– Para com isso, Clive, seu idiota – resmunguei, escondendo a cabeça sob as cobertas. Sabia que ele não pararia até que eu o alimentasse. Esse era governado pelo estômago. Aí, ouvi uma inequívoca risada humana – era abafada e definitivamente não era Clive.
Meus olhos se arregalaram, e a noite anterior atravessou minha mente num raio: o terror, a torta, a conchinha. Explorei a cama com o pé direito, deslizando-o pelo lençol e topei com algo morno e peludo. Embora estivesse mais convicta do que nunca de que não se tratava de Clive, cutuquei-o com os dedos, subindo devagarinho até escutar outra risada.
– Trepador de paredes? – murmurei, não querendo me virar. Como era de se esperar, eu estava esparramado diagonalmente na cama, cabeça de um lado, pés praticamente do outro.
– Primeiro e único – uma voz deliciosa sussurrou em meu ouvido.
Meus dedos do pé e o Pequeno Xiao Zhan  se contorceram. Merda. Rolei de costas para avaliar o estrago. Yibo estava encolhido no único canto que meu corpo permitia. Meus costumes de dividir a cama não haviam evoluído em nada.
– Você sabe ocupar uma cama, não resta dúvida – ele falou, sorrindo para mim debaixo do pedacinho de manta que lhe sobrara. – Se fizermos isso de novo, haverá algumas regras de ocupação do terreno.
– Isso não vai acontecer de novo. Foi uma reação ao filme horrível que você nos infligiu. Acabaram as conchinhas – falei com firmeza, imaginando o quão pavoroso estava meu hálito. Pus a mão em frente à boca, soprei e dei uma fungada.
– Rosas? – Yibo ironizou.
– Óbvio.
Olhei para ele, perfeitamente amarrotado e na minha cama. Yibo sorriu aquele sorriso, e eu suspirei. Permiti a mim mesmo me perder momentaneamente em uma fantasia na qual era abruptamente virada e devorado até quase morrer, mas sabiamente tomei o controle do vadio em mim.
– E se você ficar com medo esta noite? – Yibo perguntou enquanto eu sentava e me espreguiçava.
– Não vou ficar.
– E se eu ficar?
– Vê se cresce, gracinha. Vamos fazer café, e depois preciso ir trabalhar. – Golpeei-o com meu travesseiro.
Ele escorregou para fora da manta, teve o cuidado de dobrá-la e a levou consigo para a cozinha, pousando-a gentilmente sobre a mesa. Sorri ao lembrar que Yibo tinha falado meu nome durante a noite. Eu daria tudo para saber o que estava se passando em sua cabeça.
Nos deslocamos pela cozinha com silenciosa economia de passos, moendo grãos, medindo o café, vertendo água. Pus o açúcar e o creme no balcão, ele descascou e fatiou uma banana. Despejei granola para nós dois, ele acrescentou o leite e a banana. Em poucos minutos, estávamos sentados lado a lado e tomávamos café da manhã como se fizéssemos aquilo havia anos. Nossa espontaneidade me intrigou. E me preocupou.
– Planos para hoje? – perguntei, raspando minha tigela.
– Preciso passar na redação do Chronicle.
– Está trabalhando pro jornal? – perguntei, eu mesma espantado com o grau de interesse que detectei em minha voz. Será que ele ficaria na cidade por um tempo? Por que eu estava preocupado? Merda.
– Uma matéria sobre refúgios na área da baía. Escapadas de fim de semana, esse tipo de coisa. Vai me tomar uns dias – ele respondeu com a boca cheia de banana.
– Quando você vai? – perguntei tentando não parecer ansioso demais e observei as uvas-passas na tigela.
– Semana que vem. Vou na terça – Yibo disse, e imediatamente senti uma indisposição no estômago. Na próxima semana, viajaríamos para Tahoe. Por que diabo meu estômago se importava tanto com o fato de que ele não iria?
– Entendi – comentei, novamente fascinado pelas passas.
– Mas volto antes de Tahoe. Estava pensando em ir de carro direto pra lá quando terminasse de fotografar – ele falou enquanto me olhava por cima da sua xícara.
– Ah, legal – respondi baixinho, e meu estômago começou a quicar para todo lado.
– Quando vocês viajam, afinal de contas?
– Yibo perguntou, e agora era ele quem examinava sua própria tigela.
– As meninas vão com Neil e Ryan na terça, mas eu tenho que trabalhar até o meio-dia de sexta, pelo menos. Vou alugar um carro e sair daqui à tarde.
– Não. Passo por aqui pra te pegar – ele ofereceu, e eu concordei, sem dizer uma palavra.
Com isso, terminamos nosso café e observamos Clive perseguindo uma bola de pelo ao redor da mesa, para lá e para cá. Não falamos muito, mas, sempre que nossos olhos se encontravam, nós dois sorríamos.

Mensagens entre Mimi e Sophia:
Você sabia que Xiao Zhan  está trabalhando com James?
Que James?
James Brown, óbvio. Quem mais?
NÃO! Que história é essa?
Lembra que ele falou de um cliente novo? Só esqueceu de contar quem era.
Nossa, ele vai apanhar tanto. Ai dele se falar que não vai pra Tahoe. Ryan te contou que vai levar o violão?
Sim, ele falou que você quer fazer uma porra de um karaokê.
Falou, é?
Haha. Achei que seria legal.

Mensagens entre Neil e Mimi:
Oi, Baixinha, o boliche de hoje com Ryan e Sophia ainda está de pé?
Claro, e acho bom você caprichar. Sophia e eu somos craques.
Sophia sabe jogar boliche? Uau.
Por que uau?
Só não esperava que ela soubesse jogar. A gente se vê à noite.


Mensagens entre Neil e Yibo.
Vai mesmo viajar com a gente neste fim de semana?
Sim, mas vou um pouco depois, tenho que fotografar.
Quando?
Lá pela sexta à noite. Vou passar na cidade antes.
Por que caralho você tem que voltar até San Francisco? As fotos são em Carmel, não?
Tenho que pegar umas coisas pro fim de semana.
Cara, já leva suas coisas e vai pra Tahoe.
Sim, mas vou passar pra pegar Xiao Zhan .

Já entendi.
Você não entendeu nada.
Entendi tudo.
Tem certeza, Grandão? E Sophia?
Sophia?
Por que todo mundo fica me perguntando sobre Sophia? Vejo vocês em Tahoe.

Mensagens entre Mimi e Xiao Zhan:
Você tem algumas explicações a dar…
O que foi que eu fiz?
Posso saber por que não me contou sobre seu novo cliente?
Xiao Zhan , não me ignore!
XIAO ZHAN!
Ah, relaxa! É exatamente por isso que eu NÃO contei.
Xiao Zhan , essas são novidades das quais eu obviamente deveria ter sido informada!
Escuta, eu posso lidar com isso, tá? Ele é um cliente, nada além disso. E vai gastar uma quantidade obscena de dinheiro nesse projeto.
Eu sinceramente estou me lixando para o quanto ele vai gastar. Não quero você trabalhando com ele.
Se liga! Eu trabalho com quem eu quiser! Está tudo sob controle.
Veremos… Ouvi um rumor de que você vai pra Tahoe com o Trepador de Paredes, é isso mesmo?
Uau, mudança de assunto. Sim, vou com ele.
Muito bem. Peguem o caminho mais longo.
O que você quer dizer?
Mimi? Está aí? Porra, Mimi! Alô???


Mensagens entre Xiao Zhan  e Yibo:
Trepador de Paredes… Apareça, Trepador de Paredes.
O Trepador de Paredes não está, só o exorcista.
Não tem a menor graça.
E aí?
Que horas você vem me buscar, gatinho?
Devo estar de volta lá pelo meio -dia. Se você sair do trabalho por aí, a gente evita o horário de pico.
Já avisei Jillian que vou tirar metade do dia de folga. Onde você está agora?
Em Carmel, num penhasco com vista pro oceano.
Rapaz, você é um romântico não assumido…
Sou um fotógrafo. Além disso, pensei que você fosse o romântico.
Já disse, sou um romântico prático.
Bem, na prática, até você apreciaria esta vista: ondas quebrando, sol se pondo, demais.
Você está sozinho?
Sim.
Aposto que preferia não estar.
Você não faz ideia.
Seu molenga.
Não tem nada de molenga em mim, Xiao Zhan .
Começou…
Xiao Zhan ?
Sim?
Te vejo amanhã.
Tá.

Mensagens entre Xiao Zhan  e Sophia:
Me passa o endereço da casa de novo pra eu colocar no GPS, gatinha?
Não.
Não?
Não até você me contar POR QUE ESTÁ ESCONDENDO JAMES BROWN.
Meu Deus, é como ter duas mães…
Isto não é sobre sentar direito ou comer mais legumes, mas a gente precisa ter uma conversinha sobre sua postura.
Inacreditável.
Sério, Xiao Zhan , a gente se preocupa. Sério, Sophia, eu sei. Endereço, por favor?
Vou pensar no seu caso. Não vou pedir de novo.
Vai, sim. Você quer ver Yibo naquela jacuzzi. Não minta pra mim.
Te odeio…

Mensagens entre Yibo e Xiao Zhan :
Já saiu do trabalho?
Sim. Em casa, esperando você.
Hum, que imagem bacana…
Prepare-se, estou tirando o pão do forno.
Não me provoque, Xiao Zhan…
Abobrinha? Cranberry e laranja.
Hummmm…
Jamais alguém fez preliminares de pão melhor do que você.
Ah… Quando você chega aqui?
Não. Consigo. Escrever. Direito.
Podemos ter uma conversa sem que você aja como um adolescente de 12 anos?
Desculpe. Estarei aí em 30 minutos.
Perfeito. Assim dá tempo de esfriar os docinhos.
Como?
Ah, não falei? Também fiz rolinhos de canela.
Estarei aí em 20 minutos.
                   ***

– Não vou ouvir isso.
– Até parece. O carro é meu. O motorista escolhe a música.
– Na verdade, não. O passageiro sempre escolhe a música. É uma compensação por renunciar aos privilégios de dirigir.
– Xiao Zhan , você nem tem um carro, como poderia ter privilégios de dirigir?
– Exato, portanto a gente vai ouvir o que eu escolher – teimei. Peguei o iPod e rolei até encontrar algo que achei que agradaria a ambos.
– Boa – ele admitiu, e cantarolamos a letra juntos.
A viagem tinha sido ótima até então. Quando vi – ou melhor, ouvi  – Yibo pela primeira vez, jamais poderia ter adivinhado, mas ele estava rapidamente se tornando uma das minhas pessoas favoritas. Eu estava totalmente errado quanto a ele.
Olhei-o de soslaio: cantarolando a música, batucando no volante. Enquanto se concentrava na estrada, aproveitei para catalogar algumas de suas características mais arrebatadoras.
Queixo? Forte.
Cabelo? castanho e bagunçado.
Lábios? Lambíveis mas com cara de solitários. Talvez eu devesse averiguar, fazer uma inspeção linguística…
Sentei em cima das mãos para não correr o risco de me lançar por cima do câmbio. Ele continuava cantarolando e batucando.
– O que foi, Ômega  do Baby-Doll? Você está um pouco vermelho. Mais ar? – Ele ligou o ar-condicionado.
– Não, estou bem – respondi com uma voz ridícula.
Yibo olhou para mim de um jeito estranho, mas logo voltou ao seu batuque.
– Acho que está na hora de atacarmos aquele pão de cranberry e laranja, hein? – ele disse uns minutos depois, enquanto eu fantasiava sobre o malabarismo que precisaria fazer para sentar em seu colo sem que o carro perdesse velocidade.
– É pra já! – berrei, mergulhando no banco traseiro e surpreendendo a nós dois. Fiquei com as pernas para o ar e a bunda em evidência. Atrás do banco, segurei o rosto com as duas mãos; pude sentir o quão vermelhas estavam minhas bochechas e me dei um tapa para recuperar a dignidade.
– Está aí um belo traseiro! – Ele suspirou e encostou a cabeça em minha bunda como se ela fosse um travesseiro.
– Ei, bundão. Presta atenção na estrada, não na minha poupança. Ou não vai ganhar pão. – Dei uma bundada em sua cabeça e chicoteei quando ele ziguezagueou o carro.
– Xiao Zhan , você precisa se controlar aí atrás, ou serei obrigado a parar no acostamento.
– Ah, cala a boca. Aqui está seu maldito pão. – De um jeito nada elegante, rastejei de volta ao meu assento e joguei o pão em Yibo.
– Está louco? Não jogue assim. E se você tivesse estragado o pão? – Yibo gritou, desembrulhando cautelosamente o papel-alumínio.
– Estou ficando preocupado com você, Yibo. Sério. – Caí na risada vendo sua luta para abrir o resto do embrulho. – Quer que eu corte um… Ou não. – Franzi a testa quando ele deu uma mordida gigante.
– Efe pedafo é meu? – ele perguntou, espalhando migalha para todo lado.
– Como você funciona na sociedade normal? – falei e balancei a cabeça. Yibo deu outra mordida monstruosa. Apenas sorriu e continuou; menos de cinco minutos depois, o pão já não existia mais.
– Você vai passar tão mal hoje à noite! Esse pão é pra ser saboreado pedaço a pedaço, e não pra ser engolido de uma vez – falei; sua única resposta foi arrotar alto e bater na barriga.
Não pude evitar uma risada.
– Você é um homem muito perturbado, Yibo.
– Mas você continua intrigado, não é mesmo? – Ele sorriu e virou seus olhos âmbar para mim.
Minha cueca se desintegrou. Juro.
– Pior que sim – admiti, sentindo meu rosto se inflamar outra vez.
– Eu sei. – Yibo deu um sorrisinho, e nós seguimos viagem.
• * *
– Ok, o desvio deve ser logo depois dessa esquina… Ei, eu lembro dessa casa! – exclamei, balançando no assento.
Já fazia um tempo desde a última vez que estivera em Tahoe; havia esquecido de como era bonito. Eu adorava aquele lugar no verão– com os esportes aquáticos e tudo mais –, mas no outono? No outono, era maravilhoso.
– Graças a Deus. Preciso mijar – Yibo gemeu, o que vinha fazendo nos últimos trinta quilômetros.
– Ninguém mandou beber aquele refrigerante tamanho família – repreendi, ainda balançando incontrolavelmente.
– Uau, é aquela? – ele perguntou quando viramos no desvio. Lanternas iluminavam o caminho até uma ampla casa de cedro de dois andares, com uma chaminé gigante que se erguia do lado esquerdo. Havia carros estacionados na entrada, e escutei música vinda do deque ao fundo.
– Parece que nossos amigos já começaram a festa – Yibo observou. Gritinhos e risadas acompanhavam a música.
– Ah, não tenho dúvida. Meu palpite é que estão bebendo desde o jantar e agora estão na jacuzzi, seminus. – Peguei minha mochila na parte de trás do carro.
– Bem, teremos que alcançá-los, certo? – Ele piscou um olho e tirou uma garrafa de licor de pêssego de sua mochila. – Achei que podíamos fazer um Sex on the beach, mesmo estando em um lago.
– Olha que interessante! Eu pensei a mesma coisa! – Tirei da minha bagagem uma garrafa idêntica.
– Sabia que você estava ansioso pra me ter dentro de você, Xiao Zhan . – Yibo gargalhou e pegou minha mochila.
– Ah, por favor, você inventaria um coquetel chamado Baby-Doll Cor-de-Rosa só pra me ter na sua boca. E não venha dizer que não – brinquei, dando-lhe uma leve cotovelada.
Ele se deteve no meio do caminho e me fitou vorazmente.
– É um convite? Sabe, eu sou um tremendo barman – falou, seus olhos brilhando na escuridão.
– Eu acredito – arquejei. O espaço entre nós crepitava com aquela tensão que estava ficando ridiculamente difícil ignorar. Respirei bem fundo. Notei que ele fez o mesmo.
– Vamos. Vamos encher a cara e começar o fim de semana. – Ele riu e, com uma ombradinha em mim, quebrou o encanto.
– Amém – murmurei e o segui pelo caminho.
Recebido pela porta aberta, Yibo largou nossas mochilas. Rumamos ao deque, onde o lago se estendeu à nossa frente, tibiamente iluminado pelas tochas que pontilhavam o cais e os caminhos que conduziam à margem. Toda a parte de trás da casa era flanqueada por pátios e deques de tijolo, e foi aí que encontramos nossos amigos.
– Xiao Zhan ! – Mimi guinchou de dentro da jacuzzi, onde ela e Ryan espirravam água um no outro. E já estávamos no alto-bêbado.
– Mimi! – guinchei de volta e olhei ao redor em busca de Sophia. Ela e Neil se achavam empoleirados no banco de pedra próximo à fogueira e assavam marshmallows. Os dois acenaram alegremente, e Neil fez um gesto pornográfico com seu espeto.
– Acho que mostrar aos nossos amigos o erro que eles cometeram vai ser mais fácil do que pensamos, colega alcoviteiro – sussurrei para Yibo, que já preparava um coquetel no bar do pátio.
– Acha que vai ser tão fácil assim? – ele sussurrou de volta, dando a seus amigos o aceno de cabeça masculino que significa “E aí, cara?” em qualquer parte do mundo.
– Com certeza! Eles já estão quase lá e nem precisaram da nossa ajuda. Agora, só precisamos apontar o que já está bem na frente do nariz dos quatro.
                 ***

Ele me passou um coquetel.
– Então, está gostoso? – Yibo perguntou e piscou um olho.
– Isto é um Sex on the beach?
– É.
Tomei um gole, espalhando o sabor pela minha boca e pela minha língua.
– Está tão gostoso quanto pensei que seria – sussurrei, engolindo uma quantidade perigosamente grande.
– Às coisas que estão bem na nossa cara – Yibo brindou, bateu seu copo no meu e deu um grande gole também.
– Às coisas que estão bem na nossa cara – repeti, nossos olhos perdidos na orla.

Maldito vodu do Trepador de Paredes.

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Amor entre as paredes ( pt UmOnde histórias criam vida. Descubra agora