"Nós vamos nos vingar..."

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Samantha

Quando Sérgio e Mónica desparcem percebo que ainda fica um carro ali parado, começo a sentir um cheiro de queimado, e percebo que vem uma nuvem de fumaça da parte detrás do armazém. Os dois homens que outrora entraram ocupam os lugares no carro ali parado, mas ao contrário dos outros não iniciam a marcha, ficam ali parados. Há espera. Mas do que ?

De sombra ? Aguardo que me leve até a mala do carro mas pelo contrário, sou arrastada por ele para a escuridão da mata que rodeia o armazém. Meu deus ele irá ...?! Não posso permitir, não antes que eu dê uma chance ao meu bebé.

- não por favor, eu imploro, não me mates. Por favor. O meu bebé não tem culpa, por favor.- eu suplico já engolida pelo pânico.

- está calada cadela.- Ele cospe.

Continua a esmagar o meu braço num forte agarre, acelera o paço o que faz com que me desequilibre acasionalmente no chão irregular. Os meus pés gritam a cada passada, mas o ardor não chega para distrair o medo que sinto.
Consigo escutar um barulho que se aproxima, não do mesmo lado que Mónica e Sérgio desapareceram.
Mas são carros sem dúvida, alguém está a chegar.
Assim que chego a essa conclusão várias explosões se ouvem no ar, um barulho seco e enorme, vários, repetidos, não consigo procurar o motivo, sou jogada ao chão e prenssada pelo meu raptor.
O embate no piso humido expulsa o ar dos meus pulmões, procuro uma posição na lateral para proteger a minha barriga meio espremida entre terra, arbustos e o Sombra que me mantém esmagada no chão. Sinto algo gelado colado ao meu pescoço, não preciso de olhar para confirmar que é a faca que ele custuma carregar.

- meches-te, morres, se falares morres, se te virem, morres.- Ele sussurra ao meu ouvido.

Se me virem? Quem ? Olho através dos troncos e folhas que nos mantêm ocultos na noite, o carro que mantinha os outros capangas não está mais ali, consigo vê-lo a afastar-se perseguido por dois veículos maiores. As explosões vêem de armas entre os dois veículos, na frente do armazém começam a aparecer vários outros carros, não consigo contar quantos. São grandes e de outro tipo, as portas começam a abrir, vários homens começam a sair. Todos muito armados, vejo muitas armas. Meu deus, era este o objectivo, acabar morta por algum tipo de rival de Mónica? No fogo cruzado!?

Quatro, oito, doze, já perdi a conta a quantos homens estão ali, a apenas o quê ? Quarenta ou cinquenta metros de mim?
Se me virem morro, mas se não me virem a intenção de Mónica é que morra também. O que faço?

Alguns começam a invadir o armazém, outros circulam o edifício e formam uma barreira humana, ninguém entra ou sai daquele lugar sem que percebam. Chega a ser admirável a forma altamente organizada como de repente se posicionaram, não podem ter passado mais de cinco ou dez minutos no máximo.

No meio do alvoroço percebo que da estrada por onde os dois homens de Mónica fugiram um veículo regressa. É um destes carros, sim, sem dúvida pertence a estes homens, o carro estaciona e a porta do passageiro abre, o homem que sai é alto, moreno, não tão armado quanto os outros, mas, estranhamente familiar, como assim?

Não consigo procurar mais na mente porém, a minha atenção é direcionada ao repentino movimento da porta do condutor, outro homem sai, este não usa colete como os restantes, camisa branca, amarrotada, calças pretas, é alto, muito alto, aliás parece meio deslocado de toda a equipa, o que suscita alguma curiosidade da minha parte, procuro mais, fico frustada quando um outro homem bloqueia a minha visão para poder falar com o recém chegado.

Eu vou, prometo!Onde histórias criam vida. Descubra agora