[CANCELADA] Love and Hate - Clarisse La Rue

Cap. 10 - Preparativos de uma festa

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Tudo parecia estranho.

Seu corpo estava ali, ela sabia que estava mas não conseguia o ver. Era como quando viajava dentro das sombras, seu corpo estava ali, mas ao mesmo tempo não.

O tempo estava chuvoso, os trovões ressoavam perto, um arrepio desconfortável se fazendo presente em seu corpo. Ela não conseguia se mover, o sentimento de impotência martelando em seu peito, o sentimento de medo maior ainda. Estava á frente de uma cabana, conseguia sentir as luzes acesas dentro dela, vozes doces mas ao mesmo tempo irritadas vindas de lá.

O medo percorreu seu corpo assim como o total desespero ao ver uma luz vinda do mar. Parecia um lampião, e de início ela não entendeu o por que do sentimento de medo e desespero mas logo entendeu do por que seu corpo a ter avisado.

Um ser veio lentamente surgindo, segurando o lampião com a mão direita. Ele tinha uma forma esquisita, como se fosse apenas um espírito envolto em um lençol velho, sujo e esfarrapado, sua voz ainda mais horripilante que sua aparência.

- Quem é você? - a voz dele remetia lembranças de seu avô, um homem desprezível, a voz de quem fumava a mais de vinte anos era completamente igual - Tão poderosa mas tão assustada. Tão machucada. Corra, menininha antes que se machuque mais ainda.

Ele não tinha olhos, mas parecia enxergar todos os seus pecados, todos os seus medos, todos os seus pesadelos e piores sentimentos. Todos. Os. Seus. Piores. Arrependimentos.

Quando um trovão ressoou no céu os olhos de Ophelia se abriram, seus olhos pararam imediatamente no abajur a sua frente, sentia o cetim em sua pele, o cabelo esparramado na cama, um braço em sua cintura, a pele colada na sua.... pera aí... um braço na sua cintura e uma pele colada na sua?

Ophelia se manteve parada, lembrando imediatamente de que Clarisse tinha dormido na mesma cama que si. Surtou um pouco internamente quando a cacheada moveu o braço e o trocou pela mão quando virou o corpo. Se segurou para não rir quando ela sussurrou um "Não! Alinne, não!" enquanto abanava com a mão para ela sair. Parou pra escutar as palavras de Alinne, que mesmo quando não conseguindo ver ela, conseguia escutar a porta batendo e as vozes de Alinne e Victoria a fora.

- Ela tá dormindo! - Alinne falou, a voz abafada pela porta.

- A gente acorda ela! Sem problemas!

- Não! Ela falou pra mim que tá cansada e que quer dormir mais um pouco!